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FISIOLOGISMO-ELEITORAL

Deputado sabia que críticas iriam surgir contra emrpego do filho.


Um desgaste desnecessário para Hiran

Na carta que Pero Vaz de Caminha enviou para o rei de Portugal, Dom Manuel I, informando-o sobre o descobrimento de terras fertéis em que "se plantando tudo dá", surge, indiretamente, o primeiro caso de favorecimento pessoal daquilo que seria ligado ao poder público de um país. Caminha pediu a Dom Manuel, emprego a um sobrinho como reconhecimento do trabalho feito por ele.

Ontem, o Roraima em Tempo noticiou que o filho do deputado Hiran Gonçalves, pré-candidato ao Senado pelo governo, assumiu cargo de diretor-geral do Instituto de Modernização Pública da Secretaria de Administração, com salário de R$ 16 mil.

A nomeação não é ilegal, mas é imoral. O filho de Hiran, que também se chama Hiran, seria nomeado para esse cargo caso o pai não fosse deputado e candidato do governo ao Senado?

"Ah! Mas o filho de Hiran é competente e qualificado", podem alegar. Mas quem garante isso, e quantos outros mais tem as mesmas qualidades ou até mais em termos de experiência, estudos e tempo de trabalho na Segad?

Lembremos do filho do vice presidente Hamilton Mourão, funcionário do Banco do Brasil, que uma semama após a posse do pai assumiu uma poderosa diretoria na instituição. Foi acaso, sorte, competência ou mãozinha do pai general?

A situação do filho de Hiran é ainda mais "bandeirosa". Semana passada, Hiran pai postou nas redes sociais foto com o filho no gabinete do governador, dizendo: “Meu filho Hiranzinho chegando pra nos ajudar na caminhada vitoriosa”.

Ou seja, o filho assumiu um cargo público com missão clara e objetiva, de usar a máquina pública, a Secretaria de Administração, que tem a lista de todos os servidores do estado, além de estrutura para agir em todos os municípios, a favor da candidatura do pai.

Isso não é imoral? 

Com certeza Hiran Gonçalves sabia de ante-mão que críticas iriam surgir contra esse paternalismo-fisiologista-eleitoral. O que ele não imagina é como o eleitor vai absorver isso. Esse lugar comum que ele passou a viver como tantos outros políticos que aproveitam o cargo para empregar a família. E podem ficar certos, na opinião de milhares de eleitores, Hiran criou a oportunidade de se tornar igual a esses desgastados políticos.

Pero Vaz de Caminha, que morreu oito meses depois de escrever a carta ao rei de Portugal informando a descoberta do Brasil, só queria um emprego bom para o sobrinho. Hiran, pelo jeito, quer além disso para o seu filho e para ele próprio.


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