- 18 de junho de 2025
A força do exemplo
Há alguns anos, eu dirigia numa manhã de domingo em Brasília, e tive que parar em um semáfaro. Como o trânsito estava tranquilo e nenhum carro passando na outra rua, eu "furei" o sinal. Foi quando a Isadora, minha filha mais nova, à época com quatro anos, me alertou: "Pai, o sinal tá vermelho!"
Eu, automaticamente, me desculpei pelo mau exemplo que estava dando e tentei justificar que não havia nenhum carro passando, e mesmo assim, Isadora respondeu: "mas o sinal tá vermelho". Ela havia aprendido na escola a regra básica do trânsito que manda todo veículo parar no sinal vermelho.
Desde aquele dia, toda vez que paro num sinal fechado e penso em furá-lo, me vem a interceptação da minha filha quando tinha quatro anos. Isso é a força do exemplo que serve para o mau e para o bem; que serve para educar e para deseducar; que serve para formar pessoas mais conscientes, sociedades mais humanas e países mais desenvolvidos socialmente, ou nada disso.
Exemplos são as rodas que movem o mundo - e não o dinheiro -. Nessa pandemia tivemos vários modelos de como governantes e países combateram o coronavírus e o tratamento que deram à Covid 19.
Nações negacionistas tiveram, proporcionalmente às suas populações, maior número de mortes do que aquelas que trataram a doença com seriedade e precauções, com distanciamento social, com lockdown, com uso obrigatório de máscara, com compra antecipada de vacinas, e com chefes de estado dando o bom exemplo de se vacinarem mostrando que essa é a única forma de se proteger e trazer de volta a vida normal, junto com a economia, ao nosso dia-a-dia.
E qual foi o exemplo que Jair Bolsonaro deu e continua dando quanto à Covid 19 no país?
O exemplo do capitão da reserva foi e continua sendo o de negar a letalidade da doença mesmo depois de 400 mil vidas serem antecipadamente perdidas para a Covid 19, em que mais de 100 mil morreram em apenas 36 dias.
O exemplo de Bolsonaro foi e é o de pregar que o comércio em geral se mantenha aberto. Foi e é o de não se usar máscara. Foi e é o de negar a vacinação, a ponto de ter ministro general quatro estrelas revelando que, por ter medo de morrer, se vacinou "escondido" para não contrariar o capitão presidente.
E claro, diante desses exemplos, uma manada de bolsonaristas, segue fiel e obediente. E ai de quem, como esse escriba, fale alguma coisa.
Com 400 mil "CPFs cancelados" - só para usar o linguajar miliciano do capitão -, Bolsonaro afirmou: "Eu não errei em nada". E o seu gado concorda, que ele não tenha errado nem em se negar a comprar as vacinas quando foram oferecidas para o governo em julho, agosto, e setembro do ano passado. Por isso o país apenas vacinou, até aqui, 16% da população, e isso, na maioria só com uma dose.
Exemplos são as rodas que movem o mundo - e não o dinheiro -. Que educa ou deseduca. Que fazem a gente ir pra frente ou pra trás. Ou, simplesmente parar, como num sinal vermelho em que até uma criança de quatro anos sabe que não se deve "furar".