- 18 de junho de 2025
Sobre silêncios sepulcrais
É de conhecimento público que o presidente da Assembleia Legislativa, Jalser Renier, assumiu o comando da Secretaria da Saúde e em troca disso ele comandou o silêncio sepulcral da votação em que arquivou dois pedidos de impeachment contra Antônio Denarium. Jalser mostrou que comanda geral na ALE tanto que nem os três colegas que pediram o afastamento do governador com base em documentos reveladores, se manifestaram naquela votação sepulcral.
No entanto, esse poder de fazer chover, de abrir um arco-íris para que os deputados possam encontrar um tesouro de contratos e nomeações na Sesau esbarrou no trabalho legal do Tribunal de Contas do Estado. E não adiantou Jalser levar a tira-colo seus obedientes deputados em audiência no TCE para pressionar o órgão a não "atrapalhar" o pagamento de serviços e fornecimentos de empresas ligadas a políticos.
EMPRESA LIGADA A 'TÍTÍO' - Sim, todas as empresas que ganham na Sesau têm um padrinho político. As de contratos mais recentes, também, contam com os políticos que assumiram no ano passado, uns, inclusive, com manifestações públicas de sobrinho lobista agindo em nome de "títío" em contratos de alguns milhões de reais.
Em nota publicada no seu site, o TCE disse que não tem objetivo de “engessar a administração da Sesau” como Jalser reclamou, e sim, apenas adotar medidas cautelares, como a suspensão em até 30 dias de pagamentos de despesas de caráter indenizatório devido à falta de legalidade na cobertura contratual.
Alguns conselheiros entenderam como tentativa de ingerência do presidente da ALE ir com uma tropa de deputados colocar o TCE contra a parede quando o órgão está cumprindo o seu papel. "Jalser deveria usar essa liderança dele para controlar mais o impulso dos deputados que querem que as empresas as quais são ligados, recebam sem que o devido processo legal tenha sido obedecido", comentou com a Coluna um conselheiro.
MÃOS ABANANDO - De resto, não pegou muito bem essa tentativa do chefe do Legislativo pressionar a presidente do TCE para que o órgão relaxe de suas funções para que empresas ligadas a colegas recebam por serviços que não foram devidamente fiscalizados. Não pegou bem até porque os deputados saíram do TCE com as mãos abanando.
É por essas e outras que, ilegalmente, foram pagos adiantados R$ 6,4 milhões por apenas 30 respiradores, sem o correto processo, onde Denarium disse que sabia da compra, mas não teve a curiosidade de perguntar "quanto eles custaram". Fato esse em que todos na ALE mantêm silêncio sepulcral igual igual ao da votação do impeachment do governador.