- 12 de novembro de 2024
O deputado Pastor Frankembergen (PTB) voltou a ocupar a tribunal da Câmara Federal para repudiar a falta de políticas públicas do governo brasileiro para combater com eficácia a desigualdade social no País, tido como referência de má distribuição de renda. "Trata-se de algo irracional, discrimanatório, propagador das injustiças e violências contra o ser humano", desabafou.
A queixa do parlamentar roraimense decorre do conteúdo do relatório sobre o Índice de Desenvolvimento Humano, divulgado este mês pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, no qual o Brasil no 63° lugar entre 177 países. O mesmo documento indica que o IDH brasileiro cairia para a 115° posição se fosse considerada apenas a renda mensal dos 20% mais pobres.
Para demonstrar a gravidade do problema, segundo Pastor Frankembergen, o relatório destacou que os 10% mais pobres do Brasil são mais miseráveis do que seus equivalentes no Vietnã. Lembrou ainda que, quando estudado pelo Índice de Gini, medida que calculou a distribuição de renda em 2003, a realidade brasileira ganhou a posição do oitavo pior país do mundo em desigualdade social.
"O tamanho da desigualdade é fácil de ser percebido, basta citar números de 2003, período em que os 10% mais ricos ficaram com 46,9% da renda nacional, enquanto os 10% mais pobres conseguiram apenas 0,7%. Essa situação já bem pior, em 2002 os mais pobres consumiam apenas 0,5% da renda, o que colocava o Brasil entre os cinco mais desiguais", declarou o parlamentar.
De acordo com Pastor Frankembergen, seguindo análise de Marcelo Neri, chefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, se fossem transferidos 5% da renda dos 20% mais ricos aos 20% mais pobres do Brasil, a pobreza cairia de 20% para 7% da população, o que representaria menos 26 milhões de pessoas vivendo com menos de U$ 2 por dia.
Estatística
Estudo divulgado pelo IPEA, chamado Radar Social, mostra que nosso país possui 53,9 milhões de pobres, ou seja, 31,7% da população tem renda per capta inferior a meio salário mínimo por mês. As estatísticas mostram que a incidência da pobreza no Norte/Nordeste é mais estarrecedora, atingindo 60% dos cidadãos, dos quais 32% sobrevivem abaixo da linha da indigência.
"O que me deixa mais indignado é que a pobreza está estampada nas ruas, já faz parte do cenário brasileiro, passa despercebida. A população se acostumou, não há políticas sociais suficientes e eficientes que atendam a todos os que necessitam. Estudos que comprovam que falta vontade política para reverter o quadro, acabar com o desvio de verbas públicas", disse o petebista.