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ORÁCULO

São lendárias as estórias dos grandes ladrões.


NASCE, SIM!

JOBIS PODOSAN


           
Entre o escambo, quando se trocava coisa por coisa, até a invenção da moeda moderna, que por largo tempo serviu para intermediar a troca, o dinheiro passou a ser objeto de desejo de muitas pessoas, umas sonhado obtê-lo pelo trabalho, algumas querendo subtraí-lo dos outros. São lendárias as estórias dos grandes ladrões, até de aventureiros simpáticos e heróis eles já foram fantasiados. Estimulando o crime contra o patrimônio parece que a moeda está alcançando seu final. A moeda precisa desaparecer para não atrair tantos ladrões e gerar tantos artifícios para obtê-la, principalmente no setor público no qual circula grandes quantias e pessoas gananciosas voltam as vistas gulosas para erário.

A roubalheira no setor público atraiu tanta gente que a cada eleição se multiplicam os candidatos, alguns sem chance eleitoral alguma, mas a campanha em si mesma atrai espertalhões e gera algum dinheiro. Ricos e pobres olham o filão dos cofres públicos como objeto irresistível. As promessas faladas nas campanhas são o pano de fundo, a história de cobertura, para alcançar a desejada chave do cofre, onde acham que reside a felicidade, alguns chegam a arruinar suas vidas, mesmo derrotados. Outros deixam profissões nas quais se destacaram para tentar abocanhar os sonhados milhões, a miragem cega a prudência e arregala os olhos da ambição. Às vezes dá tristeza ver um homem ou uma mulher bem sucedido numa carreira top pedindo votos para ser vereador ou prefeito num minúsculo município sem ter a menor ideia do que vai fazer e quais desafios enfrentará. Sob a desculpa de “cuidar de gente” e trabalhar em prol da saúde, da segurança e da educação, vão desfilando a leitura do teleprompter caminhando para o desconhecido. Já vi uma candidata a deputada federal que só conseguia ler uma frase pequena que dizia: não faça besteira, vote em Maria borracheira! E outro dizia que era drogado mas não era ladrão!

Mas voltando ao dinheiro, esta coisa que em si mesmo nenhum valor possui, mas produz tanta infelicidade, faço algumas considerações.

Dizia -se antigamente que dinheiro não dava em árvores, a significar que, para ganhar dinheiro, era preciso trabalhar.

Por enquanto, dinheiro está brotando de lugares inusitados. Todo lugar nasce dinheiro hoje em dia. Nasce em gavetas, em salas de apartamentos, em maletas com corridinha ou sem corridinha, em pacotes diversos, em malas de carros, dentro de cuecas, até entre os glúteos de um Senador da República. São pacotes e mais pacotes contendo cédulas de alto valor. De todos os lugares pode nascer dinheiro, quem sabe até de árvores!

Porém, a tecnologia e o aperfeiçoamento dos métodos de investigação estão cercando o crime de tal maneira que, em breve, ouviremos criminosos dizerem, arrependidos que o crime não compensa. Compungidos e circunspectos eles já estão. Algemados parecem sair do andor: cabeça baixa, voz sumida, preocupados com os filhos e cônjuges, pais, irmãos, passam a denunciar antigos comparsas e a tentar jogar sobre estes tudo que fez livre e conscientemente. Ao que parece a desaparecida vergonha renascerá, não mais como mérito da educação ou dos bons costumes, mas da inexorabilidade da punição, da execração pública, além da subtração dos ansiados gozos da fortuna, com a perda do produto e dos proveitos do crime. O fascínio do dinheiro, que abre os olhos da ambição e vaticina a desgraça que se aproxima, ganhará moldura negativa no espírito dos trêfegos e desavisados ladrões.

Vem aí mais uma inovação tecnológica que reduzirá mais ainda a importância da moeda papel: é chamado SISTEMA PIX, que aumentará a segurança nos pagamentos e transferências, que serão instantâneas e, a cada dia, a moeda vai desaparecendo, até sumir de todo. Os ladrões vão ter de criar uma nova maneira de cometer seus crimes.

O império dos sentidos cederá espaço à prevalência do espírito sobre a matéria, pois o corpo nada mais é que o templo temporário do espírito. Sei que vai demorar, mas o que é o tempo? O dinheiro, quando usado para adquirir coisas necessárias, é um bem. Quanto em demasia e voltado para coisas do mundanas, é tão podre quanto as coisas que compra.

 


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