- 07 de novembro de 2024
Brasília - Muita coisa mudou em Roraima, nesses dezessete anos de criação do Estado, mas pouco se fez para transformar a vida dos roraimenses, que ao verem promulgada a Constituição Cidadã de 88, criaram em torno da medida expectativas promissoras, de crescimento social e de desenvolvimento econômico. O que mesmo mudou em Roraima?
Mudaram os hábitos de comportamento do povo? Os problemas sociais minoraram? No plano econômico, o que mudou mesmo? Nesse ponto, Roraima parece ter mudado, sim. De uma região produtora de bovino nas décadas de 60/70, Roraima viu verdejar os lavrados com a produção de arroz, do milho e da soja. Essa economia pode vingar? Pode, desde que não se inventem fórmulas de produção. Os solos roraimenses se prestam para essas culturas, mas é preciso um projeto consistente de produção para não naufragar no nascedouro.
Quatro governos eleitos em dezessete anos, e os hábitos políticos ainda são os mesmos que vimos vingar durante o período do antigo território. Protecionismo, fisiologismo e assistencialismo são práticas políticas que permanecem em Roraima; entra governo, sai governo, e o povo assistindo a essas mesmas práticas aviltantes para aqueles que delas se beneficiam. O novo Estado não foi capaz de alterar esse quadro... e outros quadros, como, por exemplo, o de maior peso numa sociedade democrática, a mídia.
Uma sociedade que não tem o direito de se manifestar livremente, de possuir um veículo que seja o porta-voz de seus anseios, está fadada a naufragar nas suas próprias fraquezas, não por sua própria vontade, mas levada a isso por ditos salvadores da pátria de plantão. A imprensa em Roraima regrediu a fundo, se é que antes de 88 havia de fato uma imprensa sadia, livre e independente. Não havia, na verdade!
Hoje, dois jornais estão no mesmo grupo político como era antes de 88. Surgiram novas emissoras de rádio, e os grupos políticos estão afinados entre si para se locupletar das incertezas do povo e da vergonhosa apatia democrática dos eleitores. Que sociedade é essa que não consegue reagir a esse estado de letargia cívica?
Num balanço das coisas boas e ruins que aconteceram nesses dezessete anos de vida, Roraima tem, é verdade, muito mais a comemorar do que esquecer as mazelas que jogou por terras aquelas expectativas criadas com a promulgação da Constituição de 88. Urge agora que os seus políticos pensem mais no beneficiar do povo, do que dos seus interesses menores, baixos, que só tristeza trazem para a sociedade.
E comecemos a pensar num novo dia, num horizonte não de expectativas, mas de certezas de que o futuro esta ali, pertinho. É só os políticos não inventarem, e não traírem as expectativas desse futuro, que se prenuncia radiante.
Apesar de tudo, parabéns, Roraima!