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ORÁCULO

“O homem é por natureza um animal político”


O HOMEM É ESSENCIALMENTE MAU

JOBIS PODOSAN

 

A esse pensamento forte de Thomas Hobbes, opunha-se o também filosofo, Jean Jacques Rousseau, que acreditava ser o homem essencialmente bom, podendo a sociedade pervertê-lo. Discussão de gente grande, aliás, nunca resolvida. Uma senhora, mãe já que quatro filhos, acolheu e adotou um quinto que fora deixado num cesto na porta da sua casa, criando-o como os do seu ventre. Aos dezessete anos, o filho adotado, assassinou a mãe e os quatro irmãos com requintes de crueldade e desapareceu no mundo. Hobbes ou Rousseau?

O garoto foi educado como os outros, frequentou a mesma escola dos irmãos, era tratado como filho do ventre. O que o levou a cometer ato de tamanha crueldade? Uma primeira questão pode ser levantada: foi educado sem discriminação dos outros irmãos? Para todas as pessoas que conheciam a família, a mãe não discriminava os filhos, os irmãos até reclamavam do tratamento privilegiado que o adotado tinha, pois, ao ver deles, não sendo filho “de verdade”, tratar igual era desigualar, reclamavam que ter tratamento igual era beneficiar o estranho.

Havia pequenos conflitos em torno do assunto, mas nada que pudesse justificar a conduta do filho adotivo.

O homem em seu estado natural nasce bom, todavia, a sociedade o corrompe, dizia Rousseau em sua obra que investiga a origem da desigualdade. Essa celebre frase de Rousseau é necessária para compreender seu pensamento. Opondo-se a Russeau, Thomas Hobbes, disse que o homem é essencialmente mau e precisa ser educado para o caminho do bem, já que nasce solitário, pobre, sujo, brutal e limitado. São ideias dele:

 

“A natureza humana é má. O homem é mau, não presta”. Essa tese se encontra na obra "O Leviatã", inspirada em uma figura mitológica, que é uma serpente que fez um acordo com os homens. Na medida em que os homens não cumprem o acordo, a serpente vem e os devora.

 

Para Aristóteles, a explicação aponta para o fato de haver na natureza humana uma tendência a viver em sociedade e que ao realizar esta inclinação o homem realiza o seu próprio bem. Quer dizer, se vivemos em sociedade é porque esta é a finalidade do ser humano.

Para José Luiz Ames, vivemos organizados em coletividades. Esta forma de existência pode parecer óbvia, mas jamais para um filósofo. Este se pergunta: que explicação podemos dar ao fato de vivermos organizados em coletividades em vez de existirmos isoladamente? Qual a finalidade desse tipo de vida coletiva? Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., na sua obra Política, traz uma explicação que se tornou clássica: “o homem é por natureza um animal político”. Vive, portanto, na polis (cidade) e em interdependência uns dos outros.

A explicação de Aristóteles aponta para o fato de haver na natureza humana uma tendência a viver em agrupamentos e que ao realizar esta inclinação o homem realiza o seu próprio bem. Quer dizer, se vivemos em sociedade é porque esta é a finalidade do ser humano. Isso é tão próprio do homem quanto é próprio da semente de pessegueiro tornar-se uma árvore e produzir pêssegos.

Essa tendência à vida coletiva demonstra que o homem é um animal carente de alguma coisa, tem uma espécie de vazio que o leva a desejar se associar a outras pessoas. A carência aponta para a incompletude humana: nascemos incompletos e necessitamos uns dos outros para nos completarmos. Se o homem se tornar solitário, vivendo cada um para si mesmo, extingue-se a humanidade. Para que alguém se dê ao luxo de viver na solidão, ele está, na verdade, pedindo que os outros trabalhem para ele viver em reclusão. O homem tem sempre necessidade de um outro semelhante a ele e tão imperfeito quanto ele. Somos a soma das nossas imperfeições. Ele se associa para alcançar uma vida menos imperfeita e autossuficiente. Para Aristóteles, um ser humano que não sentisse a necessidade de associar-se seria um deus ou um animal. Deuses não fazem política porque são perfeitos. Os animais não fazem porque não pensam, nem falam. Podem se unir pela força, como quando “escolhem” um líder. Escolher é maneira de dizer, porque na verdade o líder de cada grupo ou bando escolhe a si mesmo e se impõem pelo medo que inspira.

O ser humano somente se realiza vivendo em sociedade, porque nela, os condicionamentos recíprocos tornam a todos plenamente humanos, tendendo a perseguir objetivos que, realizando os sonhos individuais de cada um, realiza, pela soma das atividades de todos, o sonho coletivo. Tomemos, por exemplo, um café da manhã numa casa de classe média brasileira e veremos ali, o trabalho de todos: de onde veio o café, o leite, as frutas, o trigo para os pães, os açucares que adoçam e tudo mais que comemos e que dizemos ter comprado no mercado, quando, antes de chegarem no mercada, cada coisa foi feita por alguém que não sabia a quem alimentaria.

A lembrança desses grandes filósofos acima mencionados, principalmente Hobbes e Rousseau, foi introduzida neste artigo porque a discussão travada entre eles a sobre o homem ser bom ou mau por sua própria natureza, vem a propósito do que está acontecendo no mundo hoje, agora, quando humanos, apesar de toda a luta para afastá-los do mal, estão piores do que nunca, especialmente em determinados locais do planeta terra.

Os países menos violentos do planeta, segundo dados do ano passado, são a Finlândia, a Islândia, a Dinamarca, a Suíça, a Holanda, a Suécia, a Alemanha, a Noruega, a Nova Zelândia e a Áustria, comparativamente com ínfimos índices de violência, sendo lícito pensar que a violência não é parte da natureza humana, alguma coisa está errada com os países mais violentos, podendo-se pensar que essa violência exacerbada interessa a alguém.

Veja-se, agora, a lista dos 10 países mais perigosos do mundo segundo o índice pesquisado: Afeganistão, Iémen, Síria, Sudão do Sul, Iraque, Somália, República Democrática do Congo, Líbia, República Centro-Africana, Rússia.

Como resultado dos confrontos entre traficantes e facções criminosas, o Brasil se coloca, mais uma vez, em patamares preocupantes no ranking que mede a paz no mundo, mostrou a edição de 2021 do relatório Global Peace Index (GPI) divulgado nesta quinta-feira (17.06.2021), figurando o Brasil na 128ª colocação.

Somos bons ou somos maus? Representamos o bem ou o mal entre as nações?

Primeiramente, é preciso dizer, forte nos dados acima, que ser do bem ou praticar o mal, é uma decisão individual, mas fundada na tolerância da sociedade, que prefere o bandido às pessoas de bem. Em segundo lugar, afirmo que cada um de nós pensa que a violência não baterá nas nossas portas. Em terceiro lugar, afirmo que a decisão de cometer crimes é individual, mas se baseia sempre no consentimento implícito da sociedade. Em quarto lugar, fique claro, com Gibran, que todos somos responsáveis por cada crime que acontece na sociedade, todos apertamos o gatilho, inclusive a própria vítima.


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