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ORÁCULO

Usar a função pública para cometer delitos revela o pior caráter.


SABIDOS E BOBOS


JOBIS PODOSAN

 

UMA VEREADORA

Se ainda estiver viva MARIA DE LOURDES PINHEIRO está hoje com 80 anos, foi vereadora de Boa Vista, capital de Roraima, por sete mandatos e, quando lá estive, a vi várias vezes  transitando pela cidade e sendo cumprimentada por todos  com reverência, era a VEREADORA LOURDINHA, mansa, serena gentil, preocupada com o povo e por todos respeitada. Muitas vezes a vi entrando nos restaurantes da cidade e todos os comensais que a conheciam levantavam para cumprimentá-la com consideração. Inspirava respeito e tratava a todos e à função pública que exercia, de modo igualmente respeitoso. Era uma simples vereadora, o menor degrau da escala política eletiva no Brasil, porém, quanta dignidade! Daria uma grande Senadora, mesmo hoje idosa, capaz de melhorar a reputação de Roraima na antigamente chamada Câmara Alta, atualmente um simulacro do que já foi. Claro que os senadores, para bem representarem seus Estados, não precisam ser um Rui Barbosa, um Teotônio Vilela ou um Pedro Simon, mas se exige que sejam e pareçam decentes. A representação do Estado hoje é uma lástima, uma tristeza. Uma pessoa, homem ou mulher, deve sempre fazer o que diz, deve dizer o que faz e precisa se conduzir sempre para o ideal do bem comum, desprezando sempre os caminhos que levam à vantagem pessoal. Cometer erros, todos cometem, em maior ou menor grau, mas há erros que nos matam, apesar de continuarmos vivos, cumprindo a pena perpétua pelo erro cometido. Alguns não resistem ao peso da vida depois do fato. A própria vida deixa de valer a pena.

 

O ESCONDERIJO

Usar a função pública para cometer delitos revela aqueles que detém, entre os humanos, o pior caráter. São indivíduos sórdidos. É duplamente covarde: a) Não teve coragem de enfrentar as limitações de ser honesto, de respeitar os outros, de ganhar a vida suando e até chorando, de conseguir as coisas com esforço e sem tomar nada de ninguém; b) mas também não teve coragem de botar o peito na mira da polícia e assumir a sua face de bandido explícito. Quer as facilidades do crime e a aura da honestidade. É somente uma porcaria de pessoa. Pode se manter por longo tempo no fio da navalha, mas, um dia, a campainha toca as seis da manhã e não é o leiteiro, mal dá tempo para esconder alguma coisa em algum lugar onde nunca deveria estar, revelando insuspeita utilidade para tão singular esconderijo.

 

AS RODADAS DO MUNDO

O mundo é dos espertos ou dos bobos? O Sermão da Montanha parece indicar que é dos bobos. As bem-aventuranças falam dos “pobres de espírito”, dos “que choram”, dos “mansos”, dos “que têm fome e sede de justiça”, dos “misericordiosos”, dos “limpos de coração”, dos “pacificadores”, dos “que sofrem perseguição por causa da justiça.” Com certeza aí não estão os espertos e os sabidos, mas os bobos ou os assim considerados com certeza estão. Os espertos continuam roubando, mas, cada vez mais, não sabem o que fazer com o produto do crime. O dinheiro roubado grita pelo dono, denunciando o criminoso, mesmo se escondido no lugar mais escondido do mundo. De início, a falta de caráter ganha de goleada para a pessoa decente, dura até anos -  sem trocadilho - porém o mundo gira pela galáxia, pela órbita e em torno do seu eixo e essas rodadas vão produzindo consequências não desejadas pelos criminosos. A vontade determina o que fazemos, mas a responsabilidade dispensa o elemento volitivo. Ela, a responsabilidade, ou é aceita por nós ou a nós é imposta. Há menos de dez anos, um moço de menos de 40 anos assumia a presidência de uma das maiores empresas do mundo, era um príncipe que assumia o império construído pelo avô. Sua vontade e seus recursos tudo lhes permitia. Seu telefone falava com quem ele quisesse. As pessoas eram medidas em apelidos e cifras. Hoje, pouco parece com o que antes foi, até sumiu, nenhum governante quer falar com ele. Virou um vírus letal à reputação. Deixou-nos a todos uma lição: é possível morrer estando vivo, ressuscitando a morte civil dos romanos. Como ele, há muitos ex-príncipes por esse Brasil afora, muitos presos em penitenciárias outros presos pela falta de liberdade de ir e vir, todos desmoralizados. A nós resta o aprendizado de que viver honestamente é o nosso primeiro dever. Pode parecer conselho de tolo, mas o mundo é dos bobos, que vivem sempre em liberdade, sem medo das rodadas do mundo.

 

A CAIXA DE PANDORA

A Caixa de Pandora é um artefato da mitologia grega, tirada do mito da criação de Pandora, que foi a primeira mulher criada por Zeus. A "caixa" era na verdade um grande jarro dado a Pandora, que continha todos os males do mundo. Pandora abre o Jarro, deixando escapar todos os males do mundo, menos a "esperança". A esperança pode ser vista como um mal da humanidade, pois traz uma ideia superficial acerca do futuro, alguns a usam para esperarem, passivamente, que a vida lhe dê de tudo, sem esforço algum. Este artefato aparece na literatura em português como Caixa de Pandora, termo mais utilizado, ou também como Jarro de Pandora, utilizado em algumas partes do Brasil. O principal motivo da criação de Pandora, segundo a mitologia greco-romana, seria de que Prometeu roubou o fogo do monte Olimpo e levou ao mundo humano, contrariando a vontade de Zeus. Pandora foi criada com um único defeito, a curiosidade. Zeus criou a caixa porque sabia que um dia, a vontade de Pandora a levaria a abrir a caixa e libertar o mal ao mundo humano, castigando-os pelo fogo que haviam recebido contra sua vontade. Estas informações estão disponíveis na Net, mas podemos ver a Caixa de Pandora no Brasil de hoje sob o nome de   Cargo Público Eletivo ou de Livre nomeação, no qual as pessoas sabidas entram e sentem uma curiosidade irresistível de abrir a Caixa de Surpresas Milionárias que tais cargos escondem. Quanto mais caixas a Polícia abre, mais caixas são fabricadas e mais gente sabida vai para a prisão. Depois de apanhados, se fingem de bobos e descobrem que os bobos não são tão bobos assim, são apenas compassivos, que se apiedam dos danos que esses sabidos causam a si mesmos e à família.


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