Edersen Lima

Nus
O procurador da República, Davy Lincoln Rocha (foto) manifestou publicamente em artigo veiculado na Folha de S. Paulo sua discordância sobre a concessão do auxílio-moradia a membros do MPF e magistrados. Para Lincoln Rocha, "todos os poderes e instituiçōes do país estão nus, e o pior é que todos perderam a vergonha de andarem nus", afirma.

"Vergonhoso privilégio"
"Nós, os Procuradores da República, e eles, os Magistrados, teremos o vergonhoso privilégio de recebermos R$ 4.300,00 reais de “auxílio moradia”, num país onde a Constituição Federal determina que o salário mínimo deva ser suficiente para uma vida digna, incluindo alimentação, transporte, moradia, e até lazer. A partir de agora, no serviço público, nós, procuradores da República, e eles, os Magistrados, teremos a exclusividade de poder conjugar nas primeiras pessoas o verbo morar. Fica combinado que, doravante, o resto da choldra do funcionalismo não vai mais “morar”. Eles irão apenas se “esconder” em algum buraco, pois morar passou a ser privilégio de uma casta superior", afirma Lincoln Rocha.

"Tomara que Deus não exista"
Com o título de "Tomara que Deus não exista", Lincoln Rocha conjectura como "seria complicado, depois de minha morte (e mesmo eu sendo um ser superior, um Procurador da República, estou certo que a morte virá para todos), ter que explicar a Deus que esse vergonhoso auxílio-moradia era justo e moral. Como seria difícil tentar convencê-lo (a ele, Deus) que eu, defensor da Constituição e das Leis, guardião do princípio da igualdade e baluarte da moralidade, como é que eu, vestal do templo da Justiça, cheguei a tal ponto, a esse ponto de me deliciar nesse deslavado jabá chamado auxílio-moradia. Tomara, mas tomara mesmo, que Deus não exista, porque ele sabe que eu tenho casa própria, como de resto têm quase todos os Procuradores e Magistrados e que, no fundo de nossas consciências, todos nós sabemos, e muito bem, o que estamos prestes a fazer."

Sarcasmo
E finaliza com tom sarcástico: "Mas, pensando bem, o inferno não haverá de ser assim tão desagradável como dizem, pois lá, estarei na agradável companhia de meus amigos Procuradores, Promotores e Magistrados. Poderemos passar a eternidade debatendo intrincadas teses jurídicas sobre igualdade, fraternidade, justiça, moralidade e quejandos. Como dizia Nelson Rodrigues: toda nudez será castigada!"

Posteridade

Dispensando comentários, Juliana Amorim, Ivanna Suzarte, Luzi Pimentel e Vanessa Freitas.
 

Boa vida
Em Roraima, todos os conselheiros do tribunal de Contas do Estado têm casa própria. Todos, aliás, têm mais de um imóvel. Quase todos têm fazendas, sítios ou chácaras. Mas você, amigo leitor e contribuinte, paga "auxílio moradia" aos ínclitos conselheiros, que ainda têm salário acima de R$ 20 mil, verba de gabinete, verba gasolina e outros benefícios  também bancados pelo amigo leitor.

Desfrute
O conselheiro Essen Pinheiro, por bom tempo, desfrutou de "auxílio moradia", inclusive, tendo recebido bolada por "acúmulo" em retroativo do benefício não pago, de verba para moradia tendo ele casa própria e mantendo a ex-mulher por anos morando de graça (em termos, pois o contribuinte é que pagava) no Conjunto dos Desembargadores, pode?

Zona Franca
O Polo de Manaus ignorou o persistente PIBinho de Mantega e faturou R$ 62,7 bilhões até setembro deste ano. Cresceu 5,7% em relação a 2013, quando faturou R$ 59,3 bilhões. Os números são da Suframa.

Negócio particular
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT) parou de trabalhar no escritório de advocacia de José Geraldo Grossi desde que conseguiu a autorização para cumprir o restante da pena em regime aberto.
Dirceu quer reorganizar e voltar a trabalhar em sua empresa de consultoria. Pela lei ele tem o prazo de 90 dias para informar sobre o novo trabalho a Justiça. 

Aperitivo de dona Sula
Só um aperitivo de como será o governo "traz parente" de dona Suely Campos. A tal comissão de transição por ela criada tem 12 membros, desses seis (a metade) são familiares da governadora eleita a começar pelo marido Neudo, pelos sobrinhos dele Paulo e Frederico Linhares, pelo afilhado Léo Dantas, pela irmã Selma Mulinari, por Josué Filho, que como advogado não se tem muito o que falar, mas é pai de um genro de Neudo e dona Suely.