- 18 de junho de 2025
O MOTOR DA PROSPERIDADE
JOBIS PODOSAN
Este artigo vem à luz para homenagear o maior indutor de prosperidade de qualquer país. Os povos que estagnaram, ou não se desenvolveram, foi por causa da ausência ou insuficiência desse motor fenomenal. Os surtos de prosperidade vividos pela Grécia Antiga vieram, fundamentalmente, da Idade de Ouro, a partir do Século de Péricles, governante Atenas de 444 a 429 a. C, que fez florescer a cultura Grega que até hoje reverenciamos, através dos três mestres notáveis: Sócrates, Platão e Aristóteles, que encantaram o mundo e revolucionaram a ciência do seu tempo, de maneira que lá e durante muito tempo se pensou que nada mais havia a criar, tendo eles previsto tudo. O Renascimento, a revolução industrial e o Século das Luzes, advindos principalmente da Itália, Inglaterra e França, veio a mostrar que havia um outro tudo a construir. Hoje, na era pós-industrial, estamos dobrando o conhecimento praticamente a cada cinco anos e a figura responsável por isto continua a mesma: o professor. Quanto mais professores preparados, mais ensino, mais aprendizagem e mais progresso. Subir em tonéis ou carros de som gera espetáculo de beleza, mas não multiplica o conhecimento. São úteis, mas a direção do progresso é outra.
Professor é o que ensina e professa. É o elo de ligação entre o conhecimento e seus alunos. É professor aquele que, em determinado momento, ante sua turma, reúne uma maior quantidade de conhecimento que seus discípulos. Tratando-se de pessoa de grau semelhante de conhecimentos não ensina, não é professor, é um estudioso expondo uma tese para a crítica dos demais, aprende mais do que ensina. Neste caso, o auditório reúne maior saber que o expositor.
Mesmo na sala de aula comum, depois de algum tempo e de alguma matéria já dada, o professor pode ser agradavelmente surpreendido com um saber coletivo superior ao seu. Aliás, o verdadeiro professor, o socrático, aquele que ensina a arte de amar a ciência que professa, regozija-se com traspasse de seus alunos pelo seu saber. O aluno que ultrapassa o mestre em saber é a razão de existir para o verdadeiro professor. Se nenhum aluno superar seu professor, em conhecimento, houve fracasso na arte de ensinar.
O bom professor também sabe que o seu conhecimento, mesmo na disciplina que ensina, é sempre parcial, há sempre mais pontos de dúvidas que de certezas. A certeza mesma, do ponto de vista científico, é transitória. Tudo que é certo em ciência o é até que se demonstre em contrário. A fonte de inspiração para o conhecimento é a dúvida que espicaça, aguilhoa, aguça o apetite pelo aprender. É a dúvida que, convertida em curiosidade, leva ao aprimoramento através da pesquisa. O professor que quer ensinar, antes deve ter a curiosidade de aprender e não se surpreender com o tamanho do seu próprio desconhecimento.
Para amenizar as suas agruras deve o professor estar munido de alguns requisitos que o habilitem a transmitir aos seus alunos o alimento necessário a fazer nascer e manter acesa a chama do desejo de aprender. Enumero alguns, exemplificativamente:
CULTURA GERAL
O professor está inserido num contexto social, hoje mundial, que ele não pode ignorar, mesmo se professor de uma ciência exata, seu saber se destina a pessoas humanas, que devem usar esse saber em proveito da coletividade, para não acontecer a perplexidade que aconteceu com os cientistas que criaram a bomba atômica quando a viram explodir perto de Alamogordo, Novo México, nos Estado Unidos;
CULTURA GERAL DO RAMO DO SABER QUE ESCOLHEU
No caso do Direito, por exemplo, seja qual for o ramo de especialização escolhido, o mestre está obrigado a conhecer os institutos básicos de cada uma dos ramos fora da sua especialidade, sob pena de ficar, como muitos, encolhidos na sala de aula ante perguntas elementares feitas pelos alunos que, hoje, detêm farta gama de informações assimétricas e não sistematizadas, obtidas na riqueza dos fatos expostos pelos meios de comunicação e, principalmente, pela Internet, instrumento que o professor atual tem de manejar com maestria;
CULTURA JURÍDICA APROFUNDADA DA DISCIPLINA QUE LECIONA
Não se limitando a sistematizar conceitos alheios e lê-los através do PowerPoint. Este é uma ferramenta e não uma finalidade em si mesmo. O professor não pode ser substituído pelos meios auxiliares a ele disponibilizados pela tecnologia. Quando esta substituição se der, o professor já se tornou desnecessário, supérfluo e precisa ser descartado, por ser um custo inútil;
EXPERIÊNCIA DOCENTE
As faculdades precisam se organizar para não improvisar falsos professores, que nunca pisaram antes numa sala de aula, que chegam tão nervosos perante as turmas que, de imediato, são repelidos implicitamente e viram motivo de chalaça;
TITULAÇÃO ACADÊMICA
Não pode ser professor do ensino superior aquele está apenas preparado par ensinar na 4ª série do ensino fundamental. O curso de graduação não pode ser aceito para ensinar no curso de graduação;
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL
O ideal é que os professores reúnam a titulação acadêmica com a experiência profissional. Todavia, dentro da perspectiva da teoria de Paulo Freire (não existe saber, mas saberes), é razoável admitir no ensino superior pessoas dotadas de grande experiência profissional para suprir deficiência de quadros qualificados;
PRODUÇÃO CIENTÍFICA
não se trata só de livros, mas de produção nas diversas fontes hoje existentes, inclusive a Internet. Os alunos hoje cobram a produção dos professores. É de se considerar também peças de labor profissional de alguma repercussão, a demonstrar o respeito que o profissional goza no seu meio;
CONSCIÊNCIA DE QUE O SEU SABER É LIMITADO
o professor de hoje não é mais o ditador de aulas, é somente uma pessoa mais experiente que vai repartir o seu conhecimento com os alunos, ensinando e aprendendo, sem pretensão de dono da verdade;
ALTA CAPACIDADE DE RELACIONAMENTO
Aprender e ensinar resulta de uma relação que se estabelece entre quem ensina e quem quer aprender. Essa sintonia determina o grau de compromisso com o resultado e desperta o interesse, tanto do professor quanto do aluno, em levar avante o desejo de chegar ao conhecimento;
AMOR PELA ATIVIDADE
Não é de agora que se sabe ser o ensino um sacerdócio, foi e sempre será assim. O professor sofista – aquele que se limita a “vender” a aula que devia dar – nunca teve e nunca terá espaço entre os alunos, ao contrário, serve apenas para embrutecê-los. Não estou falando de escravidão do professor e exploração pelos “empresários” do ensino. A luta dos professores pela remuneração justa não pode passar pela sala de aula, deve transcender a esta. Deve eclodir através de órgãos de classe, associações que lutem com o empresário na busca de condições mais dignas. O amor que falo é o amor no sentido grego, de que nos fala o irmão Simeão, personagem central do livro O Monge e o Executivo, do James Hunter, é do amor sem condições, sem amarras, o puro amor de doar-se em favor do ideal de contribuir para que outras pessoas se libertem da escuridão e também sejam capazes de amar.