- 11 de novembro de 2024
Houve um tempo em que Roraima, contando apenas dois municípios (Boa Vista e Caracaraí), dependia do prefeito de sua capital para cuidar dos interesses da população e de vastas áreas do então Território Federal.
Na gestão do governador Fernando Ramos Pereira (1974-79), quando Júlio Martins foi nomeado prefeito de Boa Vista (1974-78), o trabalho de integração territorial foi efetuado na obediência de planejamento que atendia a enfoque estritamente operacional. O país não havia descambado ainda para a corrupção desenfreada.
A administração se preocupava em colocar em primeiro plano as necessidades da maioria. O trabalho de integração, intensificado naquele período, foi ampliado e consolidado nos quatro anos subseqüentes (1979-83), com a chegada de Ottomar de Sousa Pinto para o exercício do que seria seu primeiro mandato governamental (nomeado).
Toda a infra-estrutura econômica e social do extinto Território Federal de Roraima (estradas, pontes, escolas e hospitais, entre outros) começou a ser mais pesadamente estendida a partir da gestão Júlio Martins.
Foi assim que se construíram duas pontes sobre o rio Surumu, uma em Vila Pereira e outra no chamado baixo Surumu, (Passarão), pontes Elias Madeira, João Evangelista de Pinho (seu Dandanho) e Roberto Costa, no Cotingo.
Sem contar os bueiros e pontilhões de madeira para a transposição nos igarapés, numa época em que morar no Território Federal significava estar longe de Deus e esquecido dos homens.
Data do período a elaboração de plano rodoviário municipal, implementado com grande dificuldade, que previa a ligação de toda a região norte do Território (leste a oeste), através da construção de perimetral desde o BV-8, em Pacaraima, até a Serra da Lua.
Essa estrada unia o Contão, Maloca da Raposa e demais comunidades indígenas, alcançando Normandia e Bonfim. Ela parte da BR-174 que dá acesso ao BV-8, na altura da Fazenda Milagres. São exatos 26 km de extensão, com um total de 25 bueiros até a beira do Surumu, onde encontra a ponte Elias Madeira.
Quando se atinge o Contão, até à margem do Cotingo, pode-se observar ponte de concreto protendido onde o caminho então se bifurca: uma das pernas segue pelo lavrado, no rumo da Maloca da Raposa e Normandia, enquanto a outra demanda à região das serras.
Todo esse trabalho realizado pela prefeitura de Boa Vista, dentro de uma prestação de serviços que equivalia ao volume de recursos financeiros encaminhados pela União.
Depois que Ottomar assumiu, a continuidade dessa prestação de serviços se materializou em estrada que vai da ponte do Cotingo até a Cachoeira do Tamanduá, onde se pretendia construir uma hidrelétrica.
Hoje, boa parte dos que se dizem representantes da população deseja apenas manter a opinião pública anestesiada e dentro de clima de campanha política permanente, mas os resultados apresentados são pífios.
Boa Vista não tem pronto-socorro municipal (é a única capital do país a sofrer tal vexame) e vem sensivelmente regredindo na corrupção desenfreada. Por isso que se faz necessária a mobilização de toda a sociedade macuxi, com o objetivo de mudar tal cenário. As próximas eleições estão distantes ainda. Mas é preciso começar a pensar em afastar os que se locupletam e nada fazem.
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