- 03 de julho de 2025
Caso hipotético
Imagine, amigo leitor, que há dois anos, o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, doido para cassar Dilma Roussef, tivesse um cheque de uma empresa sua no valor de R$ 5 milhões, sido encontrado em uma pasta de Michel Temer, que acabara de renunciar deixando o caminho livre para Cunha tirar Dilma e assumir o governo?
Reação
A Procuradoria da República, junto com a OAB, com mais uma meia dúzia de partidos políticos ingressariam com ações judicias e pedidos de investigação da Polícia Federal, e no Conselho de Ética da Câmara, para que Eduardo Cunha fosse afastado imediatamente, e processado junto com Temer por corrupção ativa e passiva, por golpe institucional e risco à ordem pública.
Sem dúvida
Quem duvidaria que Cunha, cheio da grana e obcecado para assumir o governo, e Temer, achando que nunca assumiria, não acertaram a tal propina?
Ilustração
Essa situação fantasiosa citada acima, ilustra o estrambólico, desastroso e tabajárico caso do cheque de R$ 500 mil, de Jalser Renier, conhecido como ‘menino de ouro’ pela fortuna que tem, encontrado numa mochila de Paulo César Quartiero, que acabara de renunciar, deixando o caminho livre para Jalser cassar a governadora e assumir o governo.
Pode atrapalhar
Só que, quase duas semanas depois do escândalo vir à tona em Roraima, a OAB roraimense, nenhum partido político, e nem o MPE pediu o afastamento de Renier, que em caso desses, em qualquer sociedade séria, se afastaria ou seria afastado. Como presidente da Assembleia Legislativa, Jalser pode atrapalhar, se quiser, o andamento de qualquer investigação desse mote.
Movimento estranho
Tanto pode atrapalhar que, já circula suspeitas sobre o MPE que, estranhamente, entrou na justiça para pegar o cheque de Jalser, que estava sendo periciado ela Polícia Civil. É de se esperar, então, que o MPE encaminhe para a Polícia Federal analisar a prova, e não enviar para outra instituição.
Tem que afastar
A OAB roraimense se mostra acanhada diante de um fato grave desses. Jalser Renier não tem, nesse momento, condições alguma de continuar à frente de um poder onde pode muito bem usar de influência. E em nome da lisura, da consciência tranquila, e da inocência presumida, que ele se afaste ou seja afastado pela justiça.
Ninguém foi ouvido até agora
Repete-se: é muito grave um cheque de R$ 500 mil do maior beneficiado – talvez único – do prenunciado afastamento da governadora, ser encontrado na mochila de quem renunciou para lhe deixar o caminho livre. E nenhum dos dois, quase duas semanas depois, sequer foram ouvidos de forma oficial pelo MPE e pela justiça?
Fortalece suspeita
É justamente por essa demora em ouvir Jalser e Quartiero, que fortalece que o primeiro, presidente da ALE, pode influenciar todo esse processo estando sentado onde está.
Deixou Temer surpreso
O presidente Michel Temer foi surpreendido ontem pelo deputado Gerson Chagas, que preside o Parlamento Amazônico, durante audiência no Palácio do Planalto, quando forneceu os dados de imigração e permanência de venezuelanos em Roraima, e falou sobre a realidade da fronteira sem fiscalização adequada, de onde armas, drogas, doenças e produtos contrabandeados estão entrando com facilidade no estado.
Controle de fronteira
“Estamos praticamente sem controle na fronteira diante da demanda diária que multiplicou em mais de cinco vezes em três anos. Precisamos urgentemente de um controle sanitário de fronteira, que impeça o estrangeiro de entrar sem ter sido vacinado contra febre amarela e malária, por exemplo. Precisamos de um cadastro em que o estrangeiro possa ser identificado caso se envolva em alguma irregularidade”, defendeu Chagas.
Burocracia
Quando à segurança pública, Gerson Chagas, informou ao presidente que as ocorrências policiais envolvendo venezuelanos, também cresceram na mesma proporção, e que as polícias Civil e Militar do estado estão sendo prejudicados pela burocracia. “Coletes e armas que constam para serem liberadas para o estado dentro do programa nacional de segurança pública, levam em média um ano para serem liberadas pelo Exército, daí, muitos coletes são usados já com prazo de validade comprometido”, reclamou.
Colapso
Chagas, ainda informou que, oficialmente, hoje, cerca de 55 mil venezuelanos estão em Roraima. Porém, se for somado ao número dos que estão clandestinamente, esse contingente pode subir para 80 mil hermanos. “Há uma previsão de que em menos de um ano Roraima entrará num colapso social, principalmente na saúde pública. Hoje, praticamente 1/3 da população de Boa Vista é de venezuelanos que têm mais necessidades de hospitais, moradia e comida que os roraimenses. Daí essa previsão e colapso diante da estrutura e recurso de dispomos”.
Por falta de provas e excesso de prazo
Depois de 14 anos em que nada se provou nas investigações que promoveu contra Romero Jucá, o Ministério Público Federal pediu arquivamento daquela ação em que o ex-prefeito do Cantá, Paulo Peixoto, foi gravado dizendo que 10% de uma obra era para ‘o senador’.
Nada provado
Para a Polícia Federal e para o Ministério Público Federal, o senador em questão era Romero Jucá. O prefeito não provou o que disse para justificar o suposto desvio de verba. As investigações não pegaram nada que comprometesse Romero, mesmo quebrando os seus sigilos bancário e fiscal.
Procuradora chefe pediu arquivamento
Daí, depois de 14 anos de investigações em que nada se verificou o envolvimento do senador com a acusação, a procuradora chefe do Ministério Público, Raquel Dodge, em despacho ao Supremo Tribunal Federal, pediu o seu arquivamento.
Quem arca com o prejuízo?
Esse inquérito só causou desgaste político e danos à imagem de Romero Jucá, como se comprova agora. E fica a pergunta: quem arca com um prejuízo desses. Quem arca com os danos morais, financeiros e emocionais quando o cidadão comum é vítima de um erro de investigação, de um erro de acusação, e de uma injustiça processual dessas?
Julgamento da imprensa
Para Romero Jucá, mesmo com o reconhecimento do erro do Ministério Público, ainda é divulgado pela imprensa que a justiça é lenta, é inoperante e que se rendeu a um conluio para livrá-lo. Ou seja, Romero Jucá continua sendo culpado no julgamento da imprensa, tendo a justiça como cúmplice dele. O fato de se pedir o arquivamento porque em 14 anos não se encontrou nenhuma prova para que ele sequer se tornasse réu, não existe.
Diferente de ti, Getúlio
Situação bem diferente, da do professor de todas as dragagens, Getúlio Cruz, que como réu, foi condenado em 2004 a pagar mais de R$ 40 milhões por desvio de dinheiro da lunática obra da dragagem do rio Branco, e desde lá não se sabe do que foi feito disso, há 14 anos, também.