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Severino desmente denúncias e descarta seu afastamento do cargo

Severino Cavalcanti voltou a negar as acusações de receber mensalinho e afirmou que foi falsificada a sua assinatura que consta de documento apresentado pela revista "Veja".


Globo Online

BRASÍLIA - Em entrevista coletiva para se defender das acusações de extorsão para a prorrogação do contrato do restaurante Fiorella com o Congresso Nacional, o presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE), voltou a negar as acusações. Severino afirmou que foi falsificada a sua assinatura que consta de documento apresentado pela revista "Veja", e que comprovaria o suposto esquema.

Severino contou ter contratado o perito pernambucano Adamastor Nunes de Oliveira, membro da Associação Brasileira de Criminalística, que concluiu pela falsidade da assinatura.

- A conclusão foi a seguinte: 'Forçoso é constatar que se trata de um documento montado eletronicamente. Trata-se, assim, de uma falsificação' - disse Severino, relatando o conteúdo do laudo.

O presidente ad Câmara distribuiu à imprensa cópias do laudo do perito e disse estar sendo vítima de preconceito por ser nordestino. Além disso, acusou a "indústria do denuncismo que se instalou no país" e reafirmou que não renunciará ao cargo.

- Resistirei como presidente da Câmara dos Deputados. Não posso me curvar à pressão dos poderosos estejam eles onde estiverem - afirmou, dizendo que tem ao seu lado "um passado cheio de lutas" e sua família.

Durante toda a sua entrevista, Severino desqualificou o empresário Sebastião Buani, proprietário do restaurante Fiorella, que confirmou as denúncias de extorsão na semana passada. Além disso, acusou Buani de ter feito chantagem para a prorrogação do contrato e de envolver seus "humildes" empregados numa mentira.

Empregados de Buani afirmaram ter levado o pagamento do chamado mensalinho ao gabinete de Severino. Mas o deputado diz que estes empregados não souberam identificar os servidores que teriam recebido a propina, o que seria prova da mentira:

- Não identificaram quem teria recebido, em clara dissimulação. Isso é inadimissível, em vista que os empregados iam usualmente ao gabinete, onde entregavam lanche aos empregados. As secretárias do gabinete desmentiram categoricamente as afirmações dos empregados do restaurante.

O novo advogado de Severino, José Eduardo Alckmin, também atacou o empresário, dizendo que a data que consta do documento que comprovaria a prorrogação irregular do contrato é anterior à data em que foi protocolado na Câmara. O documento, disse o advogado, é datado de 4 de abril de 2002. No entanto, a prorrogação formal do contrato no setor burocrático do Congresso foi expedida no dia 9.

- Como um empresário experiente (Sebastião Buani) poderia acreditar na validade de um documento que nem protocolado estava? - questionou.

Severino também colocou em dúvida a autenticidade da cópia do cheque que teria recebido e que será apresentada por Buani na próxima terça-feira.

- Eu não respondo a hipóteses. Tenho certeza absoluta de que não existe esse cheque, a não ser que ele (Buani) seja um artista muito grande e que tenha produzido esse cheque - afirmou, acrescentando que se a cópia fosse verdadeira já teria sido apresentada.

O presidente da Câmara aproveitou para descartar qualquer afastamento do cargo, ainda que temporário, nem mesmo por licença médica.

- Eu (estando) doente já saí do hospital. Não vou agora adoecer de novo para deixar de cumprir com minha obrigação para com a população e com a Câmara dos Deputados - afirmou.

Ele garantiu ainda que irá presidir todas as sessões da Câmara.

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