- 07 de novembro de 2024
O acirramento da disputa entre governo e oposição no Congresso Nacional ganhou um novo ingrediente nesta sexta-feira. O líder do PFL no Senado, José Agripino (PFL-RN), afirmou que a Executiva Nacional de seu partido vai apresentar ao Ministério Público, na próxima semana, uma queixa-crime contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O PFL vai acusar Lula de ter praticado crime eleitoral. Segundo Agripino, a denúncia será discutida hoje pela Executiva Nacional do partido e encaminhada à Promotoria na próxima semana. A intenção de denunciar o presidente ganhou força após a acareação promovida ontem pela CPI do Mensalão entre o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, o empresário Marcos Valério e outras seis pessoas envolvidas no esquema, entre elas o presidente do PL e ex-deputado Valdemar Costa Neto (SP), que renunciou ao mandato para evitar um processo de cassação. Na acareação, Valdemar admitiu que usou recursos repassados por Valério, com autorização do ex-tesoureiro petista, com despesas de campanha no segundo turno da eleição de Lula, em 2002. O vice-presidente José Alencar era do PL. Hoje ele está no PMR. Valdemar afirma ter recebido R$ 6,5 milhões do esquema de Valério. Entretanto, o empresário mineiro fala em R$ 10,8 milhões. "Agora você tem um deputado, um ex-deputado, um presidente de partido declarando que pagou contas da campanha do presidente Lula com dinheiro que Delúbio Soares, Marcos Valério e Simone Vasconcelos confirmam ter vindo de caixa dois de origem duvidosa. Talvez com uso de tráfico de influência, talvez com dinheiro vindo de favores feitos em órgão públicos. Esse dinheiro pagou conta de campanha de Lula", disse Agripino. Governo x oposição A disputa entre governo e oposição esquentou nesta semana após a saída do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) da presidência do partido. O senador mineiro também recebeu dinheiro de Marcos Valério, em 2002, para quitar dívidas de sua campanha que tentou a reeleição para o governo de Minais Gerais, em 1998. Outro fato que gerou embate entre governo e oposição foi a divulgação de cartazes com a imagem do presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), vestido de nazista, nas principais avenidas de Brasília. Um militante petista assumiu a autoria dos cartazes. O PFL vê o dedo do governo na ação. Entretanto, o PT alega que foi uma ação isolada. Acuada, a oposição protocolou nesta quinta-feira, por meio do líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), uma representação pedindo a criação de uma nova CPI no Congresso para investigar financiamentos irregulares de campanhas entre os anos de 1998 e 2004. Durante a acareação promovida ontem pela CPI do Mensalão, parlamentares da oposição voltaram a falar sobre o possível pedido de impeachment de Lula. Lideranças petistas, como o senador Aloísio Mercadante (SP), tentaram amenizar o embate afirmando que não é hora de acirrar os ânimos e antecipar a disputa eleitoral do próximo ano.