- 18 de junho de 2025
ACHAR O PROPRIO CAMINHO
JOBIS PODOSAN
Uma pessoa só se perde porque ainda não encontrou o próprio caminho ou porque criou na mente tantos caminhos abstratos e alternativos, que não permite encontrar o fim que persegue, até porque o fim está confuso. Quem não sabe que direção tomar não saberá jamais para onde está indo. Há pessoas que confundem o efeito com a causa. Querem ser ricos e bem sucedidos, ter tudo na vida com ideias mirabolantes. Querem ter esse efeito sem atinar com as causas. Querem, mas não empreendem as ações e, ante os obstáculos, culpam o destino, ou o azar, ou culpa alheia. Não percebem que, para alcançar a vitória, é necessário precisar o mínimo dos outros e ajudar os outros ao máximo. Só pedir ajuda quando já esgotou os meios próprios de sucesso. Essa é uma busca incessante. Nada nos vem, tudo buscamos, em função da lei da escassez, pois todo bem valioso é escasso e todos querem esses bens ou lugares, vencendo o que fizer maior esforço e cultivar a inteligência, obedecendo ao trinômio querer, empreender a ação e nela perseverar.
Todos nós temos habilidades inatas. Na minha terra natal havia um rapaz, de poucas letras, chamado Zezito, alcunhado "Cabo de Aço", devido a uma estrepolia que fez, quando rapazinho, furtando cabo aço da Petrobrás. Apanhado em flagrante, recebeu conselho do Delegado Taquari, além de umas bordoadas no lombo pela temeridade (era a época da revolução). A estrepolia se foi e Cabo de Aço, foi devidamente curado da aventura perigosa. Lição recebida e assimilada, passou a ser o guia em mil aventuras dos meninos da minha época. Desenvolveu inúmeras habilidades. Quem tinha um problema a resolver e não conseguia resolvê-lo, chamava Cabo de Aço e ele sempre dava um jeito. Era bom na caça e na pesca, jogava bola, subia em coqueiros, fazia brinquedos, colhia frutos, enfim, era um líder da meninada. Era bastante querido e os pais confiavam nele, mas suas atividades eram de baixa remuneração. Vivia então das pequenas doações que os pais lhe davam. Ele sabia fazer tudo o quem equivalia a não saber fazer nada de realmente proveitoso para formar uma vida.
O nosso destino existe, aparentemente, difuso bem a nossa frente. Há pessoas que desde cedo descobrem o caminho e a vida é uma realização permanente, o corpo não sente o esforço da caminhada, pois o espirito está leve, fazendo algo que realmente o que se gosta e realiza. Um certo garoto tinha o sonho de ser dono de posto de gasolina, como o pai. Mas este queria um destino diferente para ele. Queria-o médico. O clima ficou tenso entre ambos. Mas o pai negociou com o filho. Está certo. Façamos o seguinte: você se forma em medicina e eu, no dia da formatura, lhe dou o posto de gasolina. E o menino aquiesceu e estudou muito, formou-se em medicina, participou do baile de formatura e, no dia seguinte, entregou o diploma ao pai e pediu-lhe que entregasse a ele o posto de gasolina prometido: o senhor queria que eu me formasse em medicina. Eu me formei, conquistei o direito ao posto de gasolina. O pai, embora triste, não pode deixar de cumprir o prometido, embora acreditasse, no íntimo, que o filho, durante o curso, abrisse a mente e esquecesse a antiga promessa. Alguns anos depois o rapaz era dono de uma grande rede de postos de gasolina. Não se queixava do pai, a faculdade lhe abriu a cabeça e o ajudou a encontrar soluções razoáveis para o problema, o que aprendera na universidade lhe foi útil vida afora.
Um exemplo também enriquecedor é o do rapaz muito inteligente que entrou na faculdade de geologia e, no meio do curso, já trabalhava na Petrobrás e parecia encaminhado na vida. De repente, entendeu que aquele não era o seu caminho e fez novo vestibular para psicologia, pediu demissão da Petrobrás e atirou-se na nova carreira. Não demorou muito e descobriu que aquele também não era o caminho, nascera para a sociologia e, assim, começando e parando, sem concluir nenhum dos cursos, que chegou aos dias atuais sem profissão, sem emprego, velho (a juventude dura pouco), sem lugar do mundo, exceto no casamento, pois, até hoje, a mulher trabalha para sustentá-lo, levando sua cruz ao calvário. Esse moço ficou parado na beira da estrada, olhando o trem passar. Qual o erro dele? Pensou que tinha toda a vida pela frente e que a juventude fora feita para ser gozada.
O objetivo deste artigo é alertar os pais que pensam que os filhos não devem se preocupar com a própria vida, porque a vida, no momento próprio, atenderá às suas vocações e necessidades e deixam os filhos em casa, sem nada fazerem, entrando na casa nos 30 sem nada produzirem. Esses pobres coitados foram levados a crer que os pais estariam sempre com eles. Foram preparados para serem dependentes e, se sobreviverem aos pais, pela lógica da vida, pagarão caro pelo erro de todos.
A vida não é para desfrute e prazer, é para realizar trabalho produtivo e contribuir para melhorar a descendência e o entorno. Do jeito que a educação está hoje, os jovens assim conduzidos, ficarão a ver navios a partir da morte dos pais e, pior, os culpando pela educação equivocada. O pai, outrora bom e permissivo, deixou aos filhos na miséria, ao aplicar a técnica equivocada de que é possível colher sem plantar.