NAVEGAÇÃO DE CABOTAGEM (4)

JOBIS PODOSAN

La excarcelación no es la libertad. Se acaba el presídio, pero no la condena. Victor Hugo en les Miserables

A PENA DE LIBERDADE

​Não sei se de propósito, não sei se através das linhas tortas que às vezes a justiça realiza os fins do Direito, mas o Supremo Tribunal Federal, há algum tempo, no caso de alguns  juízes que cederam ao aceno do dinheiro fácil, ao libertar os magistrados da prisão provisória e não decretar a prisão preventiva, aplicou, ainda que em decisão não definitiva, o castigo que tais supostos magistrados, na verdade merecem. Neste caso, a liberdade é a punição. A prisão, para eles, é prêmio. Merecem estar soltos, sob as vistas diretas dos outros juízes, dos serventuários da justiça, das pessoas que eles condenaram, dos vizinhos, dos ex-amigos, do povo em geral. Vi certa vez um Desembargador, que tinha sido afastado da magistratura, numa agência bancária de clientes especiais. Ele parecia uma fera acuada, de olhos baixos, não encarando ninguém, até a atendente notou o desconcerto do cujo, perguntando-lhe se estava sentindo alguma coisa.

Agora vemos um ex-presidente sair da prisão com ares de herói e começar a sumir dentro da sociedade. Cada dia menos gente a rodeá-lo, como se estivesse contaminado. O rastro de crimes de que foi acusado está na mente de todos, até dos que dele gostavam. A similitude que buscou com Nelson Mandela não enganou ninguém. Mandela saiu da prisão para ser Presidente, o daqui foi para a prisão por ter sido Presidente!

É preciso que esses condenados sintam o olhar das pessoas, aliás, melhor ainda seria se tivessem que fazer conferências perante os auditórios nos quais pregaram quaresma, travestidos de gente honesta, escondida a face satânica. É preciso tomar tudo de bens que subtraiu, para si ou para parentes e agregados e puni-los com a pena de liberdade vigiada, deixando a sociedade vê-los como são e não como vítimas em razão da prisão. É preciso cumprir a pena junto da sociedade que ludibriou.

O MOMENTO DA BRINCADEIRA

Patrícia Lopes da  Equipe Brasil Escola, escreveu que “o momento da brincadeira é uma oportunidade de desenvolvimento para a criança. Através do brincar ela aprende, experimenta o mundo, possibilidades, relações sociais, elabora sua autonomia de ação, organiza emoções. Ás vezes os pais não têm conhecimento do valor da brincadeira para o seu filho. A ideia muitas vezes divulgada é a de que o brincar seja somente um entretenimento, como se não tivesse outras utilidades mais importantes. Através do jogo, a criança compreende o mundo à sua volta, aprende regras, testa habilidades físicas, como correr, pular, aprende a ganhar e perder. O brincar desenvolve também a aprendizagem da linguagem e a habilidade motora. A brincadeira em grupo favorece alguns princípios como o compartilhar, a cooperação, a liderança, a competição, a obediência às regras. O jogo é uma forma da criança se expressar, já que é uma circunstância favorável para manifestar seus sentimentos e desprazeres. Assim, o brinquedo passa a ser a linguagem da criança. Muitas vezes os pais não permitem que o filho passe por todas as etapas do seu desenvolvimento, e eles fazem isso quando tolhem as brincadeiras, exigem organização, por acharem que estão contribuindo para a maturidade da criança, quanto à aquisição de alguns comportamentos, como por exemplo, o de limpeza. A imposição de tarefas exaustivas, as incompatibilidades de horários da família são outros fatores que podem impedir as brincadeiras livres. É de suma importância que a família tenha consciência das marcas que a sua postura de não disponibilizar flexibilidade para as brincadeiras pode deixar na criança. Além disto, vale lembrar também que é um direito garantido pela Constituição.”

A GANA POR VENCER

Quem completa 16 anos de idade será na vida aquilo que fez nos seus anos iniciais da existência. Não há animal que precise de tanto tempo para se definir. Para nós humanos até os 16 anos está tudo definido. A estrutura está posta, faltando apenas os enchimentos. Há quem sustente que aos 7 anos já somos o que seremos. Ensinar os filhos a brincar até os 16 anos é fazer dele sua vítima. Não adianta estudar em faculdades, fazer cursos e mais cursos, só dará certo como exceção, aquele que daria certo mesmo que fosse criado por uma loba. Faltar-lhes-á a gana por vencer. A visão da especialista acima citada nem bonita é. É apenas fora da realidade da vida. Quem aprende somente a brincar a única coisa que fará na vida é brincar. A infância é momento de aprendizado de tudo, inclusive de trabalhar. Aos dezesseis anos muitos adolescentes já são pais e mães, estão aptos para a vida sexual e podem até casar. Ensinar a brincar o tempo todo e dizer a eles que o trabalho é uma coisa indigna, que que envergonha. O que fazer com os homens e mulheres que completam 18 anos e não sabem o que querem da vida, senão o aconchego materno e paterno? Estamos formando uma sociedade de príncipes e princesas em regime republicano, no qual os particulares cuidam do público, para o bem de todos e do particular para alcançar seus próprios fins.