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Edersen Lima - Lisboa

Memento mori


Memento mori
Poucos meses antes de derrubar no Tribunal Superior Eleitoral o governo de Flamarion Portela, em 2004, Ottomar Pinto, eu, mais Manoel Lima e Elton Ronelth almoçávamos no Stella Gril, em Brasília, quando ele comentou - não me lembro o que puxou essa conversa - sobre a vaidade na política e de políticos, e do que ocorria na Roma Antiga, quando generais retornavam de suas vitoriosas batalhas, e o povo aplaudia o herói que iria ser homenageado no Senado Romano. 'Era o memento mori', que em latim quer dizer 'lembras que és mortal', traduziu o saudoso brigadeiro.


Evitar vaidades e manter o pé no chão
Ottomar nos contou que enquanto o general vitorioso seguia em sua biga - aquela carruagem própria de batalhas -, a cada 300 ou 500 metros, um escravo que o acompanhava andando, subia na biga e lhe dizia algumas verdade tipo 'venceu porque lá só tinha mulheres, crianças e velhos'; 'o general tal é muito melhor que tú'; e a frase eterna nessas ocasiões: 'Lembra-te que és mortal".
Segundo ensinou Ottomar, aquilo era para que o sucesso e a vaidade das vitórias conquistadas não subissem à cabeça dos destemidos e bravos generais, o que, com certeza, evitaria confrontos e brigas de poder com o Senado. 


Exemplo aqui
Ottomar Pinto foi o maior líder político de Roraima. Militar com quatro cursos superiores como Engenharia Civil, Economia e Medicina. Profundo conhecedor da psicologia e da sociologia política macuxis, ele dizia que os políticos locais perdiam eleições porque não sabiam se unir, e não sabiam se unir por vaidades e despeitos pessoais.


Exemplo ali
Ottomar foi avesso às vaidades. Mesmo governador, quando em viagens oficiais, dormia em instalações militares e não em hotéis de luxo. Tratava o povo e a política com simplicidade e austeridade. Já com os adversários, aplicava todo o rigor da lei e da estratégia da desconstrução política. Não ostentava. Se vestia com enorme simplicidade, daí o povo se identificar tanto com ele, em ser simples, duro e enérgico, mas com boas intenções.


Consciência
Talvez, Ottomar, tivesse dentro dele a consciência de que também era mortal no sentido de que poderia perder batalhas eleitorais, como chegou a perder, e por isso, lutou para que o veneno da mosca azul, que inevitavelmente pica todo político de sucesso, não lhe envenenasse a consciência.


Uma grande verdade
A vaidade, como disse naquela ocasião o velho brigadeiro, é que faz o político perder as oportunidades. Os políticos não gostam de ouvir críticas, e muito menos têm por perto gente que lhe assopra os ouvidos de que são mortais, de que existem outros melhores que eles, e que têm que fazer o que prometeram fazer, porque o povo não é burro.
Pode ser que o velho brigadeiro tenha dito aquilo porque estivesse fora do poder. Mas o que disse não deixa de ser uma grande verdade.


Gafanhotos e prisões
A reeleição de Neudo Campos em 1998 foi o início da situação que ele vive hoje: preso domiciliar acusado de roubo de dinheiro público e condenado por isso a quase 70 anos de prisão. Em 2000, se achando 'rei' de Roraima, e querendo a todo custo tirar Édio Lopes da presidência da Assembléia Legislativa, Neudo criou a 'folha de gafanhotos' para que os deputados estaduais tarados por dinheiro público, efetivassem o esquema de gafanhotagem que acabou foi levando mais de 50 pessoas para a prisão, entre elas, Darbilene Rufino, mulher do então presidente da ALE, Mecias 'milagreiro' de Jesus.  O milagre da multiplciação dos bens de Mecias iniciou, coincidemente, na mesma época.


Derrota humilhante
A vaidade de Neudo, em querer mandar e desmandar no estado, lhe impôs derrota humilhante em 2002, seis meses depois de deixar o governo. Ficou em quarto lugar na disputa para o Senado.


Igual a Neudo
Anchieta Júnior, tão vaidoso quanto, que só acredita em elogios, esqueceu o que aconteceu com Neudo, e esqueceu que a sua eleição em 2010 foi de menos de 1% de votos de diferença. E foi um 'asno' em não refletir que, do eleitorado que votou nele, pelo menos, 50% estava decepcionado, e que não votariam nele de jeito nenhum para o Senado. Resultado, Anchieta, igual Neudo, deixou nove meses de governo na mão de substituto que não reverteu votos para ele. Perdeu vergonhosamente a eleição com menos de 50% dos votos de quem se elegeu, justamente porque o eleitor preferiu se vingar nas urnas.


Revolta e não mérito
Hoje, de novo, Anchieta acredita ser o que o eleitor quer. Não entendeu, ainda, que o eleitor está na realidade é revoltado com dona Suely Campos e sua parentada bem empregada, e por isso, acha ele menos pior. Ou seja, não por mérito e sim, por consequência da incompetência alheia, mas Anchieta acredita é nos elogios e por isso, não aceite sua atual posição nas pesquisas.


Sem simancol
Dona Suely, também, com ouvidos só para escutar os elogios vassalos de sua parentada e de seus assessores, é candidata à reeleição. Não tem simancol algum de que faz o pior governo da história de Roraima. 
A vaidade tem disso, faz com que as pessoas acreditam que são o que não são e nunca serão.


Só elogios
O presidente da ALE, Jalser Renier, é outra vítima de só escutar elogios. Críticas e advertências à estratégia de ser candidato ao governo, não lhe interessam. Adora ouvir o voluntarioso George 'PF" Melo lhe dizer que 'está eleito'. E não se atem direito ao que as pesquisas que ele próprio encomendou mostram de como está sua posição diante de Teresa Surita, diante de Anchieta e diante de dona Sula.
Sim, elogios enganam, ainda mais quando quem o faz é justamente para que o elogiado saia do seu caminho..


Reflexão sobre 80%
E tem Teresa Surita, que deve observar que, se há quem a elogie e lhe aponte como imbatível para o governo no ano quem porque foi reeleita com 80% dos votos, há quem analise que a eleição foi só em Boa Vista, e os 80% foram quase obrigação dela diante de concorrência tão fraca. Não cabe vaidade nisso.


Toda ascensão tem uma queda
O 'memento mori' que Ottomar se referiu naquele almoço foi além da vaidade política. Se referiu à arrogância e à prepotência que estão acima de se levar uma vida mais reta, digna, de simples cultivo de valores como honestidade e hombridade. Por isso, sabermos no que tantos - quase todos - políticos se tornam da noite pro dia na política.
Disso, apenas um exemplo: para quem e como dona Suely governa, se não de forma a olhar primeiro para os seus, dando-lhes benefícios, relaxando quanto às necessidades da coletividade, e esquecendo as lições das urnas que mostram que todos são mortais. Que toda ascensão, tem uma queda. Rasa e curta ou profunda e longa.

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