MENDIGOS DE AMOR
JOBIS PODOSAN
A INVERSÃO
Os pais desceram tanto dos seus papéis de formadores e orientadores dos seus filhos que viraram provedores de supérfluos dos seus rebentos, tendo estes o poder de escolher o que os pais lhes devem dar, sob pena de se tornarem os “piores pais do mundo”. Quando os satisfazem, ganham abraços e beijos e ouvem um “eu te amo” e um você é “o melhor pai” do mundo, tão falsos quando uma cédula de três reais.
A GUERRA SURDA
Quando insatisfeitos esses filhos agridem os pais “na cara” de tudo quanto é palavrão e os responsabiliza por tudo que acontecer na escola, na rua, na vida. Aliás, esse modo de pensar está na televisão e no cinema, sendo difundidos de tal modo que a crença quase que generalizada é a de que quem tem um filho aproveitável ou bom deve agradecer aos céus de joelhos. Mas o pior de tudo isto é que os pais realmente estão se achando culpados por tudo de errado que os filhos fazem, mesmo sendo os marmanjos já adultos. A forma antiga de família, com divisão de tarefas entre os pais, não é mais aceita. Pai e mãe passaram a ser funções, eliminando-se a divisão pelo gênero. É pai/mãe e mãe/pai. Ambos são provedores e ambos devem repartir as tarefas domésticas. Nesse espaço criado pela não substituição satisfatória do modelo antigo, os filhos tornarem-se soberanos. Descobriram que podem manejar a ambos, não sendo raro crianças de 5, 6, anos exercendo domínio pleno sobre os pais, pondo um contra o outro e tornando-se adultos precocemente, pois passaram a ter direito à privacidade, sem a maturidade necessária para discernir entre o certo e o errado.
QUEM DETÉM O PODER
Há uma figura antiga, já pouco mencionada no direito de prevalência das minorias e dos supostamente mais fracos, que merece ser relembrada, pois ela está presente em nosso cotidiano, não mencionada, mas fortemente praticada.
Chama-se direito potestativo, que pode ser definido como aquele direito que não admite contestações. É prerrogativa jurídica de impor a outrem a sujeição ao seu exercício, Atua na esfera jurídica de outrem, sem que este tenha algum dever a cumprir. Certas pessoas e grupos passaram a ter direito absoluto de impor a sua vontade. Foram criados Estatutos diversos criando direitos sem obrigações. A própria Constituição está repleta de direitos sem obrigações, criando antagonismo pesado entre que têm o direito e aqueles que tem a obrigações de provê-los.
DIREITOS E OBRIGAÇÕES
Esquecido, também, nesta fase em que vivemos, outro principio outrora fundamental: não há direito sem obrigação, sendo esta a fonte daquele. A obrigação origina o direito. A rigor, da obrigação é que nasce o direito. Todos temos obrigações a partir de certa idade ou até certa idade e/ou condição. Os destinatários de direitos aumentam a cada dia enquanto diminui o número de obrigados. Existe cada dia mais gente abandonada e pedindo ajuda do poder público, o que nada mais é que todos nos reunidos. Passou a ser u objetivo individual viver sem prover a própria subsistência, transferindo a outrem essa tarefa e achando-se injustiçados quando não encontram quem realize a tarefa.
O DIREITO PREMIAL
Esboça-se, hoje, um novo direito, denominado Direito Premial, visível nas relações familiares. As pessoas têm direito, porque “merecem”. E merecem porque são filhos, ainda que não cumpram as suas obrigações. O mau desempenho escolar é premiado com uma viagem à Disney ou uma coisa nova, tudo a fim de evitar graves conflitos psicológicos aos rebentos.
Tudo isso é novo. É bom ou ruim?
O futuro nos dirá ou será que o presente já não está nos dizendo?