00:00:00

ORÁCULO

O deputado sairá menor do que entrou.


RECORTES DA VIDA

JOBIS PODOSAM

 

UMA PARTE DO TODO

O cantor e deputado federal pela Bahia, Igor Kannário, foi parado em uma blitz, na tarde de sexta-feira (3/12) e publicou em seu perfil no Instagram imagens do ocorrido. No vídeo, ele confessa que está sem habilitação e aparece "comemorando" por não poder ser revistado pelos agentes estaduais. 


"Tô parado numa blitz… mas na hierarquia no negócio do tal do poder aí… um policial normal não pode revistar um deputado federal, né… Não que eu esteja me glorificando com isso, mas dizer que é ruim, eu não vou dizer, né?! Então não podem me tirar do carro, mandar eu descer, me revistar… só a Polícia Federal (sic)", disse o cantor dentro do carro.

 

No entanto, o S. Exa. teve que aguardar uma pessoa habilitada chegar para que o veículo fosse liberado. "Não é por isso que eu vou abusar também, né? Eu estou aqui porque o tenente foi super gente boa. Estou dentro do carro esperando um habilitado vir pegar o carro pra mim sair (sic). Tudo no máximo respeito. Mas para alcançar a tropa vai levar um tempo", ironiza o cantor. 

Alguns baianos ficaram revoltados com a desfaçatez e ignorância aparente do parlamentar federal. Digo aparente porque, na verdade, ele é um parlamentar que não representa quem o elegeu e nem, tecnicamente, parlamenta, pois nada tem a dizer, sequer é da turma do “muito bem” e do “apoiado”, porque não entende nada do que acontece no Câmara dos Deputados. Mas será inútil? Acredito que não, ele tem um papel importante: ele traduz a opinião da parte do povo que o elegeu e esse povo é um ativo da nossa nação, que está em aprendizado. O deputado sairá menor do que entrou, embora eu torça para que ele aprenda com a insignificância da pretensão de parecer ser o que não é. É sempre possível aprender, mesmo nas situações mais inacreditáveis. Na verdade, quem o elegeu o puniu, fazendo-o parecer o que não é e não será, a menos que o improvável aconteça. Em todos ou quase todos os Estados existem Deputados desse tipo: zumbis dentro da Casa Legislativa mais importante do país. O lendário Deputado Ulisses Guimarães, 30 anos atrás, dizia:

 

“Está achando ruim essa composição do Congresso? Então espera a próxima: será pior. E pior, e pior… – respondeu o homem que empenhara a vida pela reconstrução democrática e pela devolução do Estado de Direito à sociedade brasileira. Ainda completou: — Temos algumas poucas cabeças boas aqui. É necessário juntá-las, onde quer que estejam, e fazê-las trabalhar num rumo só: para a frente. Sempre....
Está achando ruim essa composição do Congresso? Então espera a próxima: será pior. E pior, e pior… – respondeu o homem que empenhara a vida pela reconstrução democrática e pela devolução do Estado de Direito à sociedade brasileira.”

 

O pessimismo do velho combatente, que lutava contra moinhos de vento, como um D. Quixote tropical, embora tenha algum sentido, não reflete toda a realidade. Apenas retrata o nosso povo, quando melhorarmos, melhoraremos o Parlamento. As casas do Congresso estão sim repletas de manjericões, mas também estão nelas presentes as rosas que embelezam o buquê. Poucas, mas que fazem o trabalho executado merecer algum respeito de quem conhece a atividade parlamentar legítima e não só a cambulhada de parlapatões que enxameiam o Parlamento. Nenhum deles está lá somente por vontade própria, mas por decisão do povo, que merece a atuação deles como eles são.

 

 

VENCER OU FRACASSAR?

Está é uma decisão pessoal e intransferível de cada um. Não há direito de vencer e nem obrigação de fracassar. Ambas as situações são opções que os humanos em geral têm. Nasça onde nascer, seja num berço esplêndido ou num barraco de favela, todos nascemos com a luz da Vitória a nos alumiar, mesmo os que nascem em lares pobres ou lares desfeitos, a luz do mundo a todos alumia e cada um pode ir até onde quiser. Mas não basta lutar para chegar a qualquer custo, mas subir a escada de dificuldades. O esforço de chegar a lugares improváveis, faz o esforçado chegar e torna a luta mais bonita e prazerosa. No Brasil de hoje, mercê do nosso cotidiano desastrado, os jovens estão acreditando que o mal é um caminho inafastável para quem quer alcançar a vitória. Ledo engano. O mal nunca é o caminho, porque, no final, estará o precipício. O dia a dia nos mostra isto. Um político que parecia estar no caminho do topo, foi flagrado com milhões de reais num apartamento no seu Estado natal. Virou sapo no mesmo instante, com as desculpas ao útil batráquio. Igual destino teve certo ex-governador do Rio de Janeiro que arrastou a família para a lama e perdeu o brilho desta encarnação. E talvez algumas mais, porque grave a sua imperfeição. A decisão certa e o esforço necessário opera o chamado milagre.

