- 12 de novembro de 2024
Brasília - O projeto de gestão das florestas públicas, que está em discussão no Senado Federal, mereceu duras críticas dos senadores da Amazônia, pela pressa como o governo federal quer ver aprovado, sem que haja maior discussão em torno de pontos conflitantes, como a gestão na mão de um só órgão, no caso o Ibama. O senador Gilberto Mestrinho (PMDB-AM) é favorável ao projeto, mas teme que a gestão das florestas públicas, principalmente na Amazônia, transforme as áreas de concessão para exploração madeireira, "em verdadeiros barracões, voltando ao tempo dos seringais, com discriminação e exploração do homem".
Ao participar da última audiência pública para a discussão do projeto de gestão das florestas públicas, o senador Gilberto Mestrinho disse estranhar que "um projeto polêmico, mas de visão consistente visando à exploração racional do potencial madeireiro da Amazônia", possa ser gerido por um órgão só, no caso o Ibama. "O enfoque do projeto está errado, porque a questão ambiental não se resume apenas na exploração da floresta, mas todo um conjunto da biomassa e da biodiversidade que a floresta amazônica possui". Mestrinho lembrou que a devastação na Amazônia não pode ser creditada apenas aos madeireiros, mas ao próprio governo brasileiro que estimulou investimentos privados na região para a formação de pastagens e produção de carne para atender aos mercados europeus depois da Segunda Guerra Mundial.
Para o senador amazonense, não foram os madeireiros que mataram o lendário seringueiro Chico Mendes, no Acre, para ele um estado que sofreu com o desmatamento dos grandes seringais e castanhais. "Que matou Chico Mendes?" perguntou Mestrinho, advertindo que o projeto de gestão das florestas públicas "é bom, mas precisa ser aperfeiçoado com regras claras, para que a exploração madeireira possa beneficiar as populações ribeirinhas". Mestrinho lembrou que a floresta amazônica não possui apenas potencial madeireiro, mas possui muito mais, como os óleos vegetais, os látex, os insetos e fungos, que "podem ajudar no desenvolvimento econômico da Amazônia".