- 18 de junho de 2025
Chico, baixa a bolaO que para uns é motivo de orgulho, para outros pode ser de vergonha. O senador Chico Rodrigues, por exemplo, vive se auto-elogiando que é o político com maior número de mandatos de Roraima, um de vereador, cinco de deputado federal, um de vice-governador, um de governador e o de senador, tendo perdido apenas uma eleição.
Ok. Certo. Chico campeão de mandatos de Roraima. Mas quantos projetos ele aprovou em 20 anos na Câmara? Quanto em recursos significativos ele liberou para o estado? Qual a obra que ele realizou no estado a não ser -ao que me parece - a instalação daquele mastro com a bandeira do Brasil em frente ao Palácio Hélio Campos?
Nos 20 anos de baixo claro da Câmara, Chico só foi destaque em uma situação, quando ficou conhecido nacionalmente por ser o campeão em outra modalidade: maior consumidor de combustível da história do Congresso Nacional, fato que lhe valeu um segundo apelido dado por Ottomar Pinto: Chico Gasolina. O primeiro, foi "Chico Doido", segundo Ottomar, porque como assessor dele e como vereador de Boa Vista, Chico tinha idéias um tanto quanto "lunáticas" para o conceito de Ottomar, daí, "Chico Doido" das idéias.
Mas, recentemente, devido ao não cumprimento por parte dele em acertos feitos na campanha eleitoral com apoiadores da sua candidatura, ele vem sendo chamado nas redes sociais de Chico Calote.
Isso tudo me lembrou um almoço em 2004 que tive com Ottomar em Brasília, junto com o ex-deputado Elton Ronelht e o jornalista Manoel Lima, meu pai, no Stella Gril, onde Ottomar falou sobre o que ele achava ser o maior erro de um político: a vaidade. E quem conheceu o saudoso brigadeiro confirma que ele era alheio a vaidades.
Ottomar deu como exemplo do que ele se referia o "Triunfo Romano". Quando um general vitorioso voltava a Roma e era aclamado nas ruas pelo povo, na biga que ele desfilava, sempre havia um escravo que, para evitar que o orgulho, a empáfia e a prepotência lhe subissem à cabeça e isso virasse uma ameaça à democracia romana, repetia no seu ouvido a cada 500 metros: “Lembra-te que és mortal!”
Eu penso que, ao invés de orgulho de ter nove mandatos sem um projeto de lei aprovado, sem recursos significativos liberados em 20 anos na Câmara, sem uma obra sequer como governador, Chico Doido ou Gasolina ou dos Calotes, deveria era ter vergonha. E ao invés de contratar um sobrinho de Bolsonaro que nada tem a ver com Roraima com salário de quase R$ 20 mil, deveria empregar alguém que lhe lembrasse todos os dias "Chico, baixa a bola".