Muda coordenação da Funasa em Roraima

Luiz Valério
Colaborador do Fontebrasil
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Ramiro Teixeira não é mais o coordenador regional da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) em Roraima. Ainda ontem foi publicada uma portaria pela presidência nacional do órgão federal em Brasília nomeando como novo coordenador Ionilson Sampaio. Teixeira deixou a sede do órgão sem se despedir dos servidores e sem falar com a imprensa.

O atraso no convênio com a Fundação Universidade de Brasília (FUB), a insatisfação dos servidores e a inquietação dos yanomamis com a sua gestão foram fatores determinantes para a mudança na coordenadoria da Funasa. A FUB tem mais de 200 técnicos trabalhando nas áreas indígenas de Roraima. Eles ameaçavam parar as atividades por conta do atraso.

Durante a reunião dos membros do Distrito de Saúde Yanomami, realizada na manhã de ontem no auditório da instituição, Ionilson Sampaio foi apresentado aos servidores como o substituto de Teixeira. Ele chegou anunciando a prorrogação do convênio com a FUB até o mês de junho de 2006 com a destinação de mais R$ 15 milhões de reais para a saúde indígena em Roraima.

A prorrogação do convênio foi publicada no Diário Oficial da União de hoje. Conforme o novo coordenador, ainda hoje ou no máximo na segunda-feira, deverá ser feito o repasse do dinheiro para pagar o salário dos técnicos, que está atrasado em oito dias. As informações acalmaram os ânimos dos índios, que haviam interditado a entrada da Funasa na tarde de ontem.

Ionilson Sampaio disse que os servidores da Funasa "sofreram com quase um ano de gestão desrespeitosa". Afirmou que pretende realizar um "trabalho profissional" na área de saúde indígena. "Meu compromisso será com os povos indígenas de Roraima, seja qual for a etnia e sem ingerência política", discursou, acrescentando que todas as decisões a serem tomadas daqui para a frente serão amplamente discutidas com todos. "Não será tomada nenhuma medida de cima para baixo", frisou.

Anunciada mudança na direção regional do órgão, o ex-coordenador regional Ipojucan Carneiro, disse que a gestão de Teixeira foi "desastrosa". "Ele loteou cargos no órgão", acusou. Ipojucan defendeu a necessidade de se fazer uma auditoria nas contas da gestão do coordenador destituído. "Existem indícios de que houve irregularidades em alguns procedimentos", afirmou, salientando que internamente comenta-se de problemas em licitações em construções em áreas indígenas.

O Fontebrasil tentou conversar com Ramiro Teixeira, mas ele já não se encontrava mais nas dependências do órgão. Havia deixado inclusive o celular funcional. Segundo a chefe-de-gabinete da coordenação, ele só deve retornar para pegar suas coisas pessoais.