Edersen Lima

Final não mais surpreendente
Brasília - Em 2002, Neudo Campos deixou o governo certo, certo, certo - como dois mais dois são quatro - que se elegeria senador em primeiro lugar, e que contaria com total apoio do governador que deixou, Flamarion Portela e de toda sua então base política. Aquela eleição ou filme teve um final surpreendente.

Nao demorou muito, Neudo foi convencido que não seria o único candidato a senador a apoiar Flamarion e que teria que dividir espaço no palanque junto a Elair de Moraes, Augusto Botelho - que foi apoiado escancaradamente pelas secretarias de Educação e Saúde, as mesmas que hoje sofreram intervenções - e mais o senhor de todas as dragagens, o professor Getúlio Cruz.

Neudo, passou então a perceber o distanciamento de Flamarion e da base governista, que alegava que Neudo tinha na família candidatos a deputado estadual e a federal, nesse caso último, a mulher Suely Campos. As visitas políticas e comícios de Neudo, que se esperava que seriam lotados, foram na realidade quase todos um fiasco, sem candidatos expressivos a deputado estadual e a federal para prestigiar, esses que sumiram e abandoram Neudo com a justificativa de ele só iria pedir votos para Suely.

Aos quatro cantos, Neudo dizia que estava sem dinheiro, liso e que esperava a gratidão e o cumprimento do acordo fechado com Flamarion, querendo acreditar que a falta de apoio à sua candidatura não passava de um mal entendido. Enquanto isso, era até constrangedor ver Flamarion evitando ficar ao lado de Neudo nos comícios, evitando assim ser fotografado junto ao antecessor. Neudo, vaidoso, também não dava importancia a isso, e assim, nenhuma foto que apontasse a união dos dois foi publicada.

Aliados de Neudo foram demitidos e ou trocados por cargos menores na gestão de Flamarion. Secretários do novo governo não atendiam mais as ligações de cabos eleitorais de Neudo e do próprio Neudo. Para encurtar a história que todo mundo conhece, o poderoso Neudo Campos, do linhão de Guri, das escolas padrão e da BR-174 asfaltada, perdeu feio a eleição. Ficou em quarto lugar com menos da metade dos votos do segundo colocado ao Senado, Augusto Botelho, e pouca coisa à frente do professor da dragagem, esse, que as urnas em cinco tentativas, não lhe deu aval em nenhum. E Suely se elegeu, porém não com a votação estrondosa que se previa.

Um remake desse filme visto em 2002 teve estréia mês passado, quando José de Anchieta deixou o overno para, igual a Neudo, concorrer ao Senado, e vai ficar em cartaz até comecinho de outubro. Mas com final não mais surpreendente.
 

P.S: O texto acima foi publicado há exatos dois meses, antes das convenções partidárias. Mas, pelo o que se vê, continua atual atual.