- 16 de julho de 2025
Lavou as mãos
Brasília - Depois de ser acusado por adversários políticos de ter interesse particular na aprovação do projeto que regulamentava a mineração em terras indígenas, o senador Romero Jucá, autor da matéria, lavou as mãos, e solicitou a sua retirada deixando a questão em aberto após o projeto ter sido aprovado por unanimidade no Senado e estava em tramitação na Câmara dos Deputados.
“Não tenho nenhum interesse pessoal em atividades de mineração em terras indígenas, exceto o de que essas atividades, além de serem desenvolvidas segundo um marco legal corretamente definido, possam contribuir para o desenvolvimento das comunidades indígenas e do próprio país”, disse Romero, acrescentando que a empresa que sua filha tem, trata de atividades de mineração em brita com serviços realizados em Boa Vista.
A situação das comunidades indígenas em todo território brasileiro é preocupante. Em Roraima, não é diferente. Índios vivem pela capital Boa Vista pedindo comida, buscando atendimentos médicos e outros atrás de políticos. Em suas áreas, praticamente nada é produzido e não há uma comunidade sequer que possa afirmar que vive exclusivamente da pesca e da caça. O índio brasileiro no geral, e o roraimense em particular, vivem à míngua e isso é de conhecimento público.
É também de conhecimento público que boa parte das reservas estão assentadas em cima de jazidas minerais. Se o índio mal produz para sua subsistência, muito menos ele garimparia. Daí, a proposta de que de forma organizada e legal, mineradoras e não garimpeiros efetuassem atividades repassando royalites (pagamento de direito de uso e exploração em suas áreas) que seriam aplicados por essas comunidades em benefício próprio, reduzindo assim, a peregrinação que os índios fazem hoje atrás de atendimentos à saúde, alimentação e outros favores. O estado e a Nação também receberiam parte em impostos do que fosse extraído. Ou seja, todos ganhariam.
No entanto, em Roraima, a questão política pesou mais que o interesse coletivo do estado e de seus índios. Pensamento tacanho, provinciano e de puro "achismo" passou a reger o discurso de adversários do autor do projeto. Ficaram contra o que beneficiaria em cadeia índios, mineradoras, estado e Nação por acharem que a filha de Romero Jucá, que nem de longe tem uma empresa do porte de grandes mineradoras, seria beneficiada. Sim, quando uma empresa com meia dúzia de empregados faria frente a mineradoras feito a Taboca, Votarantim, Usiminas e outras?
A pequenez de pensamento e posições faz isso: deixa que se olhe o benefício maior e coletivo, pela mesquinharia de achar que seu adversário sairá ganhando. O atraso disso tudo deve ser debitado na conta de quem nada fez e nada de proposta apresentou para que se mudasse a vida dos índios roraimenses. Gente que só sabe atirar pedra, e que não consegue construir nada. Os índios e a sociedade, então, que cobrem desses, alternativas outras para a questão de uso e benefícios das terras indígenas. Quem tinha projeto quase aprovado nesse sentido, lavou as mãos.
Piada
Chega a ser cômico o "draga news" publicar notas e notas contra corrupção e desvio de dineiro público quando a dragagem do rio Branco - talvez o maior crime ambiental da história de Roraima e que em dinheiro atual seria algo em torno de R$ 50 milhões surrupiados segundo decisão da justiça federal em 2004 -, tem seu recurso acumulando poeira sem nada a contecer com seu principal condenado: Getúlio Alberto de Souza Cruz, o professor de todos nós.