ORÁCULO

FAZENDO ESCOLHAS

JOBIS PODOSAN

A VITÓRIA DO PRECONCEITO
O fato narrado abaixo aconteceu na Bahia. É inacreditável, mas assim foi!
A Companhia de Eletricidade da Bahia- COELBA, anunciou, com grande estardalhaço, uma parceria com o SENAI para fazer um curso de especialização visando a contratar  mulheres para uma atividade até então masculina: a de eletricistas. Foi uma escolha penosa para as candidatas que, de quase vinte mil iniciais, foram  reduzidas em provas sucessivas a menos de cem para fazerem o curso habilitatório ao emprego que se delineava  no horizonte. A cada etapa vencida aumentava a expectativa das vitoriosas. Mas o que aconteceu no final? Após o curso de quase 500h aula, veio a fase de apresentação da CNH, treinamento para dirigir veículos 4x4, habilitação documental pre-admissional, exames médicos e entrevista on-line de apenas cinco minutos, com perguntas padronizadas e indistintas. Enfim, parecia que as mulheres haviam marcado mais um belo gol na trajetória feminina. Qual nada! Depois de tanto caminhar, morreram na praia. Ficaram a ver navios. Foram reprovadas na tal entrevista de 5 minutos por não terem "competência estrutural e específica para a função", quer dizer: não serem homens.  Para que então se gastou dinheiro público para treinar mulheres, se era sabido que não eram homens! De dezenas de candidatas, depois de todo o processo, somente foram  chamadas três, com desperdício enorme de recursos, tempo das meninas, frustração de expectativas, enganação, exploração das mulheres, para um aproveitamento tão ridículo! As mulheres que pareciam que iam quebrar mais um tabu foram derrotadas pelo preconceito. Foram objeto de propaganda, selecionadas num processo difícil,  treinadas, aprovadas no curso, iludidas e, ao final, enganadas. Coisa feia, a desafiar apuração, mas por quem se isto aconteceu  na Bahia, terra de absurdos, segundo Mangabeira , um ilustre ex-governador daquele belo Estado? Por lá, como nesse mau exemplo, parece que as mulheres não importam!

AS PORTAS VÃO SE FECHANDO
O mundo tem muitas portas e várias se abrem diante de nós ao longo da vida. Nascemos incapazes para tudo, porém, vamos sendo cuidados e crescemos na busca da independência, até encontrá-la e tirarmos das costas dos nossos pais a responsabilidade da nossa própria vida, passando a cuidar deles no caso da necessidade na velhice e, por outro lado, educando nossos próprios filhos, cumprindo o ciclo da vida.
A nossa experiência só serve para nós mesmos, quando muito. Raras são as pessoas que toma o exemplo das outras nas coisas certas. Copiamos com mais facilidade os maus exemplos, mas, porque dotados de inteligência e livre arbítrio, vamos fazendo escolhas e batendo nas portas certas, até vislumbramos o nosso verdadeiro caminho. Mas é bom que aprendamos a bater nas portas certas desde cedo, porque, quanto mais o tempo passa, mais portas se fecham atrás nós. Quando jovens são múltiplas as portas na nossa frente, mas o tempo as vai fechando, inexoravelmente, até chegarmos na caridade pública ou privada para sobrevivemos: bolsa isso, bolsa aquilo, auxílio isso, auxilio aquilo, BPC e quejandos e o velho e revelho estender a mão à caridade das pessoas. O culpado na omissão das escolhas é sempre você. Não olhe para o lado, mire-se no espelho e você verá todas as portas que estiveram a sua disposição e você, pensando ser esperto, as desprezou. Na vida, o sucesso se cava cedo.

CREIA EM SI MESMO
Certa dia da minha infância minha mãe, com pouca comida para alimentar os filhos numerosos, me mandou ir ao rio buscar alguns peixes. Pescar, não é? Perguntei. Não filho, se você  for pescar pode trazer os peixes ou não. Mas se for buscar, você vai encontrá-los e trazê-los para o nosso almoço. Está lição me acompanhou vida afora.
Nós encontramos o que buscamos, desde que o façamos com a convicção de que encontraremos, pois que, aquele que não espera vencer, já está vencido.

O DISCURSO PRÓ E DISCURSO CONTRA
Nada é  mais fácil de fazer que discursos pro e discursos contra, pricipalmente em relação a governos. Baseados em crença não  raciocinada, esses discursos, porque obliterada a crítica, leva o orador a expor pontos de vistas alheios, abdicando da própria  capacidade de análise. De vez em quando, o que só faz discursos pró é apanhado na própria incongruência e passa a fazer discurso contra aquele que antes era a sua luz. O príncipe  vira sapo. Em todos os governos isto acontece. O exemplo mais famoso do Brasil é a reversão de Jorge Amado ao capitalismo, após a decepção com Stálin, a quem defendia cegamente e chamava até de pai. Quando as escamas cairam-lhe dos olhos teve que superar os maus desígnios dos antigos aliados, voltou a escrever e reencontrou o seu destino. O Lulismo vem daí, só os mais cegos o seguem.