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Morto senta no banco dos réus - Por Wilson Barbosa

Em 23 anos como jornalista, destes dos quais, 19 como repórter policial, já presenciei várias aberrações nos meios policiais, mas esta execução sumária que resultou na morte do pedreiro Cezar Augusto, para mim é um absurdo.


Se depender do delegado Francisco Araújo do 4º Distrito Policial que foi exonerado do cargo, o pedreiro Cezar Augusto Silva, atingido por um tiro de revólver pelo policial Roberto de Lima, terá que sentar no banco dos réus.
A vítima foi presa sob acusação de tráfico de droga e quando era levada a delegacia numa viatura, teria tentado tomar a arma do policial e na luta corporal foi alvejado e morreu.
O fato é que o delegado Francisco Araújo autuou em flagrante a vítima por tráfico de drogas e resistência à prisão. Com esta decisão a família do pedreiro vai ter que passar por vários constrangimentos. Senão vejamos.
O primeiro será fazer a exumação do corpo para que ele seja identificado criminalmente, ou seja, a coleta das impressões digitais. Outras exumações do pedreiro deverão acontecer, quando ele terá que comparecer ao Fórum Sobral Pinto para ser interrogado pela Justiça durante a instrução criminal pelo período de 81 dias.
Normalmente quando um acusado é convocado para ser ouvido em juízo pela Justiça, ele é escoltado por agentes penitenciários que o conduzem da Cadeia Pública até a presença do magistrado.
Mas com a decisão do delegado Francisco Araújo em autuar em flagrante a vítima, uma cena inusitada será presenciada pelas pessoas que diariamente freqüentam o Fórum Sobral Pinto nos próximos dias, auxiliares de necropsia adentrando na sala de audiência com o cadáver do acusado para que ele preste depoimento sobre ter sido autuado por tráfico de droga e resistência à prisão.
Após ser aberta a audiência, o juiz efetua a leitura dos autos onde consta à denúncia contra o acusado. Encerrada esta fase o magistrado se volta em direção ao réu e pergunta na ocasião, o que o depoente tem a declarar a respeito da acusação formulada contra sua pessoa, ou seja, de ter sido autuado em flagrante por tráfico de drogas e resistência à prisão?
O interessante disto tudo é que o delegado Araújo não tomou nenhuma medida para averiguar a luta corporal entre o policial Roberto de Lima e o pedreiro Cezar Augusto, que teria pedido para retirar as algemas de suas mãos que estavam para trás para que ele ficasse algemado com as mãos na frente. Nesta hora segundo o policial, o acusado tentou tomar sua arma que disparou acidentalmente, atingindo a vítima no rosto.
Sobre este assunto o delegado Araújo declarou que não abriu nenhum procedimento, pois o agente Roberto de Lima estava dentro do dever legal. O delegado Araújo afirmou que condecoraria o policial Roberto de Lima pela atitude que ele teve.
Em meu entender isto é uma clara apologia ao crime, ou seja, o policial sabendo que será condecorado por matar um ser humano, outras pessoas inocentes até que se prove o contrário, terão suas vidas ceifadas por policiais em Roraima, pois estes sabem que serão condecorados ao atirar num preso algemado dentro de uma viatura.

Absurdo
Em 23 anos como jornalista, destes dos quais, 19 como repórter policial em Campina Grande na Paraíba, São Luis no Maranhão e Boa Vista em Roraima, já presenciei várias aberrações nos meios policiais, mas esta execução sumária que resultou na morte do pedreiro Cezar Augusto, para mim é um absurdo.
Já se faz necessário que o governo do Estado tome uma providência urgente no sentido de coibir e evitar que fatos desta natureza voltem a se registrar em Roraima.
Por outro lado à atitude do delegado Francisco Araújo em apontar uma arma para o Secretário de Segurança, Alexson Mamede que teria lhe dado voz de prisão, não foi a primeira e nem tampouco será a última que delegados e agentes não respeitam seus superiores e a coisa fica por isto mesmo.
Em passados recente agentes e delegados tentaram impedir a posse do delegado federal João Batista Campelo na Segurança Pública. Os policiais chegaram a fechar o portão de acesso da SSP e Campelo só foi empossado quando o delegado Roberto Caúla chegou a Segurança com agentes da Polícia Federal fortemente armado. Para evitar um confronto os policiais civis recuaram da insubordinação.


Wilson Barbosa
Jornalista Profissional
917-DRT/PB.

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