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ORÁCULO
O MITO DA CAVERNA

O MITO DA CAVERNA

JOBIS PODOSAN

 

O mito da caverna é uma metáfora criada pelo filósofo grego Platão. A história é uma tentativa de explicar a condição de ignorância em que vivem os seres humanos, aprisionados pelos sentidos e os preconceitos que impedem o conhecimento da verdade. Era assim ao tempo de Platão (nascido em 428 a.C. e falecido em 348 a.C. (e é assim até hoje). Também conhecida como Alegoria da Caverna ou Caverna de Platão, esta história está presente na obra A República. O texto é uma série de diálogos escritos por Platão sobre o conhecimento, a linguagem e a educação para a construção de um Estado ideal (até hoje estamos atrás, infrutiferamente, desse objetivo). O personagem central desse livro é Sócrates, que nada escreveu e foi imortalizado pelo seu discípulo Platão, em obras imperecíveis.

A tentativa de salvar o homem de si mesmo é uma meta/reta infinita na trajetória desta singular espécie, que, única dotada de razão, é capaz de se assemelhar a Deus e ao mesmo tempo descer ao mais profundo e tenebroso inferno, fazendo inveja a Belzebu. Embora os humanos tenham a capacidade de cultura, quer dizer, aprender com seu passado e programar a seu futuro, usando a experiência das gerações anteriores e projetando as futuras, ainda resta indesmentida a teoria da tábula rasa (John Locke), segundo a qual cada pessoa parte do marco zero, a partir do seu nascimento, e tem de aprender tudo de novo. Embora haja vozes discrepantes dentro dessa teoria, a verdade é que as evidências de irracionalidade dentro da alegada razão do homem, não deixam dúvida de que em alguns momentos a razão universal cede à razão de um único indivíduo (Putin hoje) ou de uma classe (nazistas), que dela se apoderam e cometem todo tipo de violência que pensávamos superadas, com retorno à barbárie, matando pessoas com base numa confusa razão de estado, que deixa a todos perplexos. Como podemos admitir, neste momento, que uma potência nuclear, porque detém armas nucleares, possa ajoelhar o mundo a seus pés, enquanto massacram pessoas indefesas de modo inapelável? A razão é uma só: o medo! Está ruim, mas pode ser pior. Depois dessa experiência entre a Rússia e a Ucrânia (se houver amanhã), é preciso extinguir todos os arsenais nucleares, para defesa de todos, sob o lema: é o desarmamento que protege o todo. O presidente da Rússia, como um Nero Romano, está apenas esperando o momento de atirar bombas nucleares no mundo e ficar no Kremlin tocando sua lira enquanto o mundo pega fogo. Enquanto isto o mundo rosna, mas não morde. O medo é paralisante.

Como dizia Montesquieu quem tem o poder tende a abusar dele: "trata-se de uma experiência eterna que todo homem que possui poder é levado a dele abusar; ele vai até onde encontra limites. ... Para que não se possa abusar do poder, é preciso que, pela disposição das coisas, o poder limite o poder." Gosto desta frase que, sozinha, já valeria um livro inteiro.

Como as outras potências nucleares pararão a Rússia, que detém o maior arsenal nuclear do mundo? Os outros países não têm saída. A Ucrânia já foi soviética, porque não pode ser russa? Assim, passo a passo, Putin restaurará a antiga federação soviética, a URSS, debaixo do medo causado pela as bombas russas. A única forma de parar Putin talvez seja todas as demais potências  nucleares se unirem secretamente e atacarem o território russo de uma só vez e definitivamente, banindo os russos da face da terra e inutilizando o território russo por varias gerações. Como se pode ver, uma solução terrível! Estamos, até aí, no campo dos fatos, não havendo direito, tampouco diplomacia a discutir. nesse tema, Putin vai incendiar o mundo!

De que vale o direito diante da força bruta incontrastável? Se Putin bombardear o mundo, ele também sucumbirá, mas o pouco que restar do mundo tem uma lição grande a aprender: a força é dissolutória, mas não resolve o problema, o aumenta. Talvez os pedaços do mundo que restarem não arrasados pela guerra nuclear, possam reiniciar a trajetória humana, com uma população menor e o aprendizado de que desarmados somos mais fortes que com armas nucleares. Este é um assunto para ser discutidos na seara espiritual, porque a matéria é de escasso valor, deslocada do espírito que a anima. Por enquanto, que o Putin,  em estado espiritual bastante atrasado, sirva para nos mostrar a todos o quanto deveremos nos conscientizar da superioridade do espírito sobre a matéria,

Essa guerra da Rússia contra a Ucrânia, parece missa encomendada ou fruto de uma mente doentia, como aconteceu em Roma, sob Nero, em 18 de julho de 64 e na Alemanha em 1939, sob Hitler, para citar apenas três casos.

Basta o poder e um louco de espírito atrasado para o mundo correr perigo. Afinal de contas, vivendo o mundo uma época de paz e até de esplendor e prosperidade, quais seriam as motivações para a destruição de um pequeno país que não lhe oferece perigo algum. Será somente para destruí-lo e assistir em delírio a desgraça de pessoas inocentes? Hoje há dúvida sobre se Nero incendiou Roma ou se foi apontado como autor apenas para destruí-lo. Nero subiu “ao poder em Roma com apenas dezessete anos de idade e, desde então, conviveu com as várias artimanhas e conspirações que rondavam seu alto posto. Ao mesmo tempo em que vivia com a ameaça de seus opositores, ele ficava conhecido pelos gastos excessivos, realizava grandes orgias e promovia outras ações exageradas, que lhe atribuíram a figura de um imperador fortemente questionado”. Porém, estamos vivendo uma época que, de um lado assistimos três policiais rodoviários prenderem uma pessoa, colocá-la no fundo de uma viatura, soltar uma bomba de gás lacrimogêneo e matá-la por asfixia, à vista de todos, numa brutalidade insana e, de outro, uma coletividade inteira, em Pernambuco, se mobilizando para proteger vítimas de chuvas arrasadoras e torrenciais, tudo na mesma época! A estirpe de Caim está a solta fazendo males e se acreditando impunes, mas Abel também deixou descendentes. Os humanos estão fazendo muito mal a si mesmos, mas há também numerosos humanos do bem. O pessoal do mal, ainda tem muito a aprender. O do bem, está evoluindo para o estado de perfeição.

Apesar do conhecimento acumulado nesses milênios, a evolução dos homens não se deu de maneira uniforme, sequer próxima. Estamos vivendo uma época de grande conhecimento e de maior ignorância ainda. Estamos fabricando ídolos a torto e a direito, cada um pior do que o outro. Estamos festejando a ignorância como se ela fosse capaz de resolver os problemas do mundo. Na vida pública estamos, a cada eleição, escolhendo o pior e, para esconder a nossa má escolha, estamos inventando todo tipo de qualidade que o governante sequer ouviu falar. Elegemos o trapo e depois construímos uma fantasia com esses trapos, com vergonha da nossa escolha. A caverna, muitos séculos depois de Platão, ainda esconde o seu mito.

 


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