- 03 de julho de 2025
A arma da incompetência e do despeito
Há um trecho do filme "Dúvida", do diretor John Patrick Shanley, em que um padre interpretado pelo ator Philip Seymour Hoffman, exemplifica durante o sermão, o estrago que a difamação faz na vida de uma pessoa. Abaixo, reprodução desse sermão exibido no filme:
"Uma mulher fofocou sobre um homem que não conhecia. Sei que nenhum de vocês faz isso. Certa noite ela teve um sonho. Uma mão surgiu sobre ela e apontou na sua direção. Ela foi tomada por um sentimento de culpa. No dia seguinte ela foi se confessar. Procuru um velho padre, o padre Rourke, e contou-lhe tudo.
"Fofocar é pecado?", ela perguntou ao velho padre. "Era a mão e Deus me apontando? Devo pedir o seu perdão? Padre, diga-me, fiz algo errado?"
"Sim", padre Rourke lhe respondeu. "Sim, mulher ignorante e mal educada! Criou falso juízo contra o seu próximo. Você foi irresponsável com a reputação dele. E devia estar realmente envergonhada."
A mulher disse estar envergonhada e pediu o seu perdão. "Não tão rápido", disse o padre. "Vá para casa, pegue um travesseiro e leve ao telhado. Corte com uma faca e volte aqui."
A mulher foi e pegou uma faca na gaveta, subiu no telhado e cortou o travesseiro.
Então voltou ao velho padre, como foi combinado. "Você cortou o travesseiro com a faca?", perguntou o padre. "Sim", ela respondeu.
"E o que aconteceu", ele perguntou.
"As penas voaram", respondeu a mulher.
"As penas voaram?" ele repetiu.
"Todas as penas, padre", ela confirmou.
"Agora quero que você volte e junte até a última pena que o vento levou", ordenou o padre.
"Eu não tenho como fazer isso", ela respondeu. "Não sei para onde elas foram. O vento levou todas", justificou a mulher.
"É o que está havendo com os boatos", concluiu o padre Rourke."
Os boatos em Roraima, em muitos casos, são vistos e tidos como 'verdadeiras verdades'. E ganharam espaço muito maior com as redes sociais. Desafetos espalham tudo de pejorativo a discriminatório e difamatório contra o outro. E no meio político não é diferente. Romero Jucá, por exemplo, como tem abordado o professor Haroldo Cathedral nas reuniões políticas que participa, não tem nenhuma condenação judicial. Teve 13 inquéritos abertos pela Procuradoria da República, dos quais, cinco foram extintos por falta e provas a pedido da própria Procuradoria da República. Mas seus adversários o difamam espalhando que Jucá é isso e aquilo, sem provas, sem julgamento e sem condenação alguma.
Um inquérito, dos 13 apresentados, virou ação judicial. O que não é nenhuma certeza de que algum crime foi cometido, e que haverá condenação porque é nesse momento que a defesa do senador será apresentada, analisada, e ninguém, nenhuma autoridade de Brasília, quanto mais os fofoqueiros de Roraima, têm qualquer certeza sobre o resultado desse processo que será julgado pelo Supremo Tribunal Federal.
Com certeza, o amigo leitor já foi vítima ou conhece alguém do seu ciclo social que teve reputação abalada por difamação e calúnia, que são as armas que os incompetentes, invejosos e mal amados encontram para saciar, justamente, essas carências.
Julgar sem conhecer os fatos, aceitar como verdades o que é boato, é se deixar usar. É se transformar em vento que espalha mentiras que destroem vidas.