- 07 de novembro de 2024
"Este ano entrará para a história como aquele em que, pela primeira vez, uma nação civilizada possui um registro completo de suas armas. Nossas ruas serão mais seguras, nossa polícia mais eficiente e o mundo seguirá nossa liderança em direção ao futuro".
A citação acima é de ninguém menos que Adolph Hitler, sobre o processo de desarmamento da Alemanha nazista. O final da história, todos conhecemos. Mas poderia ter sido dita pelo presidente Lula e trupe (PT) tão chegados a um jogo de cena. Afinal, o "politicamente correto", ainda que vazio de propósito, é melhor que a inércia que tão fortemente passou a campear o Estado brasileiro a partir de janeiro de 2003.
O referendo do desarmamento tal como está sendo proposto à população é uma farsa. Não foi elaborado sobre dados científicos. Os números são argüidos de forma aleatória, num afã único de enganar o leitor desavisado, cooptando-o para uma empreitada quixotesca.
É fácil pegar carona na onda do momento, que assegura que retirar a arma das mãos das pessoas é a forma mais eficaz de se evitar a violência. "Eureka!" Uma máxima aprendida desde menino diz que "quando a esmola é grande o cego desconfia". Se a solução fosse tão fácil e singela assim, por que se precisou esperar 505 anos para que alguém a enxergasse?
O jurista ítalo/francês Cesare Beccaria (1738-1794), em sua célebre obra "Dos Delitos e das Penas" (http://www.calendario.cnt.br/BECCARIA.htm), datada de 1764, já dizia a respeito de leis que propunham desarmar a população civil: "Elas desarmam somente aqueles que não estão nem dispostos nem determinados a cometer crimes".
Estamos ainda em campanha de entrega voluntária de armas. A pergunta que não cala em nossos ouvidos é: quantos bandidos procuraram delegacias, superintendências da Polícia Federal e outros órgãos para entregar de bom grado suas armas?
Beccaria prossegue: "Tais leis pioram a situação dos agredidos e melhoram a dos agressores; elas servem antes para encorajar do que para prevenir homicídios". Ao invocar o direito de proibir que o cidadão adquira uma arma, o Estado desrespeita os limites impostos pelo direito natural.
E mais: "Falsa é a idéia de utilidade que sacrifica mil reais vantagens por uma imaginária ou frívola inconveniência; aquela tomaria fogo dos homens porque ele queima, e água porque alguém pode se afogar nela; aquela não tem remédio para os males, exceto destruição. As leis que proíbem o porte de armas são leis de tal natureza".
Poderíamos aqui invocar ainda alguns casos históricos de países que adotaram tal medida e que não foram bem-sucedidos. A Inglaterra é um deles. Segundo a BBC (http://news.bbc.co.uk/1/hi/uk386411.stm), após a adoção do desarmamento, ocorrida em 1997, o número de mortes por arma de fogo só aumentou. As estatísticas mostram que no período de 1998 a 2003, o crescimento dos casos de homicídio foi de nada menos que 165%.
O pastor Paul Powers, da Union Baptist Church (http//www.ubcsctj.org), em recente visita ao Brasil foi entrevistado por Bené Barbosa, presidente do Movimento Viva Brasil, disse que "o sucesso do desarmamento naquele país é uma grande farsa!" (Adenauer Pereira Sampaio, in O Jornal Batista, Domingo, 2/10/05).
O pastor Isaltino Gomes Coelho Filho, escreveu há algum tempo um artigo para a denominação com o título "Sou batista, tenho uma identidade". Lá ele cita algumas características da denominação que tem se mantido firme ao longo dos séculos, haja vista esteadas nas Escrituras neotestamentárias.
Uma delas é a convicção que cada batista deve ter na democracia e nas liberdades individuais. Tentar tirar de cada brasileiro o direito de decidir se quer ter ou não uma arma dentro de casa é arranhar de forma coercitiva as liberdades individuais. Como batista não posso concordar com tal acinte.
Justificar o disparate afirmando que a arma é um instrumento perigoso não passa de sofisma. Perigoso é viver. Se for proibir tudo o que é perigoso a primeira coisa que deve ser proibida é a vida. Perigoso é sentar diante do volante de um carro e não ter a certeza se vai ou não sofrer um infarto em meio à viagem. Não dirija. Você pode estar colocando em risco a vida das pessoas e a sua própria.
Sou batista, tenho uma identidade... E como bom batista que sou, defendo até as últimas conseqüências a igualdade entre os seres humanos. Acredito que Deus, quando olha para a humanidade, vê a todos do mesmo tamanho, da mesma cor. Se nós somos salvos, não é nenhum mérito nosso, mas sim, pela Sua exclusiva misericórdia. "Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia, e terei compaixão de quem me aprouver ter compaixão" (Rm. 9.15).
Proibir a população civil de ter uma arma jamais será um ato de igualdade. Quem tiver mais dinheiro poderá adquirir aparatos de segurança. Poderá contratar empresas que garantam a tranqüilidade (ainda que aparente). Poderá andar em carros blindados. Quem não tem, ficará a mercê dos bandidos ou, como costumamos dizer, terá que viver pela fé, confiando na eficiência maior da polícia que temos - quando tem gasolina o carro está quebrado. Quando o carro está bom o policial adoeceu...
É certo que não devemos pôr nossa esperança em armas ou em qualquer outra coisa. Nossa esperança é Jesus. Mas ele não proibiu que Pedro lhe acompanhasse o tempo todo armado (de espada, porque naquela época ainda não havia o tresoitão).
O pastor Natanael Menezes Cruz (PIB de Jaboatão/PE) disse que de nada adianta desarmar o cidadão, se não desarmar o seu espírito. Ainda na manhã desta sexta-feira tivemos uma prévia do que será o depois do desarmamento. Sem nenhuma arma de fogo nas mãos, um estudante de Comunicação Social da USP trucidou um colega de curso em pleno campus. Não tinha arma de fogo. Mas tinha o espírito armado. Daí a encontrar uma faca foi um pulo. Olha a faca!
(*) Jornalista e crente batista - [email protected]