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Área Yanomami foi desvirtuada, diz Mestrinho

No governo Collor, quando a reserva foi demarcada em área contínua, contrariando estudos antropológicos, o objetivo foi outro, o de atender a interesses contrários à soberania nacional e ao desenvolvimento econômico das áreas envolvidas na reserva Yanomami.


Brasília - O objetivo antropológico foi o principal fato que marcou o início dos estudos para a demarcação em reserva indígena as terras dos Yanomami, em Roraima, durante o governo Sarney. No entanto, no governo Collor, quando a reserva foi demarcada em área contínua, contrariando estudos antropológicos, o objetivo foi outro, o de atender a interesses contrários à soberania nacional e ao desenvolvimento econômico das áreas envolvidas na reserva Yanomami, "desvirtuando-se a real finalidade" para a criação dessa grande reserva indígena, que abrange os estados do Amazonas e Roraima e a Venezuela.

A informação foi dada hoje (15) pelo senador Gilberto Mestrinho (PMDB-AM), durante a discussão de um projeto de lei do Senado Federal que prevê o desenvolvimento econômico e social dos municípios abrangidos pelo Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, no Amapá, de autoria do senador José Sarney (PMDB-AP).

Mudança

O senador Gilberto Mestrinho aproveitou a discussão do projeto sobre o parque do Tumucumaque para criticar a política de criação de reservas e parques de conservação florestal na Amazônia. Para ele, tais reservas e parques não trazem nenhum benefício para as populações que habitam o entorno deles, "porque, após a sua criação, ficam abandonados, servindo apenas para que se pratique o roubo das espécies inseridas na biodiversidade da floresta amazônica". "Essa política preservacionista só serve para as organizações não-governamentais, que exploram as nossas riquezas naturais, sem que nada seja feito para impedi-las de praticarem esse crime contra o País", afirmou Mestrinho.

Ao ser informado pelo senador José Sarney de que quando exercia a presidência da República deu inicio aos estudos técnico-científicos para a demarcação da área dos Yanomami, e que visavam demarcar em ilhas, para atender a fatores antropológicos que os índios mantinham intactos, o senador Gilberto Mestrinho disse que a criação da reserva Yanomami obedeceu a pressões externas. "Uma antropóloga holandesa, Cláudia Adjudar, mandada para a região pelos interesses externos exatamente no momento em que começavam a aparecer vestígios de grandes jazimentos minerais em Roraima, e era preciso criar um fato novo para impedir que esses minérios pudessem ser explorados pelo Brasil", contou Mestrinho.

Segundo o senador Gilberto Mestrinho, a decisão de criar a área Yanomami em torno de 9,2 milhões de hectares foi tomada pelo governo Collor por imposição da antropóloga holandesa, contrariando todos os estudos antropológicos, que recomendavam que a demarcação fosse em ilhas, para atender aos interesses dos yanomami, indígenas que à época - inicio dos anos 90 - tinham hábitos e costumes diferentes das demais tribos da Amazônia. "Os yanomami eram diferentes, viviam em paz, apesar das brigas internas entre os sub-grupos existentes, mas hoje vivem a mingua, passando fome. Não melhoraram de vida, e estão abandonados à própria sorte, sem qualquer ajuda governamental", acusou Mestrinho.

Fundo

O senador Gilberto Mestrinho recomendou na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado Federal, hoje, a rejeição do projeto de lei de autoria do senador Jonas Pinheiro, que pretendia incluir a área da Amazônia Legal na área de atuação do FNO-Fundo Constitucional de Financiamento do Norte. Para Mestrinho, a abrangência do FNO para outros estados do Centro-Oeste poderia diminuir o poder de investimentos do fundo nos estados da Amazônia Ocidental. "Isso não ajuda em nada o desenvolvimento econômico dos estados mais pobres, quando os recursos do fundo já são muito pouco", sustentou o senador amazonense. O projeto foi rejeitado por unanimidade.

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