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Disputas - Presidente antecipa reforma
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não quer esperar a eleição das mesas da Câmara e do Senado para mexer no ministério. Pretende antecipar a reforma ministerial para o fim de janeiro e resolver, antes do Carnaval, o problema da rearticulação da base governista no Congresso. Na próxima semana, Lula deve iniciar o cronograma de conversas para as mudanças, encontrando-se com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros.

Luiz Carlos Azedo Da equipe do Correio O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não quer esperar a eleição das mesas da Câmara e do Senado para mexer no ministério. Pretende antecipar a reforma ministerial para o fim de janeiro e resolver, antes do Carnaval, o problema da rearticulação da base governista no Congresso. Na próxima semana, Lula deve iniciar o cronograma de conversas para as mudanças, encontrando-se com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros. Na segunda-feira passada, durante reunião com a coordenação política - participaram os ministros José Dirceu, da Casa Civil; Aldo Rebelo, da Coordenação Política; Luiz Dulci, secretário-geral da Presidência; e Jaques Wagner, do Conselho de Desenvolvimento Econômico -, o presidente Lula manifestou sua preocupação com a situação da Câmara de Deputados. Disse que a candidatura de Luiz Eduardo Greenhalgh precisa ser viabilizada, para não desmoralizar a bancada do PT no Congresso e o próprio governo. Lula pretende impedir que a confusão criada na disputa pela presidência da Câmara acabe contaminando a sucessão de José Sarney na presidência da Senado. Pretende fazer a reforma com um olho na eficiência do seu governo, principalmente em áreas onde ministros vêm revelando certa incapacidade administrativa, e o outro na formação de uma maioria parlamentar estável na Câmara e no Senado. Suas dúvidas ainda são em relação à representatividade dos atuais interlocutores dos partidos junto do governo, pois não pode errar na escolha dos novos ministros. O presidente avisou aos participantes da reunião que no próximo encontro da coordenação, com a presença também dos ministros Antônio Palocci, da Fazenda, e Luiz Gushiken, da Comunicação e Gestão Estratégica, iniciará a discussão sobre as substituições, principalmente aquelas que envolvem os quadros do PT no governo. Na verdade, Lula tem quatro cargos para começar a mexer as peças do tabuleiro: o Ministério do Planejamento e o Banco do Brasil, que estão com titulares provisórios, e os ministérios das Cidades e da Previdência. A aposta mais segura de mudança ministerial, até agora, é a ida da senadora Roseana Sarney para o Ministério das Cidades, hoje comandado por Olívio Dutra. A proposta agrada a ex-governadora do Maranhão e contempla o ex-presidente Sarney, que está passando a presidência do senado para Renan Calheiros depois de longa disputa entre ambos. Além disso, abre espaço para aproximação de um setor do PFL que quer apoiar o governo. Até mesmo o senador Antônio Carlos Magalhães seria contemplado com a mudança, numa articulação que envolve também a composição das mesas do Senado e da Câmara. Outra aposta forte é a entrada do deputado Pedro Henry (PP-MT), líder do PP, no ministério. O parlamentar já foi até convidado, mas o problema é encontrar um ministério onde instalá-lo. A hipótese de que iria substituir o ministro dos Esportes, Agnelo Queiroz (PC do B-DF), hoje é improvável. Apoiado pelo grupo ruralista, Henry é uma peça importante para a rearticulação da base de sustentação do governo no Congresso e o presidente Lula vai encontrar um lugar na equipe para ele. PMDB e Ciro Por causa do posicionamento da cúpula do partido, que decidiu ir para a oposição, dificilmente o PMDB terá mais um ministério. Mas é possível o remanejamento do ministro das Comunicações, Eunício de Oliveira (PMDB-CE), para o Ministério da Integração Nacional, ou a substituição do ministro da Previdência, Almir Lando(PMDB-AC), pelo líder na Câmara, José Borba (PMDB-SC), que reforçaria a presença do partido no governo. A eleição de Renan Calheiros para presidência do Senado, de certa forma, já contempla a bancada de senadores; o problema é fortalecer a ala governista do PMDB na Câmara. Outro complicador é o ministro Ciro Gomes (PPS-CE), que não quer trocar o Ministério da Integração por nenhuma outra pasta, nem mesmo a da Previdência, um ministério grande. As maiores pressões sobre o governo, na reforma ministerial, vêm do PT. A bancada quer que o ex-presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha, passe a integrar o ministério, de preferência ocupando o lugar de Aldo Rebelo. Outra ala petista quer que Marta Suplicy substitua o ministro Olívio Dutra no Ministério das Cidade, uma forma de evitar que disputa a indicação como candidata ao governo de São Paulo com o líder do PT no Senado, senador Aloyzio Mercadante.
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