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OPINIÃO FORMADA

Nao cabe ao cidadão resolver o problema da fome no país.


A errada esmola nossa de cada dia

As cenas de uma mulher sendo arrastada por um segurança de um shopping de Manaus que viralizaram ontem nas redes sociais revoltou muita gente pela violência empreendida contra uma mãe que, com o filho pequeno, pedia dinheiro para clientes daquele centro de compras.

Esse tipo de situção poderia ter sido evitada não só com aperfeiçoamento dos seguranças no trato com "pedintes indesejáveis", mas, também, pelo cliente não alimentando essa busca de dinheiro. Se pessoas ingressam em ambientes públicos e privados a pedir esmolas é porque têm referência de que nesses locais obterá alguma ajuda.

"Você é contra dar esmola?", pode algum leitor me questionar. Não, eu não sou contra que se dê alguma ajuda a pessoas que precisam e que pedem dinheiro nas ruas, nos semáfaros, nas praças para comprar comida. Eu mesmo sempre que vejo que a situação de um pedindo é por comida e não para bebida ou droga, eu colaboro.

Ocorre que para tudo há hora, local e forma. A responsabilidade em cuidar desse drama social que milhões de brasileiros vivem é do poder público. Ao cidadão cabe, sim, a solidariedade, mas não ser o meio de solução para quem passa necessidade na vida. E a forma de cobrar isso é renovada a cada dois anos com eleições municipais, estaduais e para presidente da República.

Elege-se maus representantes e maus governantes que negligenciam à realidade que todos os dias que bate às mesas de restaurantes, praças, ruas e shopings com pessoas pedindo dinheiro para comer.

Não sejamos hipócritas de que ser abordado em um restaurante por pessoas que que estão com fome nos causa constrangimentos próprio e alheio. E isso ocorre porque o poder público falta em ações sociais.

Países desenvolvidos tratam isso com programas de cestas básicas a famílias carentes, mutirão de empregos, e criação de restaurantes populares em que as refeições saem por menos de um dólar.

Por outro lado, em locais públicos e privados, a própria sociedade ao não dar esmola, não alimenta esse hábito que se torna normal quando pedintes sabem que entrando naquele restaurante ou shopping tem quem lhe dê algumas moedas.

Isso me lembra um sábado de fevereiro passado em que eu estava andando na Visconde de Pirajá, principal via interna de Ipanema, no Rio, e uma jovem com uma criança de colo me pediu dinheiro. Eu dei R$ 10 reais, e sinceramente, 50 metros adiante, outra mulher com uma crinça no colo me pediu esmola.

Foi quando uma outra jovem, de bicicleta, me abordou e se apresentou como moradora do bairro e, educadamente, pediu para que eu não incentivasse a "invasão" de pedintes que estava ocorrendo, prejudicando o comércio local já que estava afastando turistas e moradores de andarem nas ruas. Além de que coincidentemente o número de assaltos a turistas havia aumentado.

A moradora de Ipanenma ainda me informou que há no bairro um centro comunitário que recebe tanto ajuda em dinheiro, alimentos, e materiais diversos, bem como ofertas de empregos para pessoas necessitadas no centro comunitário.

Não será eu e você, amigo leitor, que, dando esmola, vamos acabar com a falta de empregos, e com o drama da fome que é o pior flagelo do país. Só poderemos mudar essa realidade com o voto bem dado, não vendido. Já que assim, como muitos seguranças de shopping precisam se aperfeiçoar no trato com "pedintes indesejáveis", o eleitor precisa melhorar seus conceitos nas urnas.


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