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ORACULO

Somente realiza um sonho quem tem um sonho e o converte em projeto.


BUSCAI E ENCONTRAREIS


JOBIS PODOSAN


UM PROJETO DE VIDA

Os que decidem, antes dos dez anos de idade, o que querem ser vida, serão o que escolheram ser. A razão é simples: quem escolhe o que quer ser caminha nessa direção, fixa as metas, empreende, faz acontecer. Certo garoto, filho de um dono de dois postos de gasolina, disse ao pai que pretendia também ser dono de posto de gasolina. O pai, no entanto, queria fazer dele um médico, para ser o “orgulho da família”. Ficaram pé, cada um defendendo seu ponto de vista. O garoto, criado só pelo pai, fez uma proposta conciliatória: ele estudaria medicina com a condição de o pai, depois da formatura, passar um dos postos para o nome dele. O pai meditou e concluiu que, após estudar medicina, o desejo do rapaz de ser dono de posto desapareceria. O acordo foi selado e o rapaz estudou com afinco, entrou na faculdade de medicina e fez o curso com brilhantismo, formando-se com louvor e sendo o orador da turma. Em regozijo, o pai deleitou-se no baile de formatura, sorrindo de orelha a orelha. Nos dia seguinte, despertos ambos, o jovem médico chamou o pai à realidade. Entregou-lhe o diploma de médico e pediu a entrega do posto de gasolina. Fez o pai ver que seu sonho era ser dono de posto, vê-lo médico era sonho dele, pai. O pai nada pode fazer, senão cumprir o que fora acordado. O rapaz, que nunca exerceu a medicina, após alguns anos, era dono de uma grande rede de postos de combustíveis. Mas reconhecia os efeitos positivos de ter estudado na Universidade: lhe abriu a visão e fortaleceu o seu verdadeiro sonho.

Essa pequena história teve o objetivo de mostrar aos jovens de hoje que somente realiza um sonho quem tem um sonho e o converte em projeto. Ser dono de uma barraca de praia, ser bombeiro ou um cientista da Nasa são sonhos possíveis para qualquer um que esteja disposto a ultrapassar os obstáculos da caminhada e nela perseverar, servindo os empecilhos apenas de estímulos benfazejos.

Um projeto é um ponto de partida, pois pode ser mudado ao longo do percurso, mas o primeiro projeto é o fundamento de todos os que eventualmente venham a existir. Tão ruim quanto não ter um projeto de vida é ter uma quimera, um desejo tolo ou uma perspectiva falsa como um projeto de vida, coisa assim como ter como sonho de vida conhecer o Himalaia, baseado no trabalho alheio como custeio. O projeto, uma vez tomada a decisão de implementá-lo, deve se tornar uma ideia fixa, uma verdadeira obsessão, só comportando mudanças acidentais e que visem a fortalecê-lo. Um projeto não pode ser uma abstração, como, por exemplo, ser feliz. Isto não tem conteúdo e nem impulsiona para a ação. Ser feliz é consequência da execução de um objetivo projetado. Um bom projeto ganha recursos depois gastá-los. Um projeto é ruim, repito, quando quem o concebe pensa em realizá-lo com o trabalho e esforço dos outros. Facilita muito quando o país onde nascemos e o povo do qual fazemos parte têm uma elevada tampa de decência, como abaixo descrevemos.

 

A TAMPA DA DECÊNCIA

É muito difícil para nós brasileiros entendermos como pode uma pessoa, podendo levar uma vantagem, mesmo indecente, deixar de fazê-lo sem ganhar nada! É que a nossa tampa da decência é bem baixa. Mas o que vem a ser tampa da decência? Consideremos um tonel com uma tampa móvel de maneira que quanto mais alta a tampa, mais decente é uma pessoa ou um povo e quanto mais baixa a tampa mais indecente é a pessoa ou um povo. Nós somos um povo cuja tampa está muito próxima ao fundo do tonel. Vem daí nós sermos o único povo do mundo, entre os países mais ricos, que têm justiça eleitoral. Nenhum país decente precisa disso. Nós mesmos consideramos a nossa justiça eleitoral uma fonte grossa de corrupção do nosso processo eleitoral. Aliás, a justiça eleitoral é formada por juízes emprestados das outras justiças! Não é estranho? Juízes transitórios e justiça permanente! Ora, se os juízes da justiça eleitoral são os juízes da justiça comum emprestados, qual a utilidade ou justificativa de tal empréstimo?

Em 1800 os EUA e o Brasil eram países bem semelhantes. Pois bem. Mudamos de constituição muitas vezes, mudamos o processo eleitoral a cada ano, elegemos (quando elegemos) presidentes desastrados ou incompetentes e agora estamos criticando fortemente o processo eleitoral americano, que é o mesmo desde a constituição de 1787, alguns até sugerindo que os americanos copiem o nosso processo eleitoral, com voto por cabeça, fim da eleição indireta e adoção da nossa exemplar urna eletrônica. Falou-se até numa cédula com marca d'agua que Trump teria mandado confeccionar para prevenir fraudes. Isto só passa na cabeça de brasileiros, Trump ou qualquer outro Presidente americano, não têm qualquer influência legal no processo eleitoral, cada Estado tem suas próprias regras, não sendo factível qualquer tentativa desse gênero, mas na nossa tampa cabe tudo. O processo eleitoral deles só é confuso para nós, porque a nossa tampa da decência suspeita de tudo. Como é possível ser honesto sendo possível ser desonesto e levar alguma vantagem? Dá um nó na nossa cabeça que as eleições sejam organizadas pelos partidos e que os votos possam ser pelo correio. Pode haver fraude no sistema deles? Sistemas não impedem fraudes, estas são evitadas ou minimizadas pela tampa da decência. Já houve lá tentativas de mudar o processo eleitoral - certamente a partir de americanos de origem latina - mas todas as tentativas foram rechaçadas. Precisamos, com urgência, ir elevando nossa tampa da decência para que daqui a uns duzentos anos tenhamos um país que não vê cada pessoa como capaz de tudo, desde que indecente. Se cada um pensa que o outro é capaz de tudo, ninguém presta para nada, trata-se de geração perdida. Se eu não presto e tu não presta, ambos não prestamos. O mundo é a realidade nua e crua, nós só o melhoramos quando o vemos a partir do modo quando vemos a nós mesmos.


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