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Senso Crítico - Decisão contra rádio Equatorial supera grandes centros

A Justiça roraimense proibiu a rádio Equatorial de mencionar o nome da prefeita Teresa Jucá. Decidiu também proibir que qualquer entrevistado ou ouvinte da rádio mencione no ar o nome de Teresa ou lhe faça referências. Música que conste "Teresa" na letra está vetada. Para a Equatorial, a prefeita não existe.

Edersen Lima, Editor Brasília - Não sei se causa mais orgulho ou admiração. A Justiça roraimense proibiu a rádio Equatorial de mencionar o nome da prefeita Teresa Jucá. Decidiu também proibir que qualquer entrevistado ou ouvinte da rádio mencione no ar o nome de Teresa. Música que conste "Teresa" na letra está vetada. Para a Equatorial, a prefeita não existe. O assunto é interessante. Teresa é um agente público (prefeita) que ocupa cargo público eletivo. Teve que pedir votos. Se elegeu com apoio de 56% dos eleitores, mas, com rejeição de 44% que preferiram outros candidatos ou nenhum. Uma rádio funciona para a coletividade. Fica com sinal aberto para 100% da população da área atingida. Se ela presta, se serve, se é boa ou ruim é o ouvinte que, de maneira mais democrática não existe, decide se quer ou não ouvir sua programação. Até quando o sistema governamental impõe que os veículos de comunicação executem os seus programas, como o horário de propaganda política ou a Voz do Brasil, o ouvinte tem total liberdade de desligar o seu aparelho. Em outras palavras: Ninguém é obrigado a ouvir programa oficial de governo e de políticos. Da mesma forma, ninguém é obrigado a ouvir críticas e opiniões que não lhes interesse. Agora, impedir que se ouça, que se conheça, que se tenha informações sobre a atuação de um agente público eleito com voto popular, que administra o bem público constituído através de impostos pagos pelo contribuinte é caminhar por qual caminho? O da Justiça? O de que é certo privar o cidadão de informações, críticas, opiniões sobre o agente público eleito por voto popular? O de não lhe permitir o direito de julgar se desliga ou não o seu rádio? Lembrando Nelson Rodrigues: "Toda unanimidade é burra". As opiniões e comentários sobre a administração de prefeita Teresa Jucá, feitos por jornalistas da rádio Equatorial são, por unanimidade de entendimento judicial, contrários ao interesse da sociedade? Repetindo: A liberdade do ouvinte de desligar o seu rádio fica aonde? O papel da imprensa não se restringe apenas a usar o direito constitucional à liberdade de expressão. Vai mais além. Muito além. Quantos crimes, injustiças sociais, ações governamentais relevantes, ações de cidadania não foram solucionados e apoiados pela imprensa? Quantos profissionais de áreas distintas do jornalismo - como a do Direito, por exemplo - apontam e cobram diariamente providências para os problemas de esgoto aberto, falta de iluminação pública, falta de médicos em postos de saúde em bairros carentes e pela correta aplicação de dinheiro público? Quantos profissionais? Vale aqui lembrar que "uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa". Dia desses, um juiz federal proibiu que a Folha de S. Paulo publicasse texto sobre um processo criminal envolvendo o filho do presidente do STJ. A repercussão foi negativa e muito desgastante, tanto que em menos de 24 horas, o juiz reviu a decisão e "liberou" a matéria. Lembrou-se com estarrecimento que depois dos anos de chumbo da censura prévia dos militares se assistiria decisão como aquela. E ainda tem gente que fala que Roraima em nada supera fatos e ações dos grandes centros.
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