- 11 de julho de 2025
Ouviu ou não ouviu?
No mês passado, a Coluna publicou informação apurada junto ao promotor chefe da operação Cartas Marcadas, Marco Antônio Azevedo, que o Ministério Público Estadual iria ouvir o advogado Frederico Leite, depois de duas semanas que ele foi denunciado por tentativa de obter com presos da operação, delação falsa contra adversários da governadora dona Suely Campos.
Tratamento especial
Depois de um mês dessa promessa do promotor Marco Antônio, a Coluna quis saber se realmente o MPE intimou e ouviu Frederico Leite que, notadamente, vem recebendo tratamento diferenciado - mais para especial do promotor - em relação, por exemplo, a outro advogado, Vital Leite, que, por ter sugerido a um ex-cliente a não fazer a delação premiada, teve pedido de prisão feito pelo MPE por obstrução da justiça, e Frederico Leite, que levou proposta do manda-chuva Neudo Campos, como sugere a conversa gravada por uma das presas com Frederico Leite, para fazer delação falsa, criminosa, contra adversários da governadora, nada sofreu. E sequer o MPE teve atenção ou pressa em querer ouví-lo depois que foi denunciado em entrevista coletiva.
Prevaricação
Mais de duas semanas depois de denunciado de prometer benefícios a presos da Cartas Marcadas, em troca de delação criminosa, Frederico Leite ainda não tinha sido ouvido pelo MPE.
De acordo com alguns advogados procurados pela Coluna, tanto o promotor Marco Antônio, como o MPE, demonstram dar tratamento especial ao advogado da governadora que é casado com uma sobrinha dela. Essa demora e passividade em apurar a gravação em que aponta Frederico Leite como interlocutor de uma proposta criminosa feita com consentimento de dona Suely Campos, caracteriza clara prevaricação, passiva de denúncia grave ao Conselho Nacional do Ministério Público.
Evitou responder
Em resposta à Coluna, a assessoria de imprensa do MPE, que não seria jamais o setor a falar pelo órgão, e sim, o promotor Marco Antõnio ou algum membro do MPE, disse:
1) Que no dia 25 de agosto deste ano, o blog Fonte Brasil, na pessoa do jornalista Edersen Lima, realizou entrevista EXCLUSIVA sobre a pauta, no entanto, desvirtuou as informações prestadas pelo Excelentíssimo Promotor de Justiça Marco Antônio Bordin de Azeredo, coordenador do GAECO, conforme consta em gravação previamente autorizada pelo senhor repórter.
2) Todos os dados relativos às investigações serão esclarecidas, no momento oportuno, à sociedade roraimense, a quem de direito deve ser informada.
Argumento velho e batido
Pela resposta da Ascom, que assumiu a palavra que sria do promotor Marco Antônio, não diz em que a entrevista dele foi desvirtuada, e muito menos, passado um mês da entrevista, a Ascom não fez seu papel de buscar corrigir o que supostamente foi desvirtuado. Isso, na imprensa, é visto e tido como argumento velho, surrado e batido para se evitar entrevistas indigestas.
Tem que dar satisfação
Outro ponto, 'os dados relativos às investigações serão esclarecidas, no momento oportuno, à sociedade roraimense, a quem de direito deve ser informada'. Ora, qual o papel da imprensa, se não o de informar à sociedade sobre o que ocorre, inclusive, sobre prevaricação dos poderes constituídos, e de ações e acordos espúrios firmados entre tais poderes constituídos?
O que o MPE não responde
A Coluna questionou o promotor Marco Antônio, sobre:
* "Passados quase 50 dias desde a formulação da denúncia, feita em entrevista coletiva à imprensa, que os advogados Frederico Leite, que advoga para a governadora Suely Campos, e Angelo Peccini, que trabalha no governo, propuseram vantagens e benefícios a três detidos da operação, em troca de delação falsa, por tanto um crime previsto em lei, os senhores promotores já realizaram checagem se a gravação feita é verdadeira?"
