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Edersen Lima

Algo parecido com Deus


Algo parecido com Deus
\"\"Brasília - O juiz carioca João Carlos de Souza Correa, que dirigindo um carro sem placa e sem carteira de habilitação, deu voz de prisão à agente da Lei Seca Luciana Silva Tamburini em 2011, e ainda conseguiu direito a indenização de R$ 5 mil conforme sentença publicada na semana passada —, voltou a ter problemas com a fiscalização em 2013. No dia 14 de março do ano passado, o magistrado foi parado numa blitz em Copacabana e se recusou a soprar o bafômetro. Resultado: foi multado em R$ 1.915,40 e teve a carteira suspensa durante um ano.

A recusa em realizar o teste é considerada infração gravíssima e o carro do juiz só foi liberado depois que outro condutor habilitado foi ao local da blitz para retirar o veículo. Segundo informação da assessoria do Tribunal de Justiça do Rio, João Carlos de Souza Correa não se pronunciará sobre o caso. E ele não se acha algo parecido com Deus?

Como um profissional de uma classe bem remunerada, repleta de benefícios, que atua em princípio para defender direitos iguais, e executor da lei, simplesmente a descumpre e demonstra ter direitos a mais ou superiores que nós simples mortais?

Sim, a lei manda que toda e qualquer pessoa parada em uma blitz e solicitada a fazer o exame do bafômetro o faça. A recusa é uma forma de burlar a lei, de fugir dela, ou não?

Há pouco mais de dois anos, a então corregedora do Conselho Nacional de Justiça e ministra Eliana Calmon, disse algo explosivo, mas de senso tão comum que se ouve em toda esquina: existem “bandidos escondidos atrás da toga” e "há manobras para esvaziar investigações independentes e livrá-los de processo". Temos que reconhecer que há bandidos vestidos de tudo que é jeito no Brasil. Piora quando eles se acham acima do bem e do mal. E os exemplos do juiz João Carlos de Souza Correa no trânsito do Rio apontam para essa constatação (de que se acha acima do bem e do mal) em pelo menos três ocasiões registradas oficialmente contra ele.

Em Roraima, há dois meses, um polêmico magistrado tentou invadir armado com um revólver o prédio do Ministério Público Estadual para "executar" sua sentença particular contra um servidor do órgão defensor de direitos do estado e do cidadão. Órgão esse que não tomou nenhuma providência contra tal polêmico magistrado. Pelo contrário, abafou o caso.

E depois, não tem gente que se acha algo parecido com Deus?

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