- 03 de julho de 2025
De político preso a preso políticoA Lava Jato executou um ato inusitado, para não dizer inédito: os procuradores se anteciparam e já concederam a Lula o benefício da progressão do regime fechado para o semi-aberto antes que a defesa dele requeresse a progressão. Por que isso? Porque de político preso, Lula, por méritos das ilegalidades cometidas pela Lava Jato, se tornou em preso político, vítima dessas aloprações de Deltan Dalagnol e Sérgio Moro, reveladas nas conversas vazadas pelo The Intercept Brasil.
Ajuda pra ferrar Lula
Contribui para essa vitimização de Lula, além dos vazamentos das conversas nada legais e honestas dos procuradores e Moro, um fato novo que é o livro de Rodrigo Janot, "Nada menos que tudo", que no capítulo 15, "Um objeto de desejo chamado Lula", é relatado que Janot recebeu Dalagnol em Brasília. Dalagnol queria acusar Lula de corrupção passiva (posse do triplex) e lavagem de dinheiro (disfarçe da posse do triplex), isso para que Lula, sendo condenado nas duas acusações, pegaria mais de oito anos, e isso daria regime fechado.
Manipulação do processoA conversa, como Janot conta, foi para efetivar o power point em que Dalagnol colocou Lula como chefe de uma organização criminosa, tendo a Procuradoria da República, na pessoa de Janot, para processar o PT que estava com denúncia na PGR. Janot se negou a atender o pedido de Dalagnol por entender que o que ele pedia seria manipular o processo porque a ordem processual não era essa. Janot conta que Dalagnol se irritou com a sua negativa.
Tinha que pegar acima de 8 anos
Janot conta no livro que Dalagnol precisava justificar o power point, dando a entender que via esse artifício da Lava Jato como clara manipulação do processo que queria a todo custo condenar Lula. E Lula condenado com pena acima de oito anos em regime fechado, não participaria ativamente do processo eleitoral. Por isso, "Um objeto de desejo chamado Lula". Até agora, ninguém da Lava Jato desmentiu Janot.
Quando Lula foi preso ninguém sabia:Que Sérgio Moro, durante o inquérito, sugeriu a Dalagnol uma testemunha de acusação contra Lula.
Descontente com a atuação de uma procuradora por não pressionar direito Lula, Moro reclamou disso a Dalagnol que trocou a procuradora.
Dalagnol confessou que usou o power point como truque para agravar a situação de Lula, e Moro, ao invés de repreender Dalagnol, o parabeniza.
Moro confessou a Dalagnol que, sim, divulgou uma conversa de Dilma e Lula conscientemente de forma ilegal, e que fez de caso pensado.
Fora tudo isso, ainda há a condução coercitiva ilegal que Moro determinou contra Lula.
Difícil?
Diante desses pontos acima, é difícil acreditar que o Supremo Tribunal Federal ainda irá considerar Sérgio Moro acima de qualquer suspeita na condenação que deu a Lula?
Aloprados de togas
Com tudo isso vindo à tona, essa turma destrambelhada da Lava Jato acabou transformando um político preso, num preso político condenado por meio de manipulação processual de um juiz e de procuradores, que seriam, para alguns juritas, classifcados como formação, se não de quadrilha, de aloprados de togas.
Prisão
A decretação da prisão do conselheiro Henrique Machado, do Tribunal de Contas de Roraima, pode ser anunciada ainda hoje. Henrique Machado foi condenado a 11 anos de prisão em regime fechado acusado de envolvimento no esquema de uso de "laranjas" no chamado Escândalo dos Gafanhotos, debaratado pela Polícia Federal há 16 anos.
Único não julgadoDe todos os reús que tiveram mandatos eletivos, apenas o ex-deputado Berinho Bantim não foi condenado. O homem do milagre da multiplicação dos bens, Mecias de Jesus, que operou o fantástico crescimento patrimonial de meros R$ 52 mil em 1998 para mais de R$ 1,3 milhão em 2012, quando por oito anos foi presidente da Assembleia Legislativa, nunca foi julgado.
Malandragem
Mecias de Jesus usou de 'malandragem' chamada de chicana jurídica, que consiste em uma das parts do processo procrastinar, atrasar de todas as formas judiciais o julgamento. Mecias, arrumou testemunhas que a justiça nunca encontrou por morarem no interior de outros estados, além de outras que com foro especial, levaram mas de um ano para testemunhar o que nada de consistente ao processo, falaram.
A cara do país
Mecias mais a mulher Darbilene Rufino, o sogro e o cunhado, são réus acusados de desvio de dinheiro público, apropriação indébita de salários de servidores "fantasmas" e formação de quadrilha. Graças à leniência da justiça, o milagreiro nunca foi julgado e agora é senador. Realidade que é bem a cara do país