- 18 de junho de 2025
Churrascadas e cervejadas
Em pleno ano de pandemia, eis que as Forças Armadas compraram 700 mil kilos de picanha e 80 mil cervejas puro malte. Cada quilo de picanha a R$ 84,14. Cada garrafa de cerveja puro a malte a R$ 9,80. A notícia levanta uma série de perguntas, tais como:
Quais as razões para se comprar o dobro de kilos de picanha em relação a todo o efetivo das Forças Armadas, e mais 80 mil garrafas de cervejas especiais, e tudo isso com valores superfaturados?
E se 2020 não tivesse sido um ano de pandemia, quanto mais toneladas de picanha e milhares de garrafas de cervejas puro malte teriam sido compradas pelas Forças Armadas com dinheiro público?
Essa quantidade de 700 mil kilos de picanha e 80 mil garrafas de cervejas especiais é para manutenção das tropas ou para celebrações tipo churrascadas com direito a pagode?
Nos anos de chumbo da ditadura militar, se consumia assim, milhares e milhares de kilos de carnes nobres e litros e mais litros de cervejas importadas?
Ou seja, esse péssimo costume perdulárico vem de longe ou surgiu com essa milicada que está hoje no poder?
Independente das respostas, verdadeiras ou falsas, as Forças Armadas racharam suas armaduras de instituições intocadas, manicurtas, econômicas, exemplares e rígidas com os gastos públicos.
Se mostram tão ou até mais perdulárias do que qualquer dessas instituições em que o contribuinte paga por centenas de kilos de camarão, bacalhau, lagostas, vinhos e champagnes franceses de safras premiadas para coquitéis como os realizados pelo Supremo Tribunal Federal, que os milicos tanto criticam os gastos.
E agora, flagramos essa patuscada em pleno ano de pandemia. Em pleno ano de pouca arrecadação, poucas atividades, sem qualquer ameaça de guerra - como há mais de um século -, e de isolamento social, que se evitou churrascadas e cervejadas.