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PANEM ET CIRCENSE

Há desconfiança de efetivação das tais 85 toneladas de alimentos doadas.


Eleitor dispensa o pão e desdenha do circo

Para acalmar a insatisfação do povo e distraí-lo, a República Romana criou a "panem et circense" ou política do pão e circo, que consistia em doar pães, mesmo, e promover festas, entre elas a mais famosa eram os jogos em que pessoas se digladiavam entre sí, e contra animais selvagens até a morte. Por mais de 100 anos o povo romano foi alimentado com migalhas e distraído com festas.

Sinceramente, é dessa forma como vejo a badalada live de Jalser Renier apresentada ontem. Uma "panem et circense digitalium". O repertório foi sertanejo-brega que sou suspeito em comentar porque não curto esse estilo. Banda e cantor muito bem ensaiados, mas nada nada que músicos de Roraima não fizessem melhor ou igual. E Jalser, reconhecidamente, é afinado, um bom cover.

Agora, a informação de que 85 toneladas de alimentos foram doadas na live, tenho cá minhas dúvidas sobre a sua real efetivação, porque é fácil mandar "Jalser anuncia aí que vou doar 20 toneladas de comida" ainda mais político querendo ficar bem na foto. Mas cumprir essa promessa são outros 500. Quem vai receber e conferir que todas as doações anunciadas foram de verdade doadas e recebidas pelas entidades envolvidas? 

TOMA-LÁ-DÁ-CÁ - Mas foi interessante ver tantos empresários e políticos doando toneladas de alimentos. Empresários que são amigos de Jalser e que acreditam que se Otaci Nascimento for eleito prefeito de Boa Vista, terão contratos de fornecimento para a merenda escolar da PMBV, por exemplo. E políticos, que apoiam Otaci, e que já estão recebendo algum agrado pelo acordo em cargos na ALE e no governo, ou em contratos com empresas de amigos ou familiares que investem em seus mandatos. É o velho e surrado "toma-lá-dá-cá" que brilhou na live.

CARTA DE VESPASIANO - Voltando à Roma Antiga, no ano de 79 d.C. um dia antes de morrer, o imperador Vespasiano escreveu uma carta a seu filho Tito aconselhando-o a terminar a construção do Coliseum que ele havia iniciado para ser a sua grande obra.

 “Tito, meu filho, estou morrendo. Logo eu serei pó e tu, imperador. Espero que os deuses te ajudem nesta árdua tarefa, afastando as tempestades e os inimigos, acalmando os vulcões e os jornalistas”, escreveu Vespasiano.

“Alguns senadores o criticam, dizendo que deveríamos investir em esgotos e escolas. Não dê ouvidos e estes poucos. Pensa: onde o povo prefere pousar seu clunis (bunda): numa privada, num banco de escola ou em um estádio? Em um estádio, é claro", afirmou Vespasiano, completando: “Será uma imensa propaganda para ti”.

“Outra vantagem do Coliseum: ao erguê-lo teremos repassado dinheiro público para os nossos amigos construtores, que tanto nos ajudam nos momentos de precisão", e concluiu, "não esqueça, Tito: para seduzir o povo: pão e circo!”.

IMPERADOR JALSER - Mandando como manda no governo de Denarium, influente e muito bem relacionado no Judiciário, imponente sobre um Ministério Público limitado, e ordenador de quase R$ 300 milhões da Assembleia, Jalser Renier  já vem sendo chamado de "imperador".

É bom saber que nem todo poder dos imperadores romanos, nem o Coliseum, e nem o pão e circo impediram o fim do império de Roma, ocasionado por vários fatores, entre os principais, pela corrupção e pela insatisfação do povo.

Que Jalser lembre de 2018. Dinheiro e estrutura para ele fazer 15 mil votos, e obteve meros 8.004 votos, numa demonstração clara que o eleitor dispensa o pão e desdenha do circo.

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