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Ex-traficante Escadinha é executado
RIO - O ex-chefe do tráfico de drogas no Morro do Juramento José Carlos dos Reis Encina, o Escadinha, de 48 anos, foi assassinado na manhã desta quinta-feira na Avenida Brasil. Ele estava num Vectra prata de sua propriedade, placa AHL-5464, quando dois homens numa motocicleta o mataram, com tiros de fuzil. Luciano da Silva Wanderley, de 30 anos, que estava com ele no carro, também foi executado.

Ana Cláudia Costa e Cristiane de Cássia - O Globo Globo Online - www.oglobo.com RIO - O ex-chefe do tráfico de drogas no Morro do Juramento José Carlos dos Reis Encina, o Escadinha, de 48 anos, foi assassinado na manhã desta quinta-feira na Avenida Brasil. Ele estava num Vectra prata de sua propriedade, placa AHL-5464, quando dois homens numa motocicleta o mataram, com tiros de fuzil. Luciano da Silva Wanderley, de 30 anos, que estava com ele no carro, também foi executado. Wanderley e Escadinha cumpriam pena em regime semi-aberto no Instituto Penal Plácido de Sá Carvalho, em Bangu. Graças a decisão judicial, os dois trabalhavam durante o dia numa cooperativa de táxi no shopping Carioca, em Vicente de Carvalho, da qual Escadinha era sócio e diretor. À noite, eles voltavam para a cadeia. O chefe de Polícia Civil, delegado Álvaro Lins, disse que Escadinha pode ter sido assassinado por integrantes da quadrilha que ele ajudou a fundar na década de 80. Segundo Lins, a polícia vem investigando Escadinha há quatro meses. Rádios de transmissão da cooperativa Líder, da qual o ex-traficante era sócio foram apreendidos com integrantes de uma facção criminosa rival, que atuava na comunidade onde ele foi chefe do tráfico no passado. Outra hipótese, segundo o chefe de Polícia, é que Escadinha tenha sido morto por vingança já que teria tido desavenças com o presidente da cooperativa de táxi. O subchefe de Polícia Civil em exercício, Paulo de Tasso, disse que a maneira como os dois foram executados, com tiros no rosto e no peito, sugere que o crime foi uma queima de arquivo. Em 2001, Escadinha deu uma entrevista ao "Fantástico", da TV Globo, dizendo que tinha um dossiê escrito, que apareceria se ele um dia fosse morto. A abordagem dos bandidos - que podiam ter a cobertura de um carro - aconteceu na pista sentido Centro da Avenida Brasil, altura de Padre Miguel, próximo ao Viaduto da Cancela Preta. Escadinha tornou-se conhecido em 1985 ao fugir de helicóptero do presídio de Ilha Grande, então considerado de segurança máxima, onde cumpria pena por tráfico de entorpecentes. Escadinha protagonizou fuga espetacular do presídio da Ilha Grande Globo Online RIO - O traficante José Carlos dos Reis Encina ficou famoso depois de protagonizar uma fuga espetacular do presídio da Ilha Grande, então considerado de segurança máxima. No último dia de 1985, um helicóptero pousou numa praia junto ao presídio. Ninguém desceu, mas um passageiro embarcou: o bandido mais temido da época, o Escadinha. A fuga foi planejada e executada por José Carlos Gregório, o Gordo - assassinado a tiros em 2001 - que alugou o helicóptero e forçou o piloto a pousar na ilha, no litoral sul do Rio. Escadinha e Gordo foram dois dos fundadores da Falange Vermelha, juntamente com Paulo Roberto de Moura Lima, o Meio-Quilo. A Falange Vermelha viria, anos depois, a dar origem ao Comando Vermelho. Escadinha foi recapturado três meses depois, baleado com três tiros, ao tentar se internar na Casa de Saúde Portugal, no Rio Comprido. O traficante havia se envolvido num tiroteio com a polícia no Morro do Juramento, em Vicente de Carvalho, onde era xerife do tráfico e para onde tinha fugido depois de deixar a Ilha Grande. Era no Morro do Juramento que moravam a sua mãe e o resto da família: mulher, três filhos e um neto. Levado do hospital novamente para a cadeia, Escadinha ficou com uma das balas alojada na coluna, o que causou uma hérnia de disco e paralisia em uma das pernas. Durante o tempo em que esteve preso em regime fechado, fez uso de uma cadeira de rodas. Condenado a 50 anos de prisão por assalto e tráfico de drogas, Escadinha passou 15 anos na cadeia, 13 deles em Bangu I, para onde foi transferido em 1988, antes mesmo da inauguração do prédio. Atualmente, cumpria pena em regime semi-aberto no Instituto Penal Plácido de Sá Carvalho, em Bangu. Ele dormia na prisão e saía diariamente para trabalhar na cooperativa Líder de táxis, que tinha ponto no Shopping Carioca, em Vicente de Carvalho. Um dos bandidos mais procurados da década de 80 no Rio, Escadinha teria chegado a comandar o tráfico em sete favelas da cidade, mas gostava de dizer que nunca havia matado ninguém e que preferir usar o poder do dinheiro ao poder da força. Desde 1999, Escadinha estava preso em regime semi-aberto. Em 2000, ele obteve autorização para visitar de 15 em 15 dias a sua família e; em 2002, ganhou o direito de sair todos os dias da cadeia, para trabalhar. À noite, era obrigado a voltar para a instituição. Ele tinha três condenações por tráfico de drogas (nove, seis e 14 anos) e uma por assalto à mão armada e formação de quadrilha (22 anos), totalizando 51 anos de pena. Encina preferia agora se apresentar como compositor de rap. Em 2000, chegou a lançar o CD "Brazil I - Fazendo justiça com a própria voz", com letras escritas por ele e cantadas por rappers famosos, como Xis, MV Bill e Câmbio Negro. Um de seus parceiros era Afro-X, do grupo paulistano 509-E, que ficou conhecido pelo relacionamento que teve com a cantora Simony, enquanto estava preso no Carandiru, em São Paulo. Em 2001, o Gordo foi assassinado em circunstância semelhante à da morte de Escadinha. Preso no regime semi-aberto do Instituto Penal Edgar Costa, em Niterói, o ex-assaltante foi perseguido e morto por dois homens numa motocicleta, na entrada da Favela Coronel Leôncio, no bairro Engenhoca, na mesma cidade. No mesmo ano, às vésperas de passar ao regime semi-aberto, Escadinha, deu uma entrevista ao "Fantástico", na qual se deixou filmar durante uma visita ao Morro do Juramento - onde comandou o tráfico nos anos 80 - beijando o filho, a mulher e a mãe. Em entrevista ao repórter Marcelo Resende, ele disse que não é "santo" e que escreveu um dossiê denunciando a ação da facção criminosa à qual perteceu e que ajudou a fundar e dos policiais que colaboram com o crime organizado. E ameaçou: "Se eu morrer, ele aparece". Fonte: Foto Arquivo/AE - site agência estado - www.estadao.com.br - http://www.estadao.com.br/agestado/noticias/2004/set/23/49.htm
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