LAUCIDES OLIVEIRA - Pioneiro da comunicação em Roraima

ALEXSANDRA SAMPAIO
Folha de B. Vista

O goiano Laucides de Oliveira, hoje com 74 anos, se identifica muito pouco com o estado onde nasceu. Aos 21 anos de idade já havia morado em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Mas foi em Roraima que acabou enraizando-se e tornando-se uma referência na imprensa local.

Antes de se dedicar inteiramente ao jornalismo, Laucides Oliveira foi desenhista e trabalhou em garimpo. Quando trabalhava com desenhos, ele morava no Rio de Janeiro. Participou da elaboração da Revista Sesinho, do SESI, e fez muitos rótulos de bebidas.

Pouco tempo depois chegou à conclusão de que teria que investir em outra área porque naquela não via perspectiva de crescimento. Foi quando surgiu a oportunidade de morar com o pai em Roraima. Ele conta que sonhava em ficar rico trabalhando nos garimpos de diamantes onde o pai estava.

Mas as coisas não saíram bem como havia planejado. Passou menos de um ano na Serra do Tepequém e depois teve que voltar ao Rio, antes de finalmente decidir por morar em Roraima.

De volta, mais uma vez foi trabalhar com o pai, dessa vez na estruturação do garimpo de Suapi, próximo a Pacaraima. Com o crescimento dos negócios do pai, Laucides teve que morar em Boa Vista para cuidar desses investimentos.

Nessa época, ele lembra que já havia se aventurado a escrever textos. O primeiro deles foi uma crônica sobre a vida privada de Dom Pedro I. A segunda aventura chegou a ser publicada no primeiro jornal de Roraima, O Átomo.

O texto falava sobre a construção de Brasília com título "A obra do século". No mesmo ano, 1958, ele, juntamente com amigos, criou o primeiro programa radiofônico que era veiculado na Rádio Roraima, o "Rádio Revista Roraima". A idéia de Laucides era reunir talentos musicais e humorísticos em um só programa.

Mais uma vez ele teve que se afastar dessa área para assumir o cargo de desenhista da Divisão de Obras do Território. Pouco tempo depois foi trabalhar como oficial de gabinete do governador José Maria Barbosa.

Em 1960, ampliou mais uma vez sua área de atuação na comunicação roraimense quando criou o semanário do jornal O Átomo, dedicado às notícias do esporte, a Folha Esportiva.

Quatro anos depois, foi convidado a voltar à Rádio Roraima, dessa vez para o cargo de diretor da emissora. O seu maior desafio da época foi implantar o rádio jornalismo com um noticiário em dois horários: das 12h e das 20h.

Deixou a emissora em 1966 quando passou a trabalhar como assessor de gabinete. Em 67, ao mesmo tempo em que era assessor passou a acumular a função novamente de diretor da Rádio Roraima, no governo de Dilermano Rocha.

Laucides implantou a primeira
emissora de televisão de RR

De volta à Rádio Roraima, Laucides foi inovador quando fundou o Cine Rádio onde conciliava a programação que era desenvolvida no Teatro Carlos Gomes com a veiculação na Rádio Roraima. Ou seja, a veiculação de filmes acontecia antes dos shows, que eram transmitidos na rádio.
Nesse mesmo ano, continuou sendo assessor agora do primeiro governo de Hélio Campos. Em 1969, deixou mais uma vez a direção da Rádio Roraima voltando em 1971, época em que já era novamente chefe de gabinete do segundo mandato do governador Hélio Campos, ficando até 74.
Paralela a essa atividade, Laucides não desistia de investir na comunicação. Em 1973, foi um dos responsáveis pela publicação do Jornal Boa Vista, de propriedade do Governo do Território e primeiro jornal sendo rodado em off set em Roraima. Ficou no jornal até 1975.
No ano seguinte participou da criação do semanário "Tribuna do Norte". Foi nessa época também que se iniciou a instalação da primeira TV em Roraima.
Como já era uma referência na área, Laucides foi convidado para coordenar a implantação da 1ª emissora de televisão no Território, a TV Roraima, que na época era transmitida no canal 2.
Na época ainda era de propriedade do governo. Depois de privatizada, a TV Comercial passou a ser transmitida no canal 4, agora vinculada à Rede Amazônica de Televisão. Laucides assumiu a chefia de jornalismo da TV Roraima, permanecendo até 1984.
Em 1977 se dividiu entre a chefia do jornalismo da Rádio Nacional de Boa Vista, emissora da Radiobrás. No período de 74 a 75 foi correspondente da revista Veja em Roraima, e do jornal O Estado de São Paulo, em 1976.
Quando deixou a chefia de jornalismo da TV Roraima, em 1984, Laucides passou a se dedicar a assessoria de imprensa. Voltou a esse cargo como assessor do prefeito da época, Hamilton Gondim.
Foi também assessor de comunicação no governo de Getúlio Cruz, no período de 85 a 87. Continuou na assessoria do novo governador que era Roberto Klein, permanecendo até 1988. No mesmo ano foi membro da equipe que implantou a versão roraimense do jornal A Crítica, que durou até 1990.
Ele iniciou a década de 90 investindo em um antigo sonho que era o de ter um veículo próprio com a criação da Revista Diretrizes, que durou até 1992. Com o fim da revista voltou para a assessoria de imprensa, dessa vez da UFRR (Universidade Federal de Roraima).
Em 1995 aceitou o convite do presidente da Assembléia Legislativa para chefiar a Comunicação Social da casa, permanecendo até 2002. Em 2003 pediu afastamento do cargo depois ter sofrido problemas de saúde e algumas cirurgias.
 
(Matéria reproduzida do jornal Folha de B. Vista)