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Aposta pesada do governo

Lideranças governistas fizeram um intenso corpo-a-corpo e ministros usaram promessas de verbas e cargos para enquadrar o baixo clero. Walfrido Mares Guia conseguiu evitar a pressão de Jefferson contra Aldo



Luiz Carlos Azedo
Da equipe do Correio

A eleição do deputado Aldo Rebelo à presidência da Câmara, ontem, por uma estreita margem de 15 votos, assinalou a rearticulação da velha base governista na Casa. O Palácio do Planalto jogou duro para enquadrar os rebeldes do baixo clero. Os ministros da base aliada utilizaram verbas e cargos para convencer suas respectivas bancadas.

Depois de um empate dramático no primeiro turno, as lideranças do PP e do PTB finalmente fecharam acordo para apoiar Aldo Rebelo (PCdoB-SP). No campo da oposição, o governo também evitou o apoio do PDT a Thomaz Nonô (PFL-AL) no segundo turno. Assim, foi garantida a vitória.

Comandada pelo presidente Lula, a operação mobilizou velhos aliados do Palácio do Planalto na Câmara. Além dos ex-ministros Eunício de Oliveira (PMDB-CE) e Eduardo Campos (PSB-PE), que articulavam os governistas do PMDB e a bancada do PSB, respectivamente, o jogo pesado do governo contou com a atuação decisiva do líder do PP, José Janene, do líder do PL, Sandro Mabel, e do líder do PTB, José Múcio. Eles domaram a rebelião de seus partidos e conseguiram atrair a maioria dos votos para Aldo Rebelo no segundo turno. O ex-ministro José Dirceu (PT-SP) e o ex-presidente da Câmara, João Paulo Cunha, também operaram para garantir a unidade do bloco governista.

O líder do PCdoB, Renildo Calheiros (PE), irmão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi o principal artífice da estratégia de alto risco que deu a vitória ao governo: esvaziar a candidatura de Ciro Nogueira (PP-PI), através do estímulo a outros candidatos no primeiro turno.

Votos do PDT
O governo administrou o apoio do grupo Câmara Forte, de Virgílio Guimarães (PT-MG), à candidatura de Luiz Antônio Fleury (PTB-SP), que obteve 41 votos, e também a manutenção da candidatura de Alceu Collares (PDT-RS), que recebeu 18 votos. O deputado Miro Teixeira (RJ) voltou para o PDT e votou em Alceu Collares, mas no segundo turno ajudou a carrear a maioria dos votos do PDT para Aldo.

Os governistas cederam o empate no primeiro turno, quando Aldo teve apenas 182 votos (os governistas esperavam pelo menos 205 votos), mas graças a essas manobras conseguiram tirar Ciro Nogueira da disputa. Depois, reagruparam a maioria da base.

Foram negociações dramáticas. Os votos do PTB, que o ex-deputado Roberto Jefferson tentava levar para a oposição, foram conquistados depois de uma reunião de bancada em que o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, só faltou chorar.

O ministro das Comunicações, Hélio Costa, foi à Câmara para garantir cerca de 50 votos da bancada do PMDB. A oposição acusa-o de ter oferecido rádios comunitárias aos aliados. O líder do PP, deputado José Janene, convocou o ministro das Cidades, Márcio Fortes, para a reunião da bancada do PP, ocasião em que ele prometeu abrir as portas do ministério, ainda ocupado pelos petistas.

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