 

A PERDA DO BONDE

Um grande problema que nós humanos passamos é não sonhar e, pior ainda, é sonhar e não buscar a realização do sonho sonhado, por achar impossível alcançá-lo, embora todos os dias estejamos vendo, mesmo dentro dessa nossa conturbada realidade, muita gente fazendo milagres no cotidiano, transformando o êxito improvável em conquistas aparentemente impossíveis. Trata-se gente que afasta o fracasso com coragem e bom humor, mas que seus amigos chamam essa luta de sorte! A partir de quantos anos perdemos o bonde das nossas vidas? De algum tempo para cá, talvez a partir dos anos 1980, passamos a olhar o negativo como destino inevitável. Os que nascem em condições desfavoráveis, porque oriundos de lares pobres, não lutam porque escolhem antecipadamente fracassar. Os que nascem em lares ricos e têm, desde cedo, acesso a tudo que de bom a vida pode oferecer, desdenham da luta, como se o tempo não fosse passar. Estamos condenados a ganhar o pão com o suor do nosso rosto, seja qual for a nossa religião, ou mesmo sem religião alguma, esta condenação é universal: quem sem esforço tem de tudo, irá perder esse tudo, porque não se trata de conquista e, portanto, não tem valor. Nascemos, mercê do princípio de que não há vitória sem luta, condenados a perder tudo que não foi por esforço conquistado, seguindo o princípio de certo Guinle. Vivemos segundo o mito de Sísifo, um ensaio filosófico escrito por Albert Camus, lançado em 1941. Para ele, o homem vive sua existência em busca de sua essência, do seu sentido, e encontra um mundo desconexo, ininteligível, guiados por entidades sufocantes como as religiões e ideologias políticas. Perde o bonde aquele que não busca ser quem é, vivendo a vida segundo a voz do poeta (deixe a vida me levar!) e, ao depois, percebe que o ônus de viver é de cada um. Todos viemos para a luta e não uns para lutar e outros para desfrutar. A perda do bonde custa caro, pois, na vida, o bonde é individual, cada um tem o seu.

 

CULTIVAR O JARDIM DA VIDA

Em primeiro lugar, para se ter uma vida útil e bem aproveitada, é indispensável cultivar o nosso jardim, uma vez que tudo que de bom acontece nas nossas vidas precisa ser, antes da colheita, realizada a plantação. Só o que é ruim vem de graça. Cada um de nós temos o nosso próprio jardim para plantar e cultivar e devemos escolher o caminho para fazer o melhor que pudermos. Há três caminhos para o fracasso: 1) não ensinar o que se sabe; 2) não praticar o que se ensina; 3) e não perguntar o que se ignora. Segundo a lei do esquecimento, os pais não transmitem aos filhos a história dos fracassos e nem o mérito das vitórias. Mesmo aqueles que recebem uma boa herança material, têm de cultivar o próprio jardim, pois herança é mérito de quem deixa e não de quem recebe: quem de graça recebe, de graça perde.

 

O PRÓPRIO DESTINO

Cada pessoa tem o seu próprio destino, cabendo a cada um descobrir o seu. Quando a pessoa e seu destino se encontram tudo parece fácil e encaixado. Quando a pessoa não descobre o seu destino ou não o identifica quando ele está diante de si, ela vagueia pelo mundo sentindo a incompletude da vida. Assim, a nossa primeira tarefa na vida, que acontece no início da adolescência, é descobrir (não é inventar) o nosso destino. Uma vez descoberto ele se acopla e a vida se torna leve, o peso da existência de torna compensatório, mesmo que a atividade seja simples. Um modesto guarda de trânsito pode se tornar uma pessoa famosa e realizada, como aconteceu com o Guarda de Trânsito Pelé, da Polícia Militar da Bahia, que, nos anos 60 a 80 transcendeu sua Corporação, seu Estado e seu País, sendo até perseguido por alguns dos seus superiores que não lhe suportavam o brilho singular. Assim, cada pessoa tem seu destino, incumbindo a cada um descobrir o seu.   

 

Últimas Postagens