- 18 de junho de 2025
Telmário e Bolsonaro pensam que o povo não tem inteligência e nem memória
A forma de fazer política no Brasil é a forma mais sem vergonha de achar que as pessoas não tem inteligência e nem memória. Semana passada Jair Bolsonaro rasgou elogios ao general Eduardo Pazzuelo como um "ministro da Saúde exemplar", e "perfeito na condução da pasta". Mas se Pazzuelo era e é tudo isso de bom para Bolsonaro, por que ele o demitiu?
E se Pazzuelo fez uma "gestão exemplar" sendo "perfeito na condução da pasta", para quê ele precisou ir ao Supremo Tribunal Federal e pedir proteção para se calar na CPI da Pandemia, e perder a oportunidade de mostrar a perfeita condução com que exemplarmente dirigiu a Saúde do país?
Nem Bolsonaro e muito menos o general do "um manda, o outro obedece" responderiam tais perguntas. Mas todo mundo sabe, inclusive, os bolsonaristas mais vibradores, também, que a afirmação do presidente sobre seu ex-ministro e os argumentos de Pazzuelo para se calar na CPI, são falsos.
Por isso a política se torna cada vez mais desacreditada por culpa de gente cínica, dissimulada e oportunista.
Não se vai longe para um exemplo regional dessa política sem vergonha. Há menos de dois anos, Telmário Mota chamava Antônio Denarium de "ladrão", "bandido", "falsário", insinuava que o governador cheirava cocaína, e ameaçou com todas as letras de mandá-lo para a cadeia por "crimes" como o de "fechar o Mafir para beneficiar você (Denarium) e teus amigos do Frigo 10".
Hoje, o bajulador mais pegajoso do governo de Denarium é quem? Telmário Mota. E o Mafir foi, sim, fechado, e o Frigo 10 está bombando.
Como é que alguém que afirma que um governador é ladrão, bandido, falsário e "cheira coisa que não presta", e de repente ele não é mais nada disso, e se transforma num "governante honesto e trabalhador"?
"PRECISO ME ELEGER, CARALHO!" - Telmário nunca explicou se suas acusações contra Denarium eram difamatórias e caluniosas. E nem justificou o motivo para sua tão radical mudança de pensamento e comportamento. Mas em um áudio, ele é bem claro com seus assessores: "Eu preciso do apoio do presidente da Assembleia, do governo, dos deputados se que eu quiser me eleger, caralho!", revelou o independente senador, quando Jalser Renier era presidente da ALE.
Ou seja, para garantir apoio à sua reeleição, Telmário muda de opinião e certeza sobre o caráter e folha corrida de quem ele afirmava que iria colocar na cadeia, e passa a elogiar o tal meliante de forma tão lambuzada que chega a causar ânsia de vômito.
Por isso a política vem se tornando desacreditada cada vez mais pelo cidadão, por culpa de gente cínica, dissimulada e oportunista. Gente que chama o outro de ladrão e bandido, e depois corre atrás e pede para tirar selfies abraçado ao "ex-bandido e ex-ladrão", achando que as pessoas não tem inteligência e nem memória.