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ORÁCULO

Estar certo ou ser gentil


O QUE SOMOS

JOBIS PODOSAN

 

ESTAR CERTO OU SER GENTIL

Nas relações interpessoais é muito mais importante ser gentil do que estar certo. Conto um caso. Quando o homem pisou na lua pela primeira vez foi uma grande festa no mundo. Mas lá em casa houve um problema que, decerto aconteceu em outros lugares o que, até hoje, provoca discussões. A ciência e a fé, embora hoje andem quase juntas até nas religiões, elas, na verdade, às vezes, parecem inconciliáveis. Aconteceu que, no ano de 1969, os três tripulantes da Apolo 11 pousaram na lua, para gáudio do mundo inteiro. Na casa dos meus pais houve alegria e regozijo. Porém, ao olhar para minha mãe encostada num canto da sala, notei o seu nervosismo e aflição. Ela não tinha instrução formal, pois nunca fora à escola.  Sua educação girava em torno dos mitos que ouvira dos seus pais e pessoas mais velhas da família e a sua instrução era parca e se limitava às informações que nós, os filhos, passávamos para ela. Nós a alfabetizamos com alguma dificuldade e lhe fizemos aprender a assinar o próprio nome. Tudo o que queria saber perguntava-nos e a mais ninguém. Tinha ideia formada sobre tudo e seu semblante denotava a tranquilidade de quem estava satisfeita com os saberes que tinha. E eram muitos, já que meu pai estava sempre fora, buscando o pão de cada dia, enquanto a ela incumbia a condução da família. Nessa época o pai era chefe de cozinha na Petrobrás e a casa girava em torno da mãe. Tirei-a da sala e fomos para a cozinha, ela em estado de grande intranquilidade. Explicou-me a razão: meu filho. Estou muito preocupada! Como pode o homem ter ido até a lua? Como entender que o homem pode violar a lei de Deus? Lembrei-me de que todos nós ignoramos muito da nossa existência e o que ignoramos não nos faz falta alguma. O que sabemos ou pensamos saber é um grão de areia, diante do que ignoramos. Imaginei que se a minha mãe continuasse com a sua fé, reconciliaria com Deus e viveria sua segundo os valores que recebera da sua formação. E assim foi, viveu na santa ignorância, preservou a sua fé e continuou a ser a inspiração de amor para toda nossa família.


GENTE DECENTE

Temos a impressão, ao ouvir os discursos dos políticos brasileiros, de que somente há no Brasil gente indecente. Aquele que fala de si mesmo é limpo como a luz do sol e todos os demais são sujos como fossas. Só que, quando ouvimos os das fossas, temos a impressão de que só os das fossas são limpos, o que nos faz pensar que todos são sujos: os que acusam e os acusados, que ora são vices e ora são versa. Ninguém escapa, exceto a maioria do povo brasileiro que trabalha honestamente para ganhar o pão de cada dia e cujo pecado e ter que votar (aqui no Brasil todos gostamos de votar) em algum dos candidatos que se apresentam como tal, porém, mesmo de boa-fé, somos levados a votar em gente desqualificada e criminosa. onde estarão as pessoas decentes do nosso Brasil? Muitos estão na fila de esmolas que os governos, a partir de Fernando Henrique Cardoso, impuseram ao povo brasileiro. Famílias que recebem uma migalha que não lhes permite viver, mas que importam em grande desperdício de dinheiro para o país. Nenhuma família, ou mesmo uma pessoa, pode viver com seiscentos reais mensais, tratando-se, isto sim, de enfraquecimento de homens e mulheres na luta pela vida, tudo sendo, na verdade, a explícita compra de votos dos mais pobres, que não conseguem discernir entre o bem pouco e o grande mal que lhes fazem estes governos insanos. Compra de votos sob a luz do sol e com o cabresto na boca do povo, tal como na Primeira República (1891 a1930). O eleitor vale tão somente a quantia que compra o seu voto. O eleitor é enganado e vota no enganador e recebe de volta a miséria permanente.

 

O QUE SOMOS

Em uma parte da vida somos o que somos, a outra parte, somos o que sobre nós inventam, como dizia Fernando de Assis Pacheco, poeta português. Somos individualidades a serviço pessoal e do coletivo. As duas noções se complementam e realizam a vida positiva e útil. Se você age pensando somente em si mesmo, receberá isso mesmo das pessoas e tudo que você obtiver não lhe terá utilidade alguma. Se você age pensando somente no coletivo, não terá o que dar, pois só se pode dar o que antecipadamente se tem, mesmo em se tratando de bens imateriais. Porém, se você cultiva os bens espirituais, terá o que repartir, pois "nem só de pão vive o homem".

Diz o ensinamento bíblico que, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe pão para comer; e se tiver sede, dá-lhe água para beber. Porém, isto somente poderá ser feito, se você, previamente, tem essas coisas. Ajudar a quem precisa é dever moral de todos nós, pois um dia você poderá estar em situação inversa. Mas fazer doações do que é alheio, visando a ficar ou conquistar o poder é algo insano, porque chegará o dia em que nada se terá para oferecer e a miséria se instalará no país. O candidato assalta o eleitor, compra o seu voto fundado na sua necessidade e recebe de o troco do voto.  Uma operação sinistra que somente dela se vale as pessoas sem quaisquer escrúpulos.

Lembro de reminiscência de leitura passada quando ocorreu o seguinte episódio: estava Napoleão inspecionando o campo de batalha na guerra contra os mouros, acompanhado de uma ordenança, quando ouviu um pedido de um mouro ferido:

            - Senhor, dá-me de beber!

- Dá-lhe de beber! Ordena o Grande Corso.

Embora estranhando a ordem o soldado tomou do seu cantil e se dirigiu ao ferido para lhe dar água. Quando se aproximava, o mouro revirou-se pegou sua arma e disparou contra Napoleão, que se esquivou do disparo. O soldado então pegou sua lança e estava prestes a enfiá-la no ferido, quando o imperador lhe disse: alto lá, mesmo assim, dá-lhe de beber. Está crônica tem o título de Nobreza de Alma, pois Napoleão vira no ferido a luta pelos seus ideais.

Outra história moral digna de nota é a do bom samaritano. Ei-la:

Samaritano é o indivíduo natural da região de Samaria, próximo a Jerusalém. Na época de Jesus, muitos judeus odiavam os samaritanos, pois eram considerados estrangeiros impuros.

Na parábola contada por Jesus, relatada no Evangelho de São Lucas, capítulo 10, um doutor da lei pergunta a Jesus o que deveria fazer para herdar a vida eterna. Jesus responde que era preciso amar a Deus e amar ao próximo. Ao questionar quem era o "próximo", Jesus responde dando o exemplo do comportamento de três homens que passaram por um outro que fora espancado. Dois homens (com cargos de sacerdotes) passaram pela vítima sem prestar socorro, mas o terceiro, um samaritano, cuidou dele, levou-o para um local próprio para ser auxiliado e pagou todas as despesas. Esse homem benevolente ficou conhecido como "bom samaritano".

A conclusão a que chegou o doutor da lei foi que o "próximo" foi aquele que teve misericórdia do homem necessitado, mesmo sendo um estranho.

Não havia expectativa de troca por parte do bom samaritano.

Aqui não há doação, há compra, negócio, toma-lá-dá-cá, o contrário da misericórdia.

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