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R$ 19.115,19 - Candidatos querem reajuste para deputados


FÁBIO ZANINI Folha de S. Paulo Após receberem reajuste na verba de gabinete e promessa de mais dinheiro para cobrir a estrutura política em seus Estados de origem, os deputados federais acompanham a eleição para presidente da Câmara de olho no item que falta no "pacote de benefícios": o aumento salarial. O reajuste nos vencimentos é tema obrigatório na campanha, tratado de maneira explícita ou cuidadosa, dependendo do candidato. Os principais concorrentes na eleição de 14 de fevereiro, os petistas Luiz Eduardo Greenhalgh (SP) e Virgílio Guimarães (MG), prometem eufesmisticamente "estudar" o assunto e "enfrentar o desafio de frente". Severino Cavalcanti (PP-PE) é mais direto: alçou o aumento dos vencimentos, hoje em R$ 12.847,20, a tema principal de sua campanha, o que consolida sua alcunha de "rei do baixo clero", como são conhecidos de forma pejorativa deputados sem muita expressão na Casa. Ele defende que os salários dos parlamentares sejam equiparados aos dos ministros do Supremo Tribunal Federal, hoje em R$ 19.115,19. "Se quisermos resgatar a independência do Parlamento, temos de oferecer condições materiais para que isso ocorra." Posição semelhante tem Greenhalgh, candidato oficial do PT e do governo: diz ser pessoalmente a favor da equiparação, mas, quando instado a se comprometer especificamente com a proposta, recua. Promete apenas abrir uma discussão sobre o tema. Segundo um deputado petista que participa da coordenação da campanha de Greenhalgh, os salários dos parlamentares estão muito depreciados com relação a valores históricos. "Nos anos 70, os deputados ganhavam o equivalente a US$ 10 mil [hoje, quase R$ 27 mil]. Houve um achatamento desde então." No PT, o tema da elevação salarial suscita um dilema. O partido tem uma postura histórica de denunciar esses aumentos, mas deputados petistas avaliam que, em um contexto de crescimento econômico, a medida pode ser mais palatável à opinião pública. Além disso, os petistas sentem mais o efeito do tal "achatamento". Eles têm de entregar ao partido 22% dos seus vencimentos brutos, a título de contribuição. A última vez que se elevou os salários foi há exatos dois anos, quando o valor era R$ 8.362. De lá para cá, acumulou-se inflação de 17,6%, medida pelo IPC-A. Apoiadores de Virgílio, que se rebelou contra a indicação de Greenhalgh pelo PT, dizem que o candidato está comprometido com a reposição dessa perda, apesar de ele publicamente apenas repetir o mantra de que "vai enfrentar o debate" depois de eleito. "Minha opinião é que o Virgílio vai fazer esse reajuste [das perdas inflacionárias]. Sobre aumento real, isso é um debate apenas para a próxima legislatura", diz João Leão (PL-BA), um dos principais coordenadores de sua campanha. Apesar de os salários estarem congelados, os deputados receberam uma série de benefícios no final de 2004. A Câmara decidiu reformar 144 apartamentos funcionais, a um custo de R$ 24 milhões. Também foi elevada em 25% a verba indenizatória, usada para manter os deputados em seus Estados. Cada um pode ter até R$ 15 mil reembolsados. Deputados que não moram nos apartamento da Câmara recebem auxílio-moradia de R$ 3.000 mensais.
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