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E AGORA? - Valério ameaça envolver Lula em lobby

Uma das ameaças que o publicitário Marcos Valério de Souza faz ao governo e ao PT é envolver pela primeira vez o presidente Luiz Inácio Lula da Silva num lobby fracassado que fez no BC (Banco Central).


KENNEDY ALENCAR
Folha de S. Paulo

Uma das ameaças que o publicitário Marcos Valério de Souza faz ao governo e ao PT é envolver pela primeira vez o presidente Luiz Inácio Lula da Silva num lobby fracassado que fez no BC (Banco Central). Membros da cúpula do governo disseram que a história é "fantasiosa".
Até hoje, Valério manteve Lula afastado das revelações que ele próprio fez quando se tornou pública a sua participação no "mensalão". Agora, ele chantageia o governo para tentar receber parte dos R$ 55 milhões que diz ter emprestado ao PT, quantia confirmada pelo ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares. Oficialmente, Valério nega que esteja fazendo qualquer tipo de chantagem.
No final de 2003 e no início de 2004, Valério foi pelo menos duas vezes ao BC para se reunir com o diretor de Liquidações e Desestatização da instituição, Gustavo do Vale. Dizendo-se representante do Banco Rural, ele queria apressar a liquidação do Banco Mercantil de Pernambuco.
O Rural, que tem 22% do capital do Mercantil, tinha interesse em comprar o resto do banco. O negócio renderia a Valério uma comissão valiosa. O diretor do BC, porém, negou o pedido. O Mercantil de Pernambuco está em liquidação desde 1995 e ainda hoje possui dívida de R$ 200 milhões.
A ameaça de Valério, vazada a órgãos de imprensa na última semana, foi dizer que o próprio Lula teria tentado interceder a seu favor, mas não teria tido sucesso diante da posição de independência que o BC sempre adotou em relação às pressões políticas do Planalto. Apesar do fracasso do lobby, a ameaça serviria para criar pela primeira vez um laço do presidente com o publicitário, que assumiu ser operador do "mensalão" a pedido de Delúbio.
Lula, que nega ter ciência do "mensalão", já disse a auxiliares que não ouvira falar de Marcos Valério até o dia em que viu seu nome na entrevista de Jefferson à Folha. Valério já disse que nunca encontrou o presidente ou teve contato com ele por telefone.
O lance do publicitário é uma jogada para pressionar o PT e o governo a lhe dar dinheiro. Essa ameaça foi revelada ontem pela Folha. Delúbio também reclama ajuda financeira e transmite os recados de Valério ao PT e ao governo. Em conversa recente com Delúbio, Valério teria falado em cerca de R$ 20 milhões. Numa hora em que o ânimo entre a oposição e o governo volta a se acirrar, Valério avalia que essas ameaças podem levar o PT e o governo a pagar parte dos empréstimos.
A Folha revelou ontem que o ex-presidente do PT José Genoino é um interlocutor de Delúbio e de Silvio Pereira, ex-secretário-geral do partido, com as cúpulas do governo e da sigla. Genoino nega. "Falo com o Delúbio esporadicamente por telefone. Só para saber como ele está. Coisas assim. Com o Silvinho tem um mês que não converso. Nem sei o telefone dele. Não sou ponte deles com o PT."
Em carta à Folha, o presidente do PT, Ricardo Berzoini, também nega ter tratado de algum assunto com Genoino que tenha correlação com Delúbio e Silvinho.
Genoino disse que informou à Executiva do partido, Berzoini incluído, que o advogado de Delúbio e Silvinho foi contratado oficialmente por ele quando presidente do PT. Daí ter pedido para que "o contrato seja honrado".
O ex-presidente do PT diz que tem se dedicado a "ler muito" e que vive com R$ 6.000 mensais (valor líquido da aposentadoria parlamentar de cerca de R$ 8.000). "Vivo minha vida de cidadão com humildade. Não está sobrando dinheiro", disse. Colegas de Genoino no PT disseram que ele contou não enfrentar dificuldade financeira, situação diferente da de Delúbio e Silvinho.
Genoino disse que não decidiu se será candidato a deputado federal em 2006.

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