* "Os promotores já intimaram os advogados a prestarem esclarecimento sobre o que foram propor, e se já prestaram esclarecimentos, qual o entendimento dos promotores, houve ou não tentativa de obstrução à justiça ou mesmo de outro crime previsto em lei; e quais as medidas os promotores tomaram?"
* "Lembrando que os promotores pediram a prisão do advogado Vital Leite, porque ele, não sendo mais defensor de um dos detidos, o aconselhou a não fazer delação premiada, e no entanto, advogados da governadora e do governo, que também não defendem os presos, propõe delação falsa, e s promotores até a data de hoje não trataram com o mesmo entendimento e rigor, e nem informaram quais medidas tomaram. Assim, o que os promotores têm a dizer sobre sobre esse aparente 'dois pesos e duas medidas', ainda mais quando na gravação os advogados dão a entender que haveria facilitação do MPE na proposta de delação falsa?"
* "Qual medida os promotores tomaram em relação à carta de pedido de socorro feito por uma detenta, que afirmou está sendo ameaçada?"
* "Por que tanto tempo para o MPE ouvir os advogados da governadora?"
* "O MPE está de conluio com o governo na proposta de delação falsa feita pelos advogados da governadora, como eles dão a entender na gravação?"
* "MPE é um órgão público que tem obrigação de prestar informação à sociedade. A denúncia feita contra os advogados da governadora e do governo, não merece que os promotores prestem total esclarecimentos sobre o que foi denunciado e que providencias tomaram a respeito?"
As conclusões que se chega
Pela negativa do promotor Marco Antônio em responder às perguntas acima, o amigo leitor tire suas conclusões sobre:
Frederico Leite, advogado da governadora, recebeu e recebe tratamento especial do MPE?
Para o promotor, advogado sugerir a ex-cliente não fazer delação premiada é crime, para advogado da governadora propor delação falsa e criminosa, não?
E dar satisfação à sociedade que paga seus salários e demais benefícios que somam mais de R$ 30 mil mensais, 'só no momento oportuno', assim, quando as coisas caem no esquecimento?
Erros e erros no Sistema Prisional
Em entrevista à rádio Folha, o relator da CPI do Sistema Prisional, deputado Jorge Everton foi direto no ponto: '“Há muito tempo que nosso sistema prisional carece de investimentos. O que se tem visto são ações e obras paliativas, aumentam alas, reformam outras, ampliam o número de celas e hoje o que temos é uma estrutura extremamente precária”, disse. “Temos uma Cadeia Pública que foi interditada em virtude da superlotação e o preso preventivado passou a ser mandado para a Pamc, junto a presos já condenados. É um absurdo juntar presos de regimes diferentes'.
Apurar os contratos
A CPI, além de apurar as condições de funcionamento do Presídio de Monte Cristo, vai apurar os negócios firmados pela Secretaria de Justiça, comandada è época pelo primeiro sogro, Josué Filho. O contrato de fornecimento de quentinhas com majoração em mais de quase 200% do que o governo pagava meses antes, no governo de Chico Rodrigues, é um dos casos que estão sendo investigados.
Festival de estórias mal contadas
Amigo leitor, pense em umas estórias mal contadas e cabeludas que são as duas versões dadas pela estudante Maria Aparecida Nery Melo, 19 anos, ex-amante do senador das melancias Telmário Mota, casado, 58 anos, para negar o boletim de ocorrênia que ela registrou contra ele por agressão física (socos, chutes e mordidas).
Esses três anos e meio, que Maria diz no primeiro depoimento ter vivido "matiralmente" com Telmário mostram que ela adquiriu o jeito fantasioso dele contar suas versões de fatos, isso, lembrando as duas mirabolantes razões que ele criou para justificar a sua prisão na operação Galo de Ouro, em flagrante presença em uma rinha de galos.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, Telmário Mota afirmou que nunca que teve qualquer relacionamento com Maria, e que até não a conhecia muito bem.
Ver abaixo, o Boletim de Ocorrência em que Maria Aparecida conta a agressão que sofreu de Telmário Mota:
O preço que se paga
O preço de certas relações às vezes são danosos não ao bolso, mas à moral e dignidade e às intimidades, concorda, Azamba?