- 07 de novembro de 2024
Ainda não se conhecem as razões que levaram a prefeita de Boa Vista, Teresa Jucá (PPS), a se atritar recentemente com o vice-prefeito, Iradilson Sampaio. O que se sabe é que o entrevero foi muito sério e que a prefeita utilizou palavras fortes que desaguaram no perigoso campo da agressão pessoal, levando Iradilson a se sentir muito ofendido.
Como conseqüência do fato, comenta-se, nos meios políticos roraimenses, estar ficando a cada dia mais e mais difícil a possibilidade de a prefeita renunciar ao mandato e partir para a disputa eleitoral da vaga senatorial que irá se abrir no próximo ano.
É que o vice-prefeito estaria se sentindo pouco à vontade para continuar arcando com qualquer compromisso de natureza política, visto que, depois de anos e anos de indiscutível lealdade ao grupo, é tratado de maneira desrespeitosa como se fosse mero lacaio e não um aliado que merecesse consideração.
A ocorrência delineia contornos das dificuldades que vêm sendo enfrentadas pelo grupo político liderado pelo senador Romero Jucá Filho (PMDB), cuja queda livre se acentuou a partir de sua indicação para o Ministério da Previdência Social, cargo no qual permaneceu por pouco mais de três meses.
Os obstáculos de natureza judicial que perpassam os caminhos percorridos pelos principais integrantes da família Jucá, não são de pequena monta: a prefeita já teve seus bens colocados em indisponibilidade, bem como as contas bancárias bloqueadas, acusada de envolvimento no desvio de quatro milhões e 900 mil reais "destinados à coleta de lixo em 18 bairros da capital roraimense".
Além disso, o senador Romero Jucá Filho enfrenta duas representações no Conselho de Ética do Senado em que se solicita a cassação do seu mandato por prática comprovada de falsificação de documentos e negócios ilícitos realizados junto ao Basa (Banco da Amazônia).
Sua excelência freqüentou durante longo período as páginas dos jornais televisivos e impressos de todo o país, na denúncia de que solicitou empréstimo àquela instituição, "apresentando como garantia sete fazendas inexistentes no estado do Amazonas".
Na Junta Comercial de Roraima existem documentos que comprovam falsificação efetuada em transação comercial que envolve a TV Caburaí.
Como o presidente do Conselho de Ética, senador João Alberto (PMDB-MA), pediu licença médica e levou as representações contra o senador roraimense para casa, a OAB - Ordem dos Advogados do Brasil -, está requisitando ao ilustre senador maranhense que devolva aqueles documentos para que o processo de investigação seja instaurado.
O senador maranhense é conhecido pelo espírito corporativista que o impede de dar seguimento a qualquer ação capaz de prejudicar um seu par. Quando à frente do executivo maranhense (1990-91), sua excelência ficou conhecido como "governador dez por cento" por ter declarado, certa ocasião, ter comandado "um governo 90% honesto".
O problema é que mesmo num país com índice de corrupção tão alto, as coisas vez por outra dão uma guinada e despertam um mínimo de esperança em quem ainda acredita em princípios. Prova disso foi a detenção do ex-governador de São Paulo e ex-prefeito da Capital Paulo Maluf (ainda está preso), depois de anos e anos de prática criminosa impune.
Há quem ainda acredite num Brasil justo onde a decência prevaleça. Não é coisa que se conquiste da noite para o dia. Mas não custa nada que se dê o primeiro passo.
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