00:00:00

AMAZONAS - Seca deixa população sem remédios e comida

O plano de distribuição de alimentos e remédios foi estabelecido após um sobrevôo feito pelo governador do Amazonas, Eduardo Braga, e por militares. A intenção era observar quais as comunidades permitem o pouso de helicópteros e aviões de pequeno porte.


Ismael Machado

Mordido por uma cobra na área rural de Manaquiri, no Amazonas, um agricultor precisou ser transportado a pé pelo leito seco do rio até a sede do município, onde só chegou horas depois. Foi socorrido em tempo, mas, segundo o prefeito Jair Souto, o caso dá uma idéia das dificuldades enfrentadas pelas 16 mil pessoas que moram na zona rural de Manaquiri e dos habitantes de outras cidades afetadas pela seca no estado.

- Foi sorte ele não ter morrido - disse o prefeito.

Souto informou que cerca de 90% dos peixes dos rios da região já morreram, afetando diretamente as duas mil pessoas que vivem exclusivamente da pesca na região. Com a morte dos peixes, os lagos estão contaminados.

A prioridade da prefeitura agora é conseguir alimentos, água potável e remédios. Ontem o prefeito ordenou a abertura de trilhas em busca de água potável. Elas vão servir também para diminuir a distância entre as comunidades mais isoladas e o centro da cidade.

O primeiro carregamento de cestas básicas e remédios para as vítimas da seca será entregue pelo governo do Amazonas a partir de hoje. Os produtos serão transportados por balsas até os centros de distribuição - Tabatinga (AM), Cruzeiro do Sul (AC), Eirunepé (AM) e Parintins (AM) e de lá, em barcos menores, para Anamã, Anori, Caapiranga, Manaquiri, Manacapuru, Careiro Castanho e Careiro da Várzea, onde em alguns pontos ainda é possível fazer a rota fluvial.

Carregamento em helicópteros

Segundo o Comando Militar da Amazônia, os barcos só conseguem chegar até determinado ponto dos rios. De lá o carregamento seguirá em helicópteros das Forças Armadas. Mais de 900 pequenas comunidades serão atendidas. A operação contará com 700 homens, entre eles 200 do Corpo de Bombeiros e 300 da PM.

A seca provocou a perda da produção da fécula de mandioca, uma das principais fontes de renda de Manaquiri. Segundo o prefeito, a saca que custava R$ 20 é vendida agora por R$ 100. O quilo do frango pulou de R$ 2 para R$ 5.

A prefeitura espera pelas 2.500 cestas básicas e dez mil litros de combustível. Os 68 agentes de saúde, a pé, visitam as famílias com hipoclorito de sódio para tornar potável a água das residências.

- Perdemos grande parte de nossa reserva natural e quase todo o nosso estoque de peixes. Precisamos de toda a ajuda possível - diz Souto.

Em Anamã, a 168 quilômetros de Manaus, o lago que abastece a localidade já perdeu mais de 80% de seu volume, afetando a pesca, principal fonte econômica de 14 comunidades. O município está em calamidade pública.

- Tudo aqui chega de barco. Agora é feito a pé. E já começa a faltar água potável - disse o prefeito Luiz Brandão.

A pecuária também começa a ser atingida. Em alguns municípios, cerca de 20% do rebanho já morreu. Na pesca, já passam de três toneladas de peixes mortos.

O plano de distribuição de alimentos e remédios foi estabelecido após um sobrevôo feito pelo governador do Amazonas, Eduardo Braga, e por militares. A intenção era observar quais as comunidades permitem o pouso de helicópteros e aviões de pequeno porte. As famílias receberão 12 itens: arroz, farinha, feijão, macarrão, leite, açúcar, biscoito, café, óleo comestível, sal, leite e charque. A quantidade é para um mês. Serão distribuídas 50 mil cestas básicas em três meses.

Últimas Postagens

  • 04 de novembro de 2024
BOLA FORA