- 07 de novembro de 2024
É sempre bem-vindo qualquer incentivo à educação, qualquer sinal de estímulo às novas gerações, na luta pela conquista de um lugar ao Sol. Todos sabem como é difícil a existência, o trilhar de desvios na mesquinha organização social. Mas, muitas vezes, o que parece facilitar tende a atrapalhar. Tornando mais difícil o sucesso.
A Folha de S. Paulo, em editorial na segunda-feira (31), falou a respeito de documento do Banco Mundial, apontando a "fuga de cérebros", migração de pessoas inteligentes e qualificadas intelectualmente que vão dos países em desenvolvimento para as nações consideradas de primeiro mundo.
E mostrou ser de 25% a 50%, a saída de cidadãos com diploma de nível superior de nações como Gana, Moçambique, Quênia, Uganda e El Salvador, entre outras, desfalcando aqueles países de sua maior riqueza: o conhecimento. Esse tipo de migração vai condenando aqueles países à mais profunda miséria.
O Brasil, segundo o mesmo documento, contribui com menos de 5% de sua população diplomada, muito embora, sob o ponto de vista de qualidade, a perda nacional seja enorme, pois existe grande número de brasileiros extremamente bem-dotados intelectualmente, vivendo em nações estrangeiras.
O nosso maior problema parece ser o de uma inversão de valores. Temos uma juventude promissora, criativa, capaz de superar obstáculos dos mais desafiadores, cuja energia se dispersa nos descaminhos da falta de educação. Gerações inteiras que se perdem por conta do descaso do poder público.
Além de não se privilegiar o ensino fundamental (oferecendo remuneração digna aos professores, barateando o custo do livro e criando incentivos que impulsione a garotada), tomam-se medidas mal discutidas e pouco justificadas. Como parece ser o caso de cotas para negros e índios nas universidades.
Ora, a universidade se situa no topo da cadeia do aprendizado. Se o que se deseja é justificar políticas anti-racistas do passado, em vez de se abrir vaga para determinada pessoa, levando-se em conta a condição étnica, dever-se-ia entregar logo o diploma.
Outra coisa que parece colocar o carro adiante dos bois, diz respeito à proliferação de faculdades particulares em todos os quadrantes, com a derrama em profusão de diplomas que nada acrescentam. A maioria esmagadora dos brasileiros (de acordo com dados do próprio MEC), não entende a língua nativa, o português.
De maneira que criamos duas categorias de "doutores": os formados e os conformados, todos eles diplomados. Gente que não sabe utilizar pronomes nem tempo de verbos, mas que orgulhosa e inutilmente exibe certificado de conclusão de ensino superior. Basta ver a quantidade de bacharéis reprovados constantemente pela OAB.
Não há como aprender a língua sem cultivar o hábito da leitura, o exercício da escrita, a prática da conjugação de verbos. Quando algum curso de língua estrangeira faz propaganda em que assegura o aprendizado em seis meses, é bom que se coloquem os dois pés atrás.
Não há como se aprender um idioma sem dedicação intensiva, num mínimo de duas horas diárias. E a articulação de tudo isso nasce no ensino fundamental. Quem não for educado na sua própria língua, não conhecer a fundo o seu significado (e não possuir amplo vocabulário), jamais conseguirá aprender com fluência uma outra.
No máximo, irá falar como naqueles velhos filmes em preto e branco, quando o rei das selvas descia de um cipó, batia no peito e dizia para a companheira: "- Me Tarzan, you Jane". O resto é jogada comercial, na venda pura e simples de títulos.
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