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FOGO DE MONTURO PODE VIRAR INCÊNDIO - Márcio Accioly

Existe uma grande expectativa, no seio das classes médias que habitam o centrão de Boa Vista, com relação ao posicionamento a ser adotado nas eleições programadas para o próximo ano.


Existe uma grande expectativa, no seio das classes médias que habitam o centrão de Boa Vista, com relação ao posicionamento a ser adotado nas eleições programadas para o próximo ano. O voto da chamada macuxilândia tem sido muito disperso, em especial no que se refere a candidatos a cargos legislativos. Na adoção de tal comportamento, abrem-se espaços para a ascensão de descomprometidos.

Como se entende haver inadiável necessidade de limpeza no atual cenário político, cresce a responsabilidade dos eleitores, em especial aqueles formadores de opinião, os que possuem maior acesso à informação.

De acordo com dados do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de Roraima, existia um total de 214 mil e 336 eleitores registrados em todo o estado, no ano de 2004. Desse número, 144 mil e 259 se encontravam na Capital (os números sempre se modificam de pleito a pleito). Considerando-se a média histórica aproximada de 20 por cento de votos nulos e brancos, tivemos um aproveitamento em torno de mais de 25 mil votos válidos em Boa Vista.

Tal quantidade seria mais do que suficiente para eleger um deputado federal e três ou quatro parlamentares estaduais, dependendo do quociente da legenda. É em cima desses dados que setores das classes médias vêm se mobilizando, buscando fortalecer candidaturas atinadas com as reivindicações da maioria.

O problema é que esses sufrágios estão divididos entre a primeira e a quinta zonas eleitorais boa-vistenses: são 70 mil, 815 eleitores na primeira zona (área central) e 73 mil, 444 votantes na quinta zona. Esta última compreende eleitores situados na periferia, alcançando moradores da Pintolândia. Ali, tem valido a política do assisstencialismo, ou a compra direta dos votos. Vai ser o caso de a Justiça Eleitoral atuar com maior rigor.

Se houver a mobilização que se anuncia, irradiada a partir da região central em direção à periferia, é possível que se alcance um maior nível de conscientização, mobilizando-se a cidadã e o cidadão em defesa de seus direitos. Nesse caso, a renovação esperada, tanto na Assembléia Legislativa quanto na Câmara Federal poderá surpreender.

Alguns mais radicais propugnam, inclusive, a não votação em qualquer um dos atuais ocupantes de cargos no Legislativo, no resguardo de renovação total e absoluta. Mas vozes contrárias alegam que alguns foram capazes de honrar compromissos, pelo menos parcialmente, merecendo segunda chance. De qualquer forma, o vendaval de denúncias que vem se abatendo sobre Brasília, nos últimos cem dias, dá bem uma idéia do que virá por aí. Todos querem mudar.

FAVAS CONTADAS

Quando o empresário Sebastião Buani mostrou ontem o cheque no valor de 7.500 reais, em nome da secretária particular do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), a argumentação até então utilizada por sua excelência veio abaixo. Ficou comprovada a existência do mensalinho (pagamento de propina) que o proprietário do restaurante da Câmara vinha afimrnado existir. Severino deu com os burros n'água!

Ontem mesmo, enquanto a Polícia Federal procurava a secretária Gabriela Quênia S. S. Martins para confessar o recebimento do cheque, o presidente da Câmara tratava de convencê-la a declarar que na realidade havia acertado um empréstimo de Buani e que Severino Cavalcanti nada tinha a ver com a história.

A secretária já havia mentido, em depoimento prestado à Polícia Federal, quando afirmou não ter recebido nenhum valor do empresário para ser repassado para seu chefe (à época, primeiro-secretário). Mas o pior de tudo foi a expectativa criada pelo próprio presidente da Câmara com relação ao dinheiro. Jurou de pés juntos que não existia nada que comprovasse a corrupção e desafiava: "- Cadê o cheque? Cadê o cheque?"

Depois que este apareceu, nominal à secretária e endossado por um de seus motoristas (que foi ao banco receber), só restou à sua excelência tentar convencer a pobre moça a inventar a história do empréstimo para salvar a pele. Biu é forte candidato ao troféu "Óleo de Peroba".